Um dos principais problemas da educação brasileira, hoje, é a
gigantesca defasagem entre a idade dos alunos e o nível que estão
cursando. Dados do Ministério da Educação – MEC compilados pelo
movimento Todos Pela Educação no Anuário Brasileiro da Educação básica
2012 indicam que 34,5% dos estudantes do ensino médio são mais velhos do
que deveriam em relação à série em que se encontram.
De acordo
com um estudo da Organização para o Desenvolvimento e Cooperação
Econômica – OCDE, há um desperdício de até R$ 14 bilhões por ano com
alta taxa de repetência. O número corresponde a cerca de 13% da verba
disponível para a educação básica.
Um dos motivos para esse alto
índice de defasagem começa já na pré-escola. Com a mudança do currículo,
a falta da pré-escola dificulta a aprendizagem nos anos seguintes,
principalmente no caso de crianças sem acesso a materiais de apoio como
livros. “A escola tem uma cultura própria que começa a ser aprendida na
pré-escola, como copiar do quadro, ficar mais tempo sentado, fazer
exercícios.
Também envolve manejar livros, relacionar a letra com o som.
Muitas crianças que não passam pela educação infantil têm dificuldade
em fazer essa adaptação, o que atrapalha a aprendizagem nos primeiros
anos do Fundamental”, afirmou a professora da Faculdade de Educação da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e especialista em
educação infantil, Maria Carmen Silveira Barbosa.
O caminho até
chegar no ensino médio também passa por outra dificuldade. No 6º ano,
quando o aluno deixa de ter apenas uma professora para ter diversas
disciplinas com educadores diferentes, há um alto índice de abandono.
“Até o 5º ano, quando tem uma professora como referência, o currículo
trabalha o lúdico, a criança gosta de ir para a escola. Depois disso,
começa a confusão, vários professores com estilos diferentes, que não
conversam entre si. Muitos alunos não conseguem acompanhar”, disse a
professora da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul – PUCRS, Helena Sporleder Côrtes.
A falta de
interesse dos jovens no currículo atual do ensino médio é considerado
um dos mais novos desafios para a educação brasileira. A crítica mais
comum ao atual formato desse ciclo é o excessivo número de disciplinas,
que, em algumas escolas, pode chegar a 16. “O ensino médio acaba sendo
desmotivante para um aluno que precisa muitas vezes trabalhar para
aumentar sua renda e não vê utilidade nas matérias científicas e
preparatórias para o exame vestibular”, disse o sociólogo Bruno Morche,
pesquisador da UFRGS.
Para diminuir a defasagem no ensino médio,
países com bons índices de aprovação costumam monitorar o desempenho dos
estudantes e intervir ao primeiro sinal de problema por meio do reforço
pedagógico. No Brasil, ações semelhantes costumam depender de
iniciativas particulares e esporádicas de escolas. “Não temos condições
de infraestrutura ou de recursos humanos para prover esse reforço. O
ideal seria termos professores capacitados para esse tipo de serviço,
disponíveis no turno inverso”, avaliou Helena.
Fonte: Blog da Educação.
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