Festejos juninos fazem parte da tradição e do calendário letivo. É possível aproveitar o evento para aproximar famílias, professores e funcionários
A história sempre se repete: no mês de junho, a escola entra em polvorosa com a preparação das festas de São João, Santo Antônio e São Pedro. No ano passado, porém, as professoras Quiçaba Maria de Brito Piccin e Elinete dos Santos Lima, do Centro Municipal de Educação Infantil Orestes Borges Guimarães, em Itumbiara, a 211 quilômetros de Goiânia, resolveram fazer dos festejos um grande momento de integração. "Queríamos trazer a comunidade para a escola", diz Quiçaba. "Acreditávamos que essa socialização poderia ajudar no desenvolvimento dos alunos."
O primeiro passo das colegas foi marcar uma reunião com os pais. Nesse encontro elas contaram o que tinham em mente e pediram opiniões. Choveram sugestões. Uma delas veio de uma avó que se prontificou a dar uma aula sobre o batizado na fogueira. Ela explicou às crianças como é feita a cerimônia, sua origem, seu significado, esclareceu sobre os santos e suas orações, enfim, compartilhou todo o seu conhecimento. Para Gildo Scalco, professor de Didática na Educação Infantil da Universidade Federal de Minas Gerais, consultar e envolver a família é sempre produtivo. Ele alerta, porém, para que não se faça isso apenas como forma de conseguir ajuda braçal. "Envolvimento é muito mais que distribuir tarefas", diz.
Síntese do trabalho
Tema: Preservação do folclore nacional
Objetivo: Socializar os alunos; promover a integração da família com a escola; conhecer a história das festas juninas e os elementos que a compõem; desenvolver o interesse e o gosto pela tradição
Como chegar lá: Marque uma reunião com o pais para falar sobre a festa junina. Exponha a idéia e peça a colaboração dos famíliares. Estimule-os a opinar sobre o projeto e aceite as sugestões. Isso valoriza a participação deles. Leve livros e outros materiais sobre o assunto para a sala de aula como forma de apresentar costumes e tradições às crianças. Distribua tarefas para pais e filhos, inclusive no dia da festa.
Dica: Quanto mais acessível for a festa, maior a integração. Arrecade doações e busque o apoio de empresas para que, se necessário, os preços das comidas e brincadeiras sejam baixos.
Arraial para todos
Propostas discutidas, Quiçaba e Elinete começaram o trabalho. Conversaram com os alunos para sondar o que eles sabiam sobre o assunto. A maioria fez relação à vida caipira e começou a mencionar tudo o que lembrava o campo. O fogão a lenha foi o mais citado. "Infelizmente não tive como levar um para a classe", lamenta Quiçaba. Mas isso não foi problema. A garotada fez uma pesquisa em casa sobre o que suas famílias possuíam. Surgiram panelas de ferro, lampião, ferro a brasa, candeia etc.
Ainda assim, as professoras perceberam que os pequenos sabiam muito pouco. Como não tinham biblioteca, deram um jeito de pô-los em contato com livros sobre cultura popular. Nessa fase é essencial que o estudante pesquise e, para isso, ele precisa de materiais. Scalco sugere, na falta de recursos para pesquisa, troca de correspondências com outras escolas. "Além de manter relações, essa atitude fortalece a comunicação e diversifica a cultura."
Já era hora de começar os preparativos. E as crianças queriam participar de todas as atividades, inclusive do preparo das comidas. Elinete e Quiçaba organizaram uma visita à cozinha. Com redinhas no cabelo e avental, a garotada fez um bolo de fubá. Seguiram a receita ao pé da letra e dos números. "Além da culinária, foi possível trabalhar medidas matemáticas", explica Elinete.
Na semana que antecedeu o evento, a família foi ajudar nos preparativos. Enquanto os alunos ensaiavam a apresentação da quadrilha, as mães confeccionaram cartazes com receitas das iguarias e os pais montavam as barracas de brincadeiras e de comidas, que, aliás, eram gratuitas. Essa passagem merece destaque, pois a escola conseguiu muitas doações e isso, em uma comunidade carente, garante a presença de todos.
Finalmente chegou o grande dia. Cinco charretes trouxeram os caipirinhas devidamente caracterizados e festejando muito. E não demorou para que a dança começasse. Quiçaba comandou a quadrilha, enquanto Elinete, vestida de homem e acompanhada de uma recreadora, puxava a coreografia. E balancê! Os pais também tiveram sua quadrilha, com direito a casamento caipira.
Além de aproximar a família, a idéia trouxe mais alunos no ano seguinte. "Tínhamos 69 matrículas e hoje temos mais de 130", avalia Eliane Silva Martins, coordenadora pedagógica. Para Scalco, o trabalho das professoras tem o mérito de envolver a família. "Hoje a grande preocupação da Educação Infantil é integrar a comunidade e seu conhecimento", defende. "Acolher a cultura de grupo implica em uma transformação da escola."
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