sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

desafio e o prazer de ensinar em comunidades tradicionais caiçaras


Magro e baixo, com um olhar calmo e fala muito viva. Este é o professor Adriano Leite, um sujeito comum, que poderia ser confundido com qualquer outro educador primário. Isso se não fosse um detalhe: desde muito jovem, ele aceitou o desafio de deixar o conforto de sua casa para dar aulas em escolas isoladas, nas comunidades tradicionais caiçaras de Ilhabela (SP), município do litoral paulista, onde sempre viveu.


É uma rotina que inclui enfrentar horas de barco no mar, viver sem energia elétrica, sem farmácia, sem mercado. A escolha corajosa não foi por acaso: “Assim como meus alunos, eu sou de trás da ilha [como os moradores chamam as praias isoladas do município]. Eu nasci no Saco do Sombrio. Todos me conhecem nas comunidades. “Lá vem o neto de Benedito de Lau, filho de dona Elvira e de seu Joaquim”.

Apesar disso, a maior parte da sua infância foi vivida na área urbanizada do município. Por isso, foi impossível não perguntar: “Qual sua motivação para ir para uma escola tão isolada?”. A resposta veio de pronto: “A limitação que as crianças têm lá”. E continuou: “Na minha cabeça não tinha professor melhor que eu pra ensinar pra eles, porque sou de lá. Eu sei as dificuldades que eles têm. Vivem uma vida humilde, de artesanato, pesca, roça, peixe seco e produção de farinha”.

E são exatamente esses elementos que transformam as aulas de Adriano em algo tão inusitado. “Em tudo na aula eu uso a cultura caiçara. Se eu vou alfabetizar uma sala, eu monto uma história sobre o cerco [técnica de pesca]. A palavras são os nomes dos peixes ou das ervas usadas nas rezas”.

Rotina

O dia a dia de Adriano é diferente dos professores convencionais por uma série de fatores. Para começar, ele mora em uma casa anexa à escola, cedida pela prefeitura. Desde que começou a lecionar nas comunidades isoladas, com 19 anos, ele já passou por diversas. A primeira foi na Vila Caiçara na praia do Bonete. Depois vieram Serraria, Castelhanos, Ilha de Búzios e Praia da Fome. Em todas permaneceu pelo menos três anos, intercalados com períodos na parte urbanizada de Ilhabela.

“Dentro da comunidade o professor tem que ser tudo. Ele é o psicólogo, o padre, o enfermeiro, o médico. Eu passei momentos de muito nervosismo. Não sabia o que fazer, por exemplo, com uma criança que uma cobra coral mordeu. Eu chamava ajuda pelo celular especial que tinha e, enquanto esperava, ia buscar erva, fazia remédio com alho e pinga para ir bloqueando o veneno”.

Encontrar outros docentes só uma vez por mês, em uma reunião organizada pela Secretaria de Educação, que é responsável por buscar, de lancha, Adriano e os outros professores das comunidades. “O maior desafio foi ter que sair da cidade e me isolar. Você fica sem acesso à nada: biblioteca, internet, cursos. Não tem como sair de lá para ir fazer uma pós-graduação e nem para trocar experiência. Tem que querer muito e ter consciência do que vai encontrar lá”.

O número de alunos na escola varia dependendo da comunidade em que Adriano está morando. Todos têm aulas juntos, independente da idade ou da série. “As salas são multisseriadas: tem cinco crianças para alfabetizar, mais cinco no quarto ano, mais três no terceiro. Eu pego um texto só para todo mundo e diferencio as séries nas atividades. Os alunos da quarta buscam os ditongos, os da segunda os plurais e sinônimos”.


Luta

Na maioria das comunidades, porém, a escola só vai até a quarta série do ensino fundamental. “A limitação de estudo atrás da Ilha sempre foi um problema. Os moradores sempre iam até a Secretaria de Educação e eu me metia junto. Na Praia da Fome, por exemplo, nem tinha escola, porque só tinha três crianças. Eu tive que mandar uma carta para o Ministério da Educação e consegui abrir a escola. Toda criança tem esse direito. Todas são seres humanos com sede de conhecimento”.

A luta vem dando resultados. “Me aliei às comunidades e pressionamos a Secretaria de Educação para a escola ter continuidade. Primeiro, conseguimos até o ensino médio no Bonete. Depois em Castelhanos. Já são duas, mas a intenção é levar para todas”.

