Neste editorial, temos constatado que as forças
neoliberais estão impondo um cerco político sobre o governo Dilma. A
ofensiva restauradora de caráter neoliberal se expressa, principalmente,
através do avanço das forças conservadoras no Congresso Nacional, na
instrumentalização do Poder Judiciário – para auxiliar os objetivos da
direita – e pela ofensiva ideológica antipopular e antinacional,
promovida pelo monopólio dos meios de comunicação.
As
movimentações dos inimigos do povo, o imperialismo e as forças
neoliberais, não objetivam somente inviabilizar o governo Dilma.
Objetivam também destruir partidos, sindicatos, movimentos sociais e
entidades de massas que defendem os interesses históricos da classe
trabalhadora.
A agenda desta ofensiva conservadora
busca atender aos interesses do imperialismo e, assim, enfraquecer a
Petrobras e entregar o petróleo da camada do Pré-Sal para as empresas
estrangeiras, particularmente as estadunidenses. Objetiva também atender
aos interesses da burguesia financeira e, dessa forma, garantir mais
espaço para o capital financeiro na economia nacional, propagandeando
para a sociedade o formato neoliberal de ajuste fiscal como a única
forma de criar as bases para a retomada do crescimento econômico. Busca,
ainda, contemplar as posições ideológicas reacionárias da alta classe
média, defendendo o fim do programa Mais Médicos e a redução da
maioridade penal, dentre outras iniciativas.
A
direita se empolgou e resolveu contemplar o capital produtivo e o setor
de serviços apostando na aprovação do PL 4.330, que regulamenta e
possibilita a expansão da terceirização nas relações trabalhistas,
permitindo o avanço da precarização das condições de trabalho e
comprometendo conquistas históricas inscritas na Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT). Trata-se de um mecanismo para aumentar a taxa de
lucros dos capitalistas a partir da superexploração da força de trabalho
e do rebaixamento do nível de renda dos trabalhadores.
Entretanto,
a iniciativa da direita em pautar o PL 4.330 foi um tiro no pé. Uma
movimentação política ousada e, ao mesmo tempo, o primeiro grande
equívoco tático das forças neoliberais desde a reeleição da presidenta
Dilma.
O PL 4.330 impacta amplos setores da
sociedade. Favorece, inclusive, uma aliança entre os trabalhadores e os
setores médios da sociedade, que a direita tenta arrastar para seu
projeto de restauração neoliberal.
O êxito das
paralisações e manifestações de rua ocorridos no dia 15 de abril contra o
PL da terceirização comprova o potencial desta promissora aliança,
tanto no aspecto organizativo quanto programático em torno da ampla
frente democrática e popular.
Caso a direita insista
com o PL 4.330, os trabalhadores, gradativamente, tendem a perceber o
retrocesso que significaria sua aplicação. Mas não somente isto. A
classe trabalhadora e os setores médios da sociedade não tardarão em
identificar os patrocinadores desse retrocesso. Não por acaso, o
presidente do Senado, Renan Calheiros, fez objeções e críticas ao PL
4.330. E o PSDB ensaia a possibilidade de negociar e recuar em alguns
pontos.
As forças populares têm a possibilidade não
somente de se recompor e animar sua base social na luta contra o PL
4.330, mas de ampliar seu raio de influencia para outros setores da
sociedade. Aliás, uma posição oficial do governo da presidenta Dilma
contrária ao PL 4.330 contribuiria para retomar o programa original com o
qual foi eleita. Um programa direcionado para o setor produtivo e para o
aprofundamento das conquistas populares.
Seria o
primeiro passo para romper o cerco político através de uma ofensiva
fundada numa nova maioria política construída nas mobilizações de massas
e tendo como ponto de partida a convocação de uma Constituinte para
reformar o sistema político.
Que o 1o de Maio seja construído nessa perspectiva de alteração da correlação de forças!
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