da Agência Brasil
O Ministério da Educação (MEC) deve divulgar nos próximos
dias o Conceito Preliminar de Curso (CPC) e o Índice Geral de Cursos
(IGC) referentes a 2012, indicadores que avaliam a qualidade do ensino
superior do país. As instituições tiveram acesso antecipado aos índices e
puderam pedir a revisão dos conceitos do dia 23 de outubro ao dia 1° de
novembro. Segundo o secretário da Educação Superior do Ministério da
Educação (MEC), Paulo Speller, os indicadores devem mostrar melhoria na
qualidade da etapa de ensino.
“Acredito que estamos caminhando para uma regulação mais rigorosa da
educação superior brasileira, tanto pública quanto privada. E o que
observamos é uma melhoria na qualidade do ensino, não apenas na
graduação, estamos enxergando isso também na pós-graduação”, disse
Speller à Agência Brasil.
Os índices são usados como parâmetro de acompanhamento da evolução
da qualidade da educação superior no Brasil. As notas vão de 1 a 5,
sendo que conceitos 1 e 2 são considerados insuficientes. Os cursos com
nota baixa são supervisionados e a repetição de notas inferiores pode
levar ao fechamento do curso. Os cursos com notas inferiores são também
impedidos de participar de políticas como o Programa Universidade para
Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudanil (Fies).
No ano passado, segundo dados do IGC, 27% dos cursos não alcançaram desempenho suficiente.
O cálculo, no entanto, sofre críticas por parte das instituições particulares, que questionam o que os índices realmente medem.
O cálculo, no entanto, sofre críticas por parte das instituições particulares, que questionam o que os índices realmente medem.
O CPC é calculado principalmente pela nota no Exame Nacional de
Desempenho de Estudantes (Enade), que corresponde a 70% do conceito. Os
demais 30% são calculados com base em fatores como títulos do corpo de
professores e infraestrutura da instituição. Fazer o Enade é necessário
para a obtenção do diploma, mas o bom rendimento não é exigência. Todos
os anos, há boicotes por parte dos estudantes à avaliação.
O IGC é calculado, nos cursos de graduação, a partir do CPC e, nos
cursos de pós-graduação, utiliza a Nota Capes (sistema de avaliação
implantado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - Capes).
Segundo o assessor do Fórum das Entidades Representativas do Ensino
Superior Particular, Sólon Caldas, o CPC, como o nome diz, é um conceito
preliminar, que deveria determinar se a instituição precisa ou não de
supervisão, para, a partir da avaliação de especialistas, consolidar o
Conceito de Curso. “Não é o que ocorre”, diz. Também segundo ele, as
notas são dispostas em uma curva onde sempre haverá mais ou menos 20%
das instituições com notas 1 e 2 e 20% com notas 4 e 5. A maior parte,
60% deve obter conceito 3.
“Não é possível definir se uma instituição é boa ou ruim. O que se
consegue fazer é comparar uma instituição em relação a outra”, analisa.
“O aluno não tem comprometimento com o resultado do Enade, não sofre
penalidade e só precisa comparecer para fazer a prova”.
Segundo Paulo Speller, o MEC passou a obrigar que o estudante
permaneça pelo menos uma hora no Enade. “Com isso você assegura que o
estudante faça a prova”, diz o secretário da Educação Superior do MEC. O
secretário diz que medidas como a obrigatoriedade do exame e a
divulgação da nota no Enade no histórico escolar “não foram adotadas e
nem são cogitadas pela pasta”.
Speller diz também que o objetivo do MEC é garantir a qualidade do
ensino e que uma flexibilização nas avaliações e nas punições não deve
ocorrer. “A tendência é uma exigência cada vez maior da qualidade, a
medida que se avança no número de matrículas com novos cursos e novas
universidades”.
O secretário reconhece que o aparato atual não é suficiente para
atender a toda a demanda de supervisão. Ele reforçou o papel chave do
Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação da Educação Superior
(Insaes), cujo Projeto de Lei (PL) 4.372/12 está em tramitação no
Congresso Nacional. Segundo o MEC, são mais de 2,6 mil cursos em
processo de supervisão. Com a estrutura atual seriam necessários mais de
seis anos para atender a apenas a demanda em estoque.
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