“Assim como os alunos das comunidades tradicionais, eu também sempre me senti limitado em dar continuidade nos estudos. Sempre tive muita vontade de ir estudar em São Paulo, mas meu pai era pescador, minha mãe era trabalhadora da roça. Como eu ia conseguir ir para uma metrópole e me manter lá? Mas fui atrás e quando abriu a faculdade de Caraguatatuba [SP] foi minha vitória. Eu pensei: agora eu vou”.

E foi mesmo. Conciliando estudo e trabalho, Adriano se formou em Pedagogia e depois em Letras, dando continuidade ao curso de magistério, que ele concluiu aos 18 anos, em Ilhabela. “Tenho vontade de passar essa minha força para o pessoal de trás da Ilha. É lindo trabalhar na roça, fazer artesanato, pescar. Mas se a criança quer mais ela pode conseguir, porque eu, que também sou de trás da Ilha, consegui”.


Mudanças na vida caiçara

A escolha de Adriano de lecionar nas comunidades isoladas tinha dois objetivos centrais: desenvolver os potenciais dos alunos e resgatar a cultura caiçara tradicional.

“O progresso interferiu demais na vida natural dessas famílias. A televisão teve um impacto muito grande, assim como o Parque Estadual [de Ilhabela, instituído em 1977]. De repente eles não podiam mais cortar árvores para fazer canoas, nem plantar mandioca para fazer farinha porque levavam multa. Assim eles foram perdendo a única coisa que eles tinham de valor: sua própria cultura”.

Vendo a impossibilidade dos caiçaras de continuarem reproduzindo seus hábitos, Adriano agiu. “Todo meu trabalho consistia em resgatar a cultura. Eu fazia muita coisa cênica voltada para o tradicional de cada comunidade. Também chamava os mais velhos para aplicar aulas de artesanato. Eles ensinavam a fazer canoinha, tipitis, bonequinhas”.

Para o professor, o trabalho rendeu frutos. “Eu percebia mudanças muito significativas nas crianças. Elas são completamente diferentes dos pais, pois o interesse na cultura é mais forte. Eu sempre me perguntava: alguém vai continuar fazendo tipitis depois que seu Acácio morrer? Agora sei que sim”.

Há cerca de um ano, Adriano saiu da Praia da Fome e foi para a parte urbanizada da Ilha, para dar aulas em uma escola convencional. Por quanto tempo? Isso ele não sabe responder, mas é muito forte a vontade de voltar para as comunidades. “Eu encontro minhas crianças, já adultas, e elas pedem para eu dar aula para os filhos deles. Isso me deixa muito emocionado e me dá vontade de voltar para trás da ilha. É uma coisa muito verdadeira minha porque eu também sou de lá”.

 Fonte: Portal Aprendiz.

 
SINPRO Macaé e Região

Endereço: Rua Marechal Rondon, nº 08.
Bairro Miramar – Macaé
Tel.: (22) 2772-3154
E-mail: sinpromacae@yahoo.com.br

Subsede – Rio das Ostras
Endereço: Alameda Casemiro de Abreu, 292, 3º andar, sala 02
Bairro centro – Rio das Ostras.
Tel: (22) 2764-6772
E-mail: sinpromacae.regiao@gmail.com

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Desenvolvimento do país depende da educação, diz presidenta

da Agência Brasil

A presidenta Dilma Rousseff disse hoje (16) que o desenvolvimento do país depende da educação. No programa semanal Café com a Presidenta, ela destacou a democratização do acesso ao ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e do Programa Universidade para Todos (Prouni). Juntas, as iniciativas contabilizam mais de 300 mil vagas abertas desde o início do ano.

“O desenvolvimento do país depende da educação e por isto esses programas são tão importantes, são tão estratégicos para o jovem, para a sua família e, sobretudo, para o Brasil”, disse. “Nossa intenção é garantir a todos os jovens que queiram frequentar a universidade uma chance, uma oportunidade”, completou.

Dilma lembrou que o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) permite que o estudante financie até 100% da mensalidade, com juros de 3,4% ao ano. O programa prevê ainda que o aluno só comece a pagar o empréstimo um ano e meio após o término da faculdade. O prazo é três vezes mais que a duração do curso.

Além disso, segundo a presidenta, jovens que optarem por cursos de licenciatura, ou de medicina e que forem trabalhar dando aulas em escolas públicas ou atendendo pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em locais em que há carência de médicos, poderão ter o débito do Fies reduzido.

