Se considerarmos nossos tempos de escola, com certeza alguns de nós vão se enquadrar no perfil de criança tímida ou lembrar de colegas que falavam pouco e se esquivavam de se expor para a sala. Timidez não é defeito. Existem diferentes ritmos, estilos de aprendizagem e pessoas. Por isso, vale a pena prestar atenção nas singularidades dos alunos para não rotulá-los com base em visões estereotipadas de comportamentos ideais.
Precisamos, sim, incentivar que eles participem e compartilhem suas inquietações, mas não podemos querer transformá-los em algo que não são. Quem não conhece adultos tímidos na vida social, mas que profissionalmente são bem-sucedidos? Se nos colocarmos a pensar, seja no nosso círculo de conhecidos ou a partir de biografias de personalidades, lembraremos de diversos casos.
Para incluir essas crianças com a delicadeza e pertinência necessárias é preciso reconhecer suas peculiaridades e ajudá-las a conhecer a si mesmas, a ganhar autoconfiança e encontrar a própria forma de se relacionar com os outros. Nesse caso, é fundamental ouvir a família para saber sobre os comportamentos e atitudes da criança em outros ambientes sociais.
Uma dica valiosa é observar se o estudante com esse perfil está confortável no grupo para realizar atividades colaborativas ou se fica constrangido nessas interações. Atente-se também às situações e às condições nas quais ele se sente mais à vontade para interagir (como, por exemplo, em pequenos grupos ou com um par preferido).
O professor deve passar confiança e pode conversar, individualmente, com a criança para saber como ela se sente. Conhecer as percepções dos alunos sobre si e sobre o grupo, o que gosta nesse ambiente e o que gostaria de ajustar na relação consigo e com os outros torna mais fácil identificar oportunidades para integrá-los e incentivá-los a participar quando o assunto for significativo para eles, sempre sem pressioná-los. Para tanto, valorize todas as contribuições desses alunos de modo natural e afetivo, mas sem exageros.
Experimente fazer acordos prévios. Se ele, por exemplo, realizar um bom trabalho ou pesquisa, incentive-o a compartilhar os achados com a turma na aula seguinte. Em intervenções coletivas, evite colocá-los em evidência sem aviso, quando isso puder constrangê-los. Mas vale dirigir perguntas a essa criança sobre conteúdos que ela dá conta e solicitar ajuda em demandas em que demonstraram conhecimento.
Na hora de formar grupos, considere não apenas o objetivo da atividade, mas também os laços afetivos. Assim, elas têm mais chances de se sentir acolhidas e desafiadas. Individualmente, escute as percepções da criança sobre o próprio percurso e dê devolutivas a ela pontuando crescimentos.
Nesse processo de inclusão desses nossos alunos, o desafio para a escola é construir uma comunidade que respeite as diferenças. A questão é ajudar cada criança, tímida ou extrovertida, a entrar em contato consigo mesma e se aventurar com mais autoconfiança nos processos de socialização. No mais, que exista lugar no mundo para os tímidos!
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