Para a pesquisadora Maria Clara Di Pierro, as políticas para a educação de adultos sempre tiveram um papel coadjuvante no País
Dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) revelaram que a alfabetização de jovens e adultos ainda permanece um entrave: o maior índice de analfabetos no Brasil concentra-se justamente na população com 40 anos ou mais. Pesquisadora com atuação na área de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e professora da Faculdade de Educação da USP, Maria Clara Di Pierro conversou com Carta Educação sobre o assunto.
Carta Educação: O maior índice de analfabetos é o grupo de pessoas com 40 anos ou mais, 37,6%. Como a senhora analisa esse quadro?
Maria Clara Di Pierro: A queda do analfabetismo ao longo da história do Brasil republicano corresponde à expansão do sistema educacional e da alfabetização e elevação da escolaridade da população na infância e na juventude.
As políticas para a educação de adultos sempre tiveram um papel coadjuvante. Os dados apenas refletem que, aos poucos, as novas gerações mais escolarizadas vão tomando o lugar das velhas, por isso o analfabetismo cai. Então, trata-se de uma combinação de fenômenos demográficos e educativos.
CE: O que impede o Brasil avançar nessa faixa etária?
Maria Clara Di Pierro: Motivar o adulto a participar de programas formativos demanda esforço e vontade da política pública, além de uma enorme flexibilização nas formas de oferta. Como o analfabetismo e a baixa escolaridade estão associados a outros processos de exclusão social, essa política educacional é altamente dependente de políticas intersetoriais. O problema é que as políticas de EJA pecam pelos três lados.
Os governos não fazem uma ação convocatória e não se trabalha a questão cultural de quebrar os preconceitos, de incentivar as pessoas a participar e difundir a ideia de que qualquer tempo é tempo de aprender. As políticas também continuam com um modelo escolar concebido para o contexto da criança e do adolescente, que está se mostrando falido.
E as políticas de alfabetização de jovens e adultos têm uma baixíssima articulação com políticas sociais e econômicas, que poderiam engajar o sujeito em processos de mudança que gerassem a motivação.
CE: Como estão hoje os investimentos em EJA?
MP: O fator de ponderação atribuído à EJA no Fundeb é menor do que aquele realizado nas outras etapas e modalidades da Educação Básica, e os programas de alfabetização de adultos também realizam um investimento ínfimo por aluno. O investimento pedagógico é reduzido e de baixa qualidade, não há formação específica de professores e pouca oferta de material didático e de leitura.
Estamos apegados a um modelo de suplência, que é a tentativa de reproduzir a escola da criança para o adulto, um equívoco pedagógico. Temos uma escola para adultos para metrada pela Educação Infantil e que dá uma resposta curricular e administrativa equivocada para os que se motivam.
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