“A educação é a principal ferramenta para a conquista dos sonhos de cada um e também para que o Brasil continue crescendo, distribuindo renda, para que seja um país de oportunidade para todas as pessoas. Nada é mais importante que a educação quando se trata de distribuição de renda e de garantia de futuro”, concluiu Dilma.

 
SINPRO Macaé e Região

Endereço: Rua Marechal Rondon, nº 08.
Bairro Miramar – Macaé
Tel.: (22) 2772-3154
E-mail: sinpromacae@yahoo.com.br

Subsede – Rio das Ostras
Endereço: Alameda Casemiro de Abreu, 292, 3º andar, sala 02
Bairro centro – Rio das Ostras.
Tel: (22) 2764-6772
E-mail: sinpromacae.regiao@gmail.com

                   

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Porta de entrada para a cidadania


Realizado por alunas do curso de Gestão Ambiental da EACH, Projeto Reciclando Ideias utiliza a educação ambiental. para transformar o ensino numa escola pública de Suzano.

O diagnóstico do lixo produzido na escola em apenas um dia – cerca de 80 kg, o que espantou a todos – virou fonte para estudar gráficos e tabelas nas aulas de Matemática. Nas de História, investigar a origem e o destino dos produtos que cercam nosso dia a dia levou à discussão do consumismo e até do abuso da (má) alimentação baseada em fast food e salgadinhos. Nas de Biologia, o enunciado de Lavoisier segundo o qual na natureza nada se cria, nada se perde e tudo se transforma foi aplicado em sessões de customização de roupas e reaproveitamento de embalagens de lanches, garrafas PET e caixas de sapato, que deram origem a porta-trecos e tudo o mais que a imaginação permitisse. Em todas as disciplinas, o entusiasmo de conectar discussões e conceitos dos livros e do quadro-negro à realidade concreta; de colocar a mão na massa; de perceber que não são necessários programas gigantescos ou mirabolantes para proporcionar, na escola pública, o espaço de transformação de que a educação é capaz.

Essa foi a experiência do Projeto Reciclando Ideias, iniciativa de alunas do curso de Gestão Ambiental da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP, em parceria com a ONG Centro de Estudos e Pesquisas em Políticas Sociais e Qualidade de Vida (Cepps). O projeto foi desenvolvido ao longo deste ano na Escola Estadual Sebastião Pereira Vidal, no bairro Vila Urupês, em Suzano, região leste da Grande São Paulo. “A educação ambiental pode ser a porta de entrada para a transformação do processo educativo de maneira geral”, acredita o professor Eduardo de Lima Caldas, do curso de Gestão de Políticas Públicas da EACH e orientador do Reciclando Ideias. O projeto já ganhou um reconhecimento importante: sua coordenadora, Gabriela Graça Ferreira, que se forma em Gestão Ambiental neste final de ano, foi uma das vencedoras do Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais 2011.

A escola foi escolhida porque havia contato de integrantes do projeto com o Cepps, que já realizava atividades ali. Outra razão, de acordo com o professor Caldas, é que a região passa por um conflito não-declarado entre o seu perfil anterior de ocupação – pequenas chácaras e propriedades rurais – e a tendência de verticalização e urbanização dominante na Grande São Paulo. “Queríamos compreender como a escola lidava com esse conflito”, explica.

Gabriela Ferreira, formanda em Gestão Ambiental pela EACH e coorde- nadora do Reciclando Ideias: estudo teórico e resultados práticos

“Medinho” da USP – No início do ano, o professor e as alunas Gabriela e Luana Messena dos Santos se reuniram com a direção e a coordenação da escola para apresentar o projeto. A reciclagem de ideias começou a chamar a atenção desde o começo: no lugar de descarregar um pacote pronto e acabado, a equipe da USP deixou claro que suas propostas não eram definitivas, e que sugestões, mudanças e alterações eram bem-vindas e até estimuladas a partir da experiência dos próprios professores. “Num primeiro momento tínhamos um ‘medinho’, porque era um pessoal da USP, e USP sempre dá esse certo medo”, revela a professora Marta Sanches Dino, coordenadora pedagógica do ensino médio da Sebastião Pereira Vidal. As desconfianças iniciais foram quebradas aos poucos.

