Diversas questões sociais foram levantadas durante a toda de conversa “Mulheres Negras Contam a sua História, que aconteceu no último final de semana, em Rio das Ostras. Esta é a terceira roda de conversa promovida pelo Sindicato. A ação foi promovida pelo Sindicato dos Professores da Rede Particular de Ensino – Sinpro Macaé e Região e proporcionou uma reflexão sobre as políticas públicas que ainda precisam adotadas para superar as desigualdades sociais impostas. Após o debate houve ainda uma apresentação musical, feijoada e sorteio de brinde.
A diretora geral do Sinpro, Guilhermina Rocha, defendeu que estes encontros é uma das maneiras de mudar a realidade vivida na atualidade, que coloca a mulher numa posição inferior, o que piora no caso da mulher negra. “É por meio da educação dentro das escolas que conseguimos conquistar a superação desta situação da mulher negra e de outras desigualdades pelas quais passamos como a desigualdade, machismo, racismo e preconceito. Precisamos mudar números tão vergonhosos para a nossa sociedade democrática, principalmente, os de violência contra a mulher e os do mercado de trabalho”, disse ao lembrar que é preciso que sejam efetivadas as leis 10.639 e 11.645, que já deveriam ter sido implementadas no currículo educacional. Guilhermina lembra que o Sindicato investe neste tipo de formação para ampliar o conhecimento dos professores por meio destas ações.
Presente na roda, a militante do movimento negro, Emily Isabel, de apenas 19 anos, é umas das fundadoras do Coletivo "Só Podia Ser Preto", de Macaé. Ela trouxe a experiência do coletivo que se utiliza da área cultural para buscar a representatividade dos jovens negros. “O trabalho desenvolvido nas periferias traz de volta a nossa representatividade, seja com as batalhas de passinhos, atendimentos sociais, entre outros. Quando começamos diziam para nós que cultura não era política. Questionamos. A cultura é sim uma forma de resistência política dentro da sociedade racista em que vivemos”.
Emily relata que na atualidade é difícil não discutir sobre a questão racial, pois a abordagem está em vários ambientes. “O que precisamos entender é que a periferia não precisa descer para o asfalto. É o asfalto precisa entender que estamos lá em cima. Nós construímos a favela e dela fizemos uma forma de resistência. Eles não nos deram acesso, mas trouxemos o acesso de uma forma que é nossa”.
EXPERIÊNCIAS - A diretora do CIEP 257, em Nova Cidade, professora Marcela Vasques, trouxe para a roda a sua experiência na área educacional. “A chapa eleita lá na escola é composta só por negros: duas mulheres e um homem. Já sofremos com a questão do racismo e do preconceito. Parece que está longe, mas está bem próximo. Às vezes, a pessoa faz um discurso de ser contra o racismo, mas faz ao contrário na prática. Somente quando praticamos aquilo que teorizamos é que percebemos quem somos. Se nós propusemos a discutir esta questão aqui nesta manhã, é porque saímos da teoria e viemos para prática”.
Já a representante do Galpão da Cultura Negra (Galcune Rio das Ostras), Professora Sandra Leonor, desenvolve um trabalho dentro do espaço do grupo e também em praças da cidade. Desta ação ela trouxe o seu depoimento. Para ela, os encontros nas rodas de conversas renovam as ideias e traçam soluções para as desigualdades sociais enfrentadas pela mulher negra. “O negro adulto tem a tendência de perder a esperança nas conquistas por meio das lutas e militância. Por isso, temos desenvolvido um trabalho com os jovens, dando a oportunidade de trazer a cultura deles para estes espaços. Aliás, temos que buscar estes espaços, caso contrário, ficaremos no ostracismo. É preciso publicizar para fazer com que o movimento ganhe notoriedade”, finalizou.
Após o encontro, foi realizado o show com Thai Hércules e Diogo Spadaro, uma feijoada e o sorteio pela AfricanBrads.
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