Nos países das Américas Central e do Sul, a população acredita que a
educação irá melhorar na próxima década, mas muitos cidadãos ainda dão
“nota vermelha” para os sistemas locais de ensino. É o que aponta a
pesquisa Olhares sobre a Educação Ibero-Americana,
divulgada na quarta-feira, 6 de setembro, pela Organização dos Estados
Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).
No
levantamento, foram entrevistadas mais de 22 mil pessoas em 18 países da
região, incluindo o Brasil.
Os brasileiros estão entre os mais
otimistas em relação ao futuro da educação no país nos próximos dez
anos. Para 62% dos entrevistados, a educação vai melhorar, 26% acreditam
que ficará no mesmo patamar e 9% avaliam que irá piorar. Apenas o
Paraguai tem um resultado melhor: naquele país, 64% esperam avanços na
área. Já os hondurenhos são os que menos acreditam no futuro do sistema
educacional de seu país: só 26% acham que a situação irá melhorar,
enquanto 37% acreditam que ficará no mesmo nível e 23% preveem piora.
Em
todos os países, o percentual de pessoas que avaliam de forma positiva o
futuro da educação é superior ao daquelas que têm uma percepção
negativa.
“Esse otimismo do cidadão é um fator de enorme pressão
aos sistemas educativos. Expectativas positivas contribuem fortemente
para que a educação funcione”, avaliou o secretário-geral da OEI, Álvaro
Marchesi.
Pior em qualidade
Por outro
lado, os brasileiros estão entre os que têm a pior avaliação sobre a
qualidade do ensino público no seu país. A nota atribuída pelos
entrevistados, em uma escala de 0 a 10, foi 5,2 pontos, a quarta mais
baixa entre os países pesquisados, ao lado de Honduras. O país que, na
avaliação dos entrevistados, tem o pior sistema de ensino é o Chile,
cuja nota foi 4,6. Os mais satisfeitos são os costa-riquenhos e os
nicaraguenses, que atribuíram nota 7 à educação.
O relatório
destaca, entretanto, que os resultados devem ser analisados com
prudência, já que a percepção dos cidadãos está ligada às circunstâncias
sociais, econômicas e políticas de cada país no momento em que a
pesquisa foi feita. “Estamos analisando expectativas e não indicadores
concretos, que muitas vezes não correspondem às opiniões da população”,
destacou Marchesi.
Os entrevistados também elegeram o que
consideram prioridades para a educação avançar. Em primeiro lugar,
aparece melhorar a qualidade das instalações, com 45% das respostas. Na
sequência, estão melhorar a formação do professor (41%), melhorar o
salário do professor (29%) e incorporar as novas tecnologias no ensino
(28%). Só 9% acham que aumentar a jornada escolar diária é importante
para fortalecer a aprendizagem. Cada entrevistado pode marcar mais de
uma opção.
O Brasil foi o país que registrou o maior o percentual
de pessoas que consideram o aumento dos salários dos professores uma
medida prioritária para melhorar a educação: 57% marcaram essa opção,
contra 29%, considerando a média das respostas de todos os países
latino-americanos.
O percentual de brasileiros que avaliam como
bom ou muito bom o nível de conhecimento dos professores sobre os temas
que lecionam foi 81%, acima da média da região (77%). Os professores
mais mal avaliados foram os do Chile (58%). Na outra ponta, estão os da
Colômbia (90%).
O relatório completo está disponível, em espanhol, na página da OEI na internet.
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