O tema gerador das atividades, explica Gabriela Ferreira, era a questão do resíduo sólido – sim, o popular e onipresente lixo. A partir dele, foram discutidos aspectos como o ciclo de vida dos produtos, a possibilidade de reciclagem e a compostagem para os resíduos orgânicos. Enquanto a equipe da Universidade trazia a experiência e a metodologia do Programa USP Recicla, os professores da escola recuperavam a memória de outras iniciativas que já haviam sido criadas e abandonadas no passado. À medida que os encontros ocorriam e as atividades eram desenvolvidas, novas ideias e projetos surgiam.

A exibição e discussão do filme A história das coisas – documentário de 20 minutos sobre nossos padrões de consumo e suas conexões com os problemas ambientais – motivou os professores a encontrar, em cada disciplina, formas de trabalhar o tema com os alunos. Foi de onde surgiram as iniciativas citadas na abertura da reportagem, além de várias outras. Os resultados concretos extrapolaram as salas de aula. Na Física, por exemplo, o enfoque escolhido foi o sério problema do descarte de pilhas e baterias, que todos possuímos em profusão em nossas cada vez mais numerosas traquitanas eletrônicas. Consequências: foi instalado um coletor de pilhas no pátio e a escola fechou uma parceria para que uma empresa de reciclagem de eletrônicos da cidade recolha o material. “Além de estudar, os alunos viram o resultado prático”, diz Gabriela.

Sem sombra – As estudantes da USP trabalhavam com os professores e também passaram de turma em turma do ensino médio convidando os alunos a se engajar no projeto. No primeiro semestre, foi formado um grupo de cerca de 20 estudantes, que participaram mais diretamente das atividades. Eles fizeram, por exemplo, a Oficina do Olhar, em que tiveram os olhos vendados e foram reconhecendo a escola a partir do tato e dos outros sentidos. O diagnóstico do lixo e as oficinas de compostagem e minhocultura também estavam no cronograma.

“Eu gosto mais quando as coisas vão para a prática”, diz Natanny Monteiro, de 15 anos, aluna do segundo ano do ensino médio, que testemunha o maior interesse e aprendizado dela e dos colegas nesse tipo de atividade. O grupo se reunia semanalmente fora do horário das aulas, mas o que era debatido e planejado entre equipe, alunos e professores se estendia a todos os cerca de 300 estudantes do ensino médio. “O legal é que a gente sempre combinava junto o que iríamos fazer. Elas nunca chegavam com uma imposição”, conta Bruno Machado, de 16 anos, também do segundo ano.

Uma das atividades que mais empolgaram os alunos foi a expedição ao entorno da escola. Os estudantes do grupo percorreram as ruas e perceberam vários problemas. “As calçadas são muito precárias, ou estão esburacadas e cheias de lixo e entulho. E também quase não tem árvores”, relata Bruno. No segundo semestre, todas as turmas do ensino médio fizeram as expedições, cada uma levada por um professor. Eles constataram que não havia praças, bancos ou sombra para parar e fazer um lanche.

Da rua para a escola, as fotos tiradas foram comparadas com imagens de satélite do bairro e alimentaram as aulas de Geografia. “Os alunos adoraram, porque puderam usar o Google Maps e viram mais sentido para a geografia”, diz Gabriela.

Outro fruto que as expedições devem gerar é a cobrança das responsabilidades do poder público a partir da constatação da falta de arborização, manutenção e serviços no bairro. A escola planeja chamar um vereador de Suzano para percorrer as mesmas ruas e explicar, afinal, onde estão os investimentos do município. Para o professor Eduardo Caldas, é mais uma demonstração de que a educação ambiental faz o meio de campo entre a gestão de políticas públicas e o sistema educacional. “Ela transforma o sistema educacional e de outro lado gera demandas para políticas públicas não compartimentalizadas, mas integradas, chamando saúde, serviços urbanos, meio ambiente etc.”, afirma.

Seis alunos do grupo também participaram de um seminário na EACH, debatendo a questão dos resíduos com docentes e estudantes da USP. “A intervenção deles foi riquíssima, porque discutiram a partir da realidade que reconheceram na expedição ao entorno da escola”, diz o professor Eduardo Caldas. “Uma coisa legal que eles pontuaram é que acharam que a discussão na USP não foi muito diferente da que eles fizeram na escola”, completa Gabriela.

