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sexta-feira, 24 de junho de 2016

Lança Nota sobre a Financeirização e a Mercantilização no Ensino Superior



Professor Cesar Gomes , presidente do Sinpro Macaé e Região 


A partir da década de 90 a consolidação do neoliberalismo no Brasil levou ao esvaziamento  o papel do Estado em diversas áreas, entre elas a educação de nível superior. O Governo Fernando Henrique Cardoso incentivou o processo de financeirização das  Instituições de Ensino Superior (IES) e redirecionou as políticas públicas referentes ao setor para atender a “lógica do mercado”, o que foi aprofundado durante os governos Lula.

Esse redirecionamento também buscou atender à crescente demanda pelo acesso à universidade, na medida em que apenas 13,7% dos jovens entre 18 e 24 anos estão matriculados na educação superior; concomitante com o aumento do número de matrículas no ensino fundamental, que alcança 97,6% das pessoas de sete a 14 anos de idade, o que demonstra uma crescente demanda.

Quando se analisa o contexto da educação nacional, o quadro se revela mais grave e preocupante, não apenas quanto às questões trabalhistas, mas também com relação à própria estrutura educacional como um todo. 
 
Para o professor  Cesar Gomes , presidente do Sinpro Macaé e Região, “o atendimento a lógica da financeirização traz imensos prejuízos para a qualidade do ensino, já que as universidades passam a se submeter à busca do lucro e, portanto, da mercantilização de sua atuação, em detrimento do seu papel principal que é o da Educação. Há um deslocamento da esfera de decisões da área acadêmica para a área mercantil, com claros prejuízos no processo pedagógico”.

A preocupação com a qualidade do ensino, pesquisa e a extensão que são três atividades fundamentais a que os professores do ensino superior estão ou deveriam estar submetidos e que constituem o trabalho docente,  principalmente na instituições públicas de ensino superior.

Consideramos como fundamental, tanto para o desenvolvimento do estudante, quanto para efetiva garantia do direito à educação nesta etapa de ensino, os professores da iniciativa privada reivindicam que, além do ensino, seja estabelecida com a devida fiscalização a obrigatoriedade de trabalho de extensão e pesquisa para desenvolver para à sociedade os benefícios que o governo concede às IES privadas. 

Esse tripé é fundamental na construção de um conhecimento de qualidade e com eficiência na educação da universidade, não apenas uma aprender na repetição e transferência de conhecimento sem uma reflexão crítica do conhecimento e da sociedade. Uma vez que, segundo Paulo Freire , ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.

O princípio da indissociabilidade entre o ensino, pesquisa e extensão reflete um conceito de qualidade do trabalho acadêmico que favorece a aproximação entre universidade e sociedade, a auto-reflexão crítica, a emancipação teórica e prática dos estudantes e o significado social do trabalho acadêmico. A concretização desse princípio supõe a realização de projetos coletivos de trabalho que se referenciam na avaliação institucional.

“Para essas empresas o debate sobre o ensino, extensão e pesquisa não são prioridades. Investir na qualificação profissional,  na valorização do professor e  na qualidade do ensino foge das metas que é o lucro,   procuram diminuir todas as possibilidades de investimento no salário do docente e nas condições de trabalho e saúde ”, diz Cesar Gomes.




Assim como em outras áreas da economia as IES sofreram durante esse período um processo de privatização e, por consequência, de desnacionalização. A privatização acentuou-se ao ponto de hoje 90% das escolas pertencerem à iniciativa privada, com 75% das 5 milhões de matrículas existentes e faturamento da ordem de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Segundo o Jornal Valor Econômico, os lucros obtidos pelas  IES chegaram a ser comparados com os de empresas de grande porte  como a Vale do Rio Doce, a Gerdau e a Petrobras. 

Outro dado pertinente é em relação ao ranking setorial de transições. Este  levantamento, realizado pela  KPMG no ano de 2014, mostra a educação ocupando a 5ª colocação no  ranking  de transições, o que de fato  é preocupante, pois reafirma o papel mercadológico  e lucrativo que esta vem apresentando. No total de 11 transições efetuadas, seis delas foram feitas por empresas de capital marjoritariamente estrangeiro adquirindo empresas estabelecidas no Brasil e cinco dessas  transições foram feitas por empresas brasileiras adquirindo outras empresas brasileiras. Ambas movimentações fortalecem a ação dos oligopólios.

O que se  visualiza é a educação brasileira ocupando cada vez mais  lugar de destaque no mundo dos negócios e, como não podia ser diferente, atendendo às exigências dos organismos  multilaterais.

EDUCAÇÃO NÃO PODE SER TRATADA COMO MERCADORIA.



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