No mesmo 13 de dezembro em que o Senado aprovou a
retirada de recursos da educação, por meio da votação da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 55, a Câmara dos Deputados concluiu a
votação da Medida Provisória 746, que impõe a reforma do ensino médio.
Os deputados aprovaram, como destaque, que a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) inclua estudos e práticas sobre artes, educação
física, sociologia e filosofia, matérias que haviam tido sua
obrigatoriedade eliminada. Pela emenda, contudo, a BNCC não
necessariamente fixará a oferta dessas disciplinas nos três anos do
ensino médio. Além disso, o adendo está longe de sanar os problemas de
uma reforma excludente e privatista como a que está sendo imposta pelo
governo ilegítimo de Michel Temer e que segue agora para o Senado.
A Contee reitera seu posicionamento contrário à MP, destacado tanto
na semana passada, quando a Câmara provou o texto-base da MP, quanto no documento que embasou a mobilização da categoria no dia 11 de novembro.
Reformas na educação são complexas e exigem muito debate e construção,
sendo, portanto, inadmissível que se faça uma reforma educacional via
medida provisória, um instrumento que tem como marca a pressa, o
imediatismo e a falta de abertura ao diálogo.
É justamente seu fechamento à conversa com a sociedade que o governo
Temer demonstra ao impor essa medida. Entre as várias propostas
absurdas, a MP 746, ao incentivar o fechamento do ensino médio noturno e
instituir o ensino integral sem oferecer aos estudantes condições
financeiras de permanência na escola, retira de quem mais precisa o
direito de estudar.
A medida provisória ainda ataca diretamente o magistério. Ao
autorizar que qualquer pessoa com “notório saber” possa lecionar,
independentemente de sua formação, a proposta prejudica a qualidade do
ensino, acaba com as licenciaturas e enfraquece a própria profissão de
professor. Essa precarização interessa diretamente ao setor privado,
nosso patrão, que poderá elevar suas mensalidades sem que para isso
tenha efetivamente de assegurar que os trabalhadores tenham todos os
seus direitos assistidos.
Trata-se, portanto, de uma reforma que acentua a exclusão, rebaixa a
formação e ainda facilita a privatização da escola pública, contra a
qual lutamos diariamente. Uma reforma que deturpa a Lei de Diretrizes e
Bases (LDB), que não dialoga com a atual discussão sobre a Base Nacional
Comum Curricular e que vai na contramão do Plano Nacional de Educação
(PNE).
Da redação : site Contee
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