Foto: Fernanda Kalena / Porvir
Escola Sesc de Ensino Médio, localizada no Rio de Janeiro, possui alunos de todos os estados brasileiros.
“Costumo dizer que o Rio de Janeiro acolhe a escola do Brasil”, diz
Ines Paz, gerente pedagógica da Escola Sesc de Ensino Médio, localizada
na Barra da Tijuca, na zona oeste carioca. “Aqui podemos ver a
cartografia da educação brasileira”, completa, ao se referir ao fato de a
instituição atender alunos de todos os estados brasileiros.
A escola foi inaugurada em 2008, e desde então recebe a cada ano 165
novos estudantes que são escolhidos através de uma seleção nacional que
envolve provas de português, matemática, conhecimentos gerais e dinâmica
de grupo. Cada estado tem uma cota de participação, que depende da
arrecadação regional para o Sesc. Rio de Janeiro, São Paulo, Minas
Gerais e Rio Grande do Sul são os que têm a maior cota, de dez vagas
cada. Os outros estados contam ao menos com três vagas. Os estudantes só
concorrem com os candidatos do próprio estado, o que garante a
diversidade.
Paz explica que o processo seletivo é conduzido dessa maneira porque a
pluralidade cultural é um pilar importante da instituição. “É um valor
da escola trabalhar com a diversidade. É incrível ter, de fato, todas as
unidades da federação representadas entre os alunos”.
Por isso, em cada quarto dos dormitórios estudantis do colégio sempre
se encontrará alunos de estados diferentes morando juntos. Isso mesmo.
Tanto alunos quanto professores e gestores moram na instituição, que
segue o modelo de escola-residência, comum nos Estados Unidos. Cerca de
500 alunos e 70% dos professores residem no campus, que ocupa um terreno
de mais de 130 mil metros quadrados.
Mas ao mesmo tempo que esse modelo de seleção garante que todos os
estados sejam representados entre os alunos, a heterogeneidade traz um
desafio em relação ao que foi aprendido durante o ensino fundamental e
uma disparidade de níveis em relação aos conteúdos. “O desafio que
enfrentamos com a heterogeneidade da nossa escola é um reflexo nítido
das diferenças na educação brasileira”, analisa a gerente pedagógica. “É
muito comum escolas falarem do nivelamento dos estudantes quando
ingressam no ensino médio. Falar em nivelamento parece que é feito de
cima para baixo. O que fazemos chamamos de alicerçamento, fazemos de
baixo para cima”, conta Paz, que afirma que um dos principais objetivos
do ensino médio é exatamente consolidar o ensino dos anos fundamentais.
Para realizar esse alicerçamento, a escola tem várias estratégias
combinadas. Uma delas é aulas de reforço de matemática e português.
Segundo Paz, as duas linguagens são fundamentais para todas as outras
disciplinas. Primeiro é realizada uma avaliação diagnóstica e um
mapeamento das necessidades de cada aluno em relação às disciplinas.
Depois, grupos de estudo são montados considerando as competências que
cada aluno precisa desenvolver.
Outra abordagem são os trabalhos de mentoria. Alunos do terceiro ano
são incentivados a monitorar alunos dos anos anteriores. “É como uma
experiência de trabalho, e é remunerado”, explica a gerente pedagógica
que diz que o aprendizado entre pares é muito produtivo. Desse modo, a
escola garante que as dificuldades sejam tratadas tanto de forma
imediata e quanto ao longo do ano escolar.
Educador o tempo todo
Na escola-residência o trabalho do professor não acaba quando a aula
termina. Na Escola Sesc não existe o conceito de contraturno ou
extraclasse, todos os momentos do dia são voltados à formação dos
estudantes. “Para ser professor aqui tem que ter uma perspectiva de
educador. De educador o tempo todo. Nosso trabalho é fundamentando na
ideia de uma educação permanente e integral do indivíduo”, explica Paz,
que brinca que a sala de aula deles tem 130 mil metros quadrados.
Mesmo os professores que não moram no campus possuem jornada integral
e Paz os define como “profissionais multifacetados” por terem que
desempenhar diversos papéis além de lecionar. Eles também são tutores,
também saem com os alunos, seja para o cinema, seja, em caso de uma
emergência médica, para o hospital. E os gostos, habilidades e
experiências dos professores também são levados em conta na hora de
definir em quais atividades vão se envolver.
“Cada um tem algo a oferecer. Tem um professor que gosta de tocar
violão e pode ensinar os alunos. Outro gosta de fotografia, outro adora
praia. É um olhar educativo permanente”, diz Paz.
Fonte: O Porvir.
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