da Agência Brasil
O acesso à cultura está muito distante da realidade
de professores e alunos no Brasil. Essa é uma das conclusões da pesquisa
feita pelo ministério da Cultura (MinC) junto com a Casa da Arte de
Educar, entidade criada para desenvolver atividades com educadores e
profissionais de educação das favelas para educação integral, Educação
de Jovens e Adultos (EJA) e pesquisas em educação.
O estudo mostra, ainda, que as escolas e outros equipamentos
culturais precisam de apoio técnico e financeiro para integrar um
sistema de educação mais completo. A pesquisadora da Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora da pesquisa,
Sueli de Lima, disse que a falta de apoio constante ainda provoca
fragilidade nas escolas, apesar das muitas experiências de diálogo entre
elas e os agentes de cultura. Para a especialista, o levanto revela que
as práticas de programas culturais são muito instáveis. “Não há
condições de se efetivarem. As escolas não conseguem contar com museus,
bibliotecas, organizações sociais e iniciativas diversas como suas
parceiras, porque ora tem apoio ora não tem. Então a escola ano após ano
de trabalho precisa ter diálogo efetivo”, ressaltou.
Na avaliação de Sueli de Lima, existe, atualmente, no Brasil, uma
rede escolar e o Ministério da Educação (MEC) funciona com as escolas e
com as universidades. Ela pondera, no entanto, que é preciso pensar que
educação não é só entre escola e universidade, existem os museus, as
bibliotecas e as organizações sociais que também são entidades
educativas que têm experiências significativas no país. “A principal
questão que a pesquisa traz é que essas práticas são frágeis, precisam
de políticas públicas para realmente se efetivar e a gente possa pensar
em um sistema articulado de educação onde não se está falando apenas em
escola”, analisou.
A pesquisadora destacou ainda que há professores que atuam nas
escolas, em aulas de matérias específicas, e muitas vezes não percebem
que são agentes de cultura, quando na verdade deveriam encarar o desafio
de articular o saber universal com o individual de cada aluno. “Nós,
professores, temos o desafio de construir esse diálogo e compreendermos a
cultura com a qual estamos trabalhando seja onde for, no agreste, no
centro urbano. As diferenças de cultura existem, mas todos nós temos
experiências de cultura. O desafio é conduzir os professores a pensar
que a cultura não é só produto de cultura e nem, muito menos, só o
currículo que ele tem que ensinar”, acrescentou.
Para fazer a pesquisa, o MinC ouviu 1.664 pessoas envolvidas com
educação, em 26 estados. Os encontros reuniram, além de professores,
representantes de museus, de bibliotecas, de pontos de cultura,
educadores, estudantes, artistas e lideranças comunitárias. A intenção
foi apurar as condições em que se desenvolvem as práticas educativas nas
escolas, em museus, nas organizações não governamentais e nas
bibliotecas, entre outros locais educativos, com o objetivo de definir
propostas para orientar as políticas da cultura ligadas à educação.
O trabalho resultou em relatório do Plano Articulado para Cultura e
Educação, em parceria com o MEC e o Instituto Lidas e está disponível no
site http://www.artedeeducar.org.br/blog/2013/09/30/relatorio-2013-pesquisa-a....
Sueli de Lima espera que o trabalho não se perca nas gavetas e seja
analisado para avançar nas ações de diálogo para a construção de um
sistema integrado de cultura no país. “Foi uma bela mobilização. Nós
conseguimos a presença de oito etnias indígenas, de quilombolas, de
ciganos, professores de universidade, diretores de escolas, estudantes
do ensino fundamental e médio, e isso em todas as regiões do país. Sem
dúvida é um retrato da potência que tem a área de cultura do país”,
disse.
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