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terça-feira, 16 de maio de 2017

Sinpro Macaé e Região promove “Projeto Roda de Conversas”: 13 de maio – Dia Nacional de Luta contra o Racismo:




 13 de maio – Dia Nacional de Luta contra o Racismo:
129 Anos da Abolição um dia de reflexão para os afro-brasileiros

O preconceito nasce da ignorância e é fruto da falta informação a respeito da questão abordada. Todos os dias mais de 100 milhões de brasileiros, se levantam e cumprem sua árdua jornada de trabalho sem se dar conta da verdadeira história de seu país e de seus antepassados.

Os afro-brasileiros somam mais da metade da população do país, mas suas origens se escondem sob o manto da escravidão que lhes tirou a identidade e reduziram sua cultura, linguagem e filosofia ao estereótipo religioso.

Para resgatar a memória das lutas e dos movimentos de resistência, o  Sinpro Macaé e Região desenvolve o “Projeto Roda de Conversas”. São conversas temáticas norteadas por alguns convidados e que levam a reflexões e à participação dos presentes.

A primeira Roda de Conversa trabalhou sobre 13 de maio, hoje tido como o  “Dia Nacional da Denúncia Contra o Racismo” e o Sinpro Macaé e Região convidou os professores Fábio Silva da  Rocha e a professora Cátia Ferreira Fernandes para abortarem o tema:  “129 Anos da abolição, um dia de reflexão para os afro-brasileiros”.

A ressignificação do dia 13 de maio -oficialmente celebrado por ser a data que foi assinada a Lei Áurea, em 1888, e que extinguiu o regime de escravização do negro no Brasil – é uma proposta do Movimento Negro brasileiro e que vem ganhando terreno ao longo dos últimos anos. Assim, reconhecendo esses esforços, a diretoria do Sinpro Macaé e Região entende e adota essa data como o “Dia Nacional da Denúncia Contra o Racismo”.



A conversa foi fomentada para provocar o debate em meio a atividade cultural desenvolvida na programação. O professor Fábio Rocha (professor de História das redes Estadual RJ, municipal de Macaé e da rede particular) abordou o significado de o Brasil ser o último país nas Américas a extinguir oficialmente a escravização do negro.

Para Fábio Rocha, os milhões de descendentes de africanos escravizados assim permanecerão enquanto não tomarem as rédeas de sua própria narrativa histórica. Aos afrodescendentes foi negado o papel de personagem histórico e os negros são tratados como predicados, tutelados pelos interesses de uma elite que em um dado momento tomou consciência e bondosamente os libertou.
“Não é bem assim, -assegura o professor- nenhuma transformação e revolução na sociedade aconteceu sem luta.”

“Quando a princesa Isabel assinou a Lei Áurea, a escravidão já se tornava inviável no país e as revoltas já se somavam por todo território. No plano internacional, a escravidão também já era inaceitável. Libertar os escravos foi apenas a formalização para um novo momento histórico para os afrodescendentes que foram postos à margem da sociedade. O jogo prosseguiu com a tentativa de embranquecimento do país através da abertura da imigração de europeus e as perseguições e ao tolhimento de direitos até os anos de 1940.”
“A situação só começou a mudar a partir de meados dos anos 50, quando os afrodescendentes de destaque assumiram sua condição na sociedade e o racismo deixou de ser velado. No entanto, surgiu em seu lugar o mito da democracia racial e a marginalização da cultura ancestral.”

Aculturação

A marginalização da cultura e da história africana e dos afro-brasileiros se tornou lugar-comum no país. O negro liberto foi abandonado e suas linguagens, forma de se portar e vestir, culinária e saberes foram tratados como formas primitivas ou frutos de uma religião que era motivo de cadeia nos anos anteriores a 1950, conforme retratava Jorge Amado.

Essa aculturação e alienação dos afrodescendentes foi abordada pela professora Cátia       Fernandes .  Cátia que hoje é professora de literatura aposentada pela rede pública estadual conta da dificuldade de aceitação e afirmação desse povo. A professora, de tez branca, conta como ela própria sofria preconceito quando decidiu aprender Ioruba, frequentar o candomblé e a usar trajes característicos da cultura africana.

“O negro, seu tipo físico, seu cabelo pixaim, suas ancas avantajadas, sua religiosidade, sua comida tudo isso foi desmerecido. Minhas alunas se envergonhavam dos cabelos, do porte físico… elas se envergonhavam de não corresponder ao padrão estabelecido de um país que se queria branco. Me recriei no candomblé para descobrir e resgatar essa cultura. Enfrentei preconceitos e lutei contra eles para resgatar a auto-estima que meus alunos já não conseguiam resgatar.”

“Nas escolas, mesmo depois de se criar a obrigatoriedade de se incluir a cultura e história africana na base curricular há uma enorme resistência. Quando se fala da cultura africana, qualquer que seja o tema abordado remete ao imaginário religioso e as religiões africanas foram proibidas e perseguidas por mais de meio século com os negros libertos.”

“Esse preconceito é fruto ou causa da desinformação. O iorubá não é a língua do candomblé, ele é a língua dos povos que tinham o candomblé como matriz religiosa. O vatapá, acarajé, o xinxin não são comidas de santo, assim como os turbantes não são um traje de fé, fazem parte da tradição e da cultura dos povos africanos. Mas no imaginário popular, no imaginário das pessoas criadas à luz da religiões oficializadas e da cultura de massas padronizadas tudo que é africano deve ser relegado, primeiro para remeter à religiosidade e dessa para o comportamento primitivo. O negro escravizado não juntou restos de porcos e feijão-preto para criar a feijoada, isso é uma lenda que se apropria de uma comida portuguesa e a relega aos negros para forjar uma história que não lhes pertence.”

Bate-papo

A roda de conversa esquentou com os presentes declarando suas percepções do racismo. Desde a criança que chora pelo cabelo pixaim, até os livros e debates universitários que se recusam a ver a colonização das Américas com o extermínio dos povos nativos e a escravização dos africanos como o maior holocausto da história. Na universidade, parece que se acredita que os milhões de mortos ao longo de quatro séculos fazem parte do processo civilizatório. Como se civilização fosse oprimir, matar e aculturar.
 


Ao fim, a direção convidou  a todos e todas para a formação do COLETIVO DE RESPEITO ÀS ETNIAS E COMBATE AO RACISMO  para a manutenção do fórum de debate e a organização do seminário de formação.



Diretoria do Sinpro Macaé e Região


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