Pertencimento – O projeto gerou ainda frutos como o aproveitamento de parte da boa área externa da escola para o cultivo de uma horta, com plantas como cebolinha, almeirão, espinafre, alface, boldo e beterraba. “Só cuidavam da horta aos finais de semana, aí começamos a vir toda quarta e sexta e ela foi ficando melhor”, conta o aluno Vinícius Mori, 16 anos. Uma espiral de ervas também foi montada, com itens como hortelã, manjericão e orégano. Os produtos colhidos são utilizados na cozinha da própria escola e já temperaram esfirras e tempurás preparados por professoras em sala de aula e durante mutirões do projeto.

Professora de Ciências e Biologia, Aquilina Gusmão utilizou produtos da horta da escola para explicar a fermentação de bactérias. As esfirras recheadas com ricota e espinafre foram degustadas pelos alunos. Os estudantes também puseram a mão na massa para produzir pães. “Estou com a ideia de convidar as mães para tomar café com o pão feito pelos filhos delas aqui na escola”, diz Aquilina. “É preciso valorizar essa sensação do pertencimento, do ‘fui eu que fiz’. Está faltando muito isso”, acredita a professora, que é também mediadora de conflitos na escola.

De pertencimento, o depoimento da aluna Natanny Monteiro dá uma aula, das tantas com que a Sebastião Pereira Vidal pode abastecer o repertório de quem vê a Universidade como sementeira de transformações reais quando se engaja de fato em questões concretas da sociedade. “O papa-pilhas é um exemplo do que o nosso projeto trouxe para a escola”, diz, e cabe enfatizar que Natanny – que já planeja o vestibular para Medicina no final do ano que vem – fez questão do “nosso”. “A escola cresceu junto com a gente também”, ensina.


Alunos “tranqueirinhas” mudam de comportamento

Formalmente, o Reciclando Ideias na Escola Sebastião Pereira Vidal foi encerrado, porque era um projeto de extensão com bolsas de um ano de duração. Entretanto, o que nasceu com ele não será abandonado. O Cepps continua ligado às atividades, assim como o Programa Escola da Família, ligado à Secretaria da Educação do governo do Estado.

A Escola Estadual Sebastião Pereira Vidal: mudanças no ensino incentivadas pelo projeto concebido pela EACH

Outras duas escolas do bairro serão envolvidas a partir de um novo projeto via Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP. “Vamos aproveitar a riqueza da experiência para ter um ganho de escala e implantar um foco maior em cultura”, diz o professor Eduardo Caldas. Uma das ideias é trabalhar justamente sobre o processo de transição do rural para o urbano, realidade vivida na região e que não é diferente dos dilemas enfrentados pelo personagem Jeca Tatu, de Monteiro Lobato. Por que o Jeca? A Vila Urupês não tem esse nome por acaso: o bairro nasceu em terras que pertenciam à família do escritor.

Na escola onde o projeto se desenvolveu, as coisas não vão parar. A equipe da USP criou vínculos que não serão desfeitos. Além disso, dois alunos da Sebastião Vidal estão agora estagiando no Cepps. Aproveitar melhor o espaço externo do pátio, com projetos de paisagismo, é uma das ideias. “Não tem como parar. Não podemos jogar no lixo as ações iniciadas no Reciclando Ideias. Todas terão continuidade”, garante a coordenadora pedagógica do ensino médio, Marta Sanches Dino. Para a professora, falar de educação ambiental é obrigação da escola, mas é um processo que caminha lentamente. “Eu não achava que teríamos o resultado que tivemos tão rapidamente”, confessa.

Extensão de fato – “A questão do meio ambiente pertence a todas as disciplinas e os professores entenderam isso, procuraram outras fontes e fizeram um grande trabalho transdisciplinar e interdisciplinar. Foi importante para os alunos e para os professores também”, prossegue Marta. O mesmo sentimento é compartilhado pela professora de História, Maria do Socorro. “No início não achei que ia sair muita coisa. Mas brotou a sementinha das ideias a partir do filme, e no final fizemos banners e uma exposição com todo o trabalho dos alunos. Eles se empolgaram e fiquei contente por ter concretizado o que aconteceu. Aprendi muita coisa”, diz.

As mudanças foram percebidas não só na forma de trabalhar os conteúdos pelos professores, mas se refletiram nos alunos. No grupo dos 20 mais próximos da organização, havia três ou quatro “tranqueirinhas”, como define a professora mediadora de conflitos, Aquilina Gusmão. “Houve mudanças em todos os aspectos. Eles melhoraram muito na disciplina, na visão do coletivo, no sentimento de pertencimento. O rendimento deles melhorou e hoje eles prestam mais atenção, fazem as atividades e não têm mais notas ruins”, testemunha Marta Dino. Talentos também foram descobertos: na oficina de customização, uma aluna com deficiência auditiva e de fala mostrou dotes de desenho que os professores não conheciam. A presença de alunos da USP na escola despertou o interesse de estudantes em conhecer melhor a Universidade e em incluir nos seus planos prestar o vestibular da Fuvest.

Para o professor Eduardo de Lima Caldas, da EACH, quando um projeto como esse propõe a discussão do conteúdo programático das disciplinas a partir do cotidiano e do reconhecimento do entorno, surge a percepção de que fazer essas relações não é fácil, porque “o saber foi encaixotado ao longo da vida”. “É legal ver essa riqueza não como resultado de um projeto de pesquisa, mas como resultado de um projeto de extensão que recupera a ideia inicial do que é a extensão, ou seja, a troca de saberes”, considera. “Esse pressuposto realmente acontece, e a Universidade se aproxima da sociedade, que é de onde ela surge e de onde acaba se afastando.” Da escola pública, tão necessitada da atenção dos governos e da sociedade, vem o retorno: “Minha palavra é no sentido de agradecer e parabenizar a equipe do projeto”, diz Marta Dino.

Fonte: Jornal da USP.


SINPRO Macaé e Região
Endereço: Rua Marechal Rondon, nº 08.
Bairro Miramar – Macaé
Tel.: (22) 2772-3154

Subsede – Rio das Ostras
Endereço: Alameda Casemiro de Abreu, 292, 3º andar, sala 02
Bairro centro – Rio das Ostras.
Tel: (22) 2764-6772


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

ProUni vai oferecer 195 mil bolsas de estudo para o primeiro semestre de 2012


da Agência Brasil

O Programa Universidade para Todos (ProUni) vai oferecer mais de 195 mil bolsas de estudo no primeiro semestre de 2012. Serão 98.728 bolsas integrais e 96.302 bolsas parciais, com custeio de 50% da mensalidade. As inscrições poderão ser feitas entre os dias 14 e 19 de janeiro.

Podem concorrer às bolsas do ProUni estudantes que cursaram todo o ensino médio em escola pública ou com bolsa integral em escola particular. Para pleitear uma das bolsas de estudo integrais, o candidato deve ter renda familiar per capita mensal de até 1,5 salário mínimo ((R$ 933, a partir de 1º de janeiro). Para as bolsas parciais, o requisito é ter renda familiar per capita de até três salários mínimos, o equivalente a R$ 1.866 (a partir de janeiro, considerando o novo valor do mínimo).

Para participar do ProUni o estudante também precisa ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011, ter atingido o mínimo de 400 pontos na média das cinco provas e não ter tirado zero na redação.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), professores da rede pública de ensino básico que concorrem a bolsas em cursos de licenciatura, curso normal superior ou de pedagogia não precisam cumprir o critério de renda, desde que estejam em efetivo exercício e integrem o quadro permanente da escola na qual atuam.

Na inscrição, o candidato poderá escolher até duas opções de curso e de instituição, uma a menos que na seleção anterior, para as vagas do segundo semestre de 2011. De acordo com o MEC, a mudança se deve a “acertos normais do sistema”, que passa por mudanças a cada processo seletivo.

A divulgação dos candidatos pré-selecionados em primeira chamada deve ocorrer no dia 22 de janeiro. Os aprovados terão até o dia 1° de fevereiro para comparecer à instituição de ensino para apresentar a documentação que comprove as informações da inscrição e fazer a matrícula. A segunda chamada está prevista para 7 de fevereiro, com prazo para matrícula e comprovação de informações até o dia 15 do mesmo mês.

Desde 2004, o ProUni já concedeu 919 mil bolsas de estudos, segundo o MEC. O cronograma completo e a lista das vagas disponíveis para o próximo semestre podem ser consultados no site do programa.



SINPRO Macaé e Região

Endereço: Rua Marechal Rondon, nº 08.
Bairro Miramar – Macaé
Tel.: (22) 2772-3154
E-mail: sinpromacae@yahoo.com.br

Subsede – Rio das Ostras
Endereço: Alameda Casemiro de Abreu, 292, 3º andar, sala 02
Bairro centro – Rio das Ostras.
Tel: (22) 2764-6772
E-mail: sinpromacae.regiao@gmail.com