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terça-feira, 11 de setembro de 2018

É PRECISO MAIS DIÁLOGO!



A mais nova vítima dos discursos de ódio foram: nossa liberdade de pensamento e nossa produção literária. Recentemente, uma das mais renomadas escritoras, Ana Maria Machado, foi alvo de duras críticas por causa de uma página de seu livro “O Menino Que Espiava Pra Dentro”, publicado em 1983, ou seja, há mais de três décadas. Segundo a acusação, ela estaria incentivando o suicídio por meio de uma parte deste livro. 

Foto: Bel Pedrosa/Divulgação/
Reprodução /www.uai.com.b
O Sinpro se solidariza a autora e mostra muita preocupação com os caminhos que sociedade brasileira vem tomando. O que é facilmente percebido com a falta de diálogo, fanatismos, confrontos, ódios e por meio destas “leituras críticas”, que promovem na verdade uma ditadura contra o conhecimento. É preciso reverter tais pensamentos na busca de uma sociedade crítica, aberta a um debate sadio com a possibilidade de troca de informação e o crescimento mútuo, ao invés de gritos e intolerância com os pensamentos. Temos acompanhado os ganhos imensuráveis que a internet traz à sociedade moderna, mas é ela também que dá voz e explicita os piores lados do ser humano, que promovem ao seu bel prazer, um julgamento tão injusto e preocupantes para uma nação democrática como o Brasil.  

A citação, analisada fora de um contexto geral da publicação, ocasionou uma série de comentários negativos e xingamentos contra a autora via redes sociais. Tudo começou com a publicação de uma mãe ilustrada pela página que continha o seguinte parágrafo: “Desta vez ele teve mesmo que esperar. Como as compras só chegaram quando ele estava no colégio, ainda teve que esperar a volta, o jantar e a hora da sobremesa. Quase não aguentava mais. Aí resolveu que o melhor era deixar para engasgar com a maçã na hora de deitar quando estivesse sozinho. E que a família dele era tão desligada dessas coisas que era até capaz de alguém dar um tapa nas costas dele só para desengasgar, e aí estragava o plano todo”. 

Tamanhas são as contribuições da autora neste universo infanto-juvenil, que o livro citado é utilizado nas escolas brasileiras há anos e nunca havia sido questionado negativamente sobre este assunto. Respeitada, Ana Maria Machado, é imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL). Instituição da qual já foi presidente e, atualmente, primeira-secretária. Já recebeu diversos prêmios como o Machado de Assis e o Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da literatura infantojuvenil.   

Outro caso que mostrou esta intolerância aconteceu, em Volta Redonda neste ano, quando após questionamentos de alguns pais em relação ao conteúdo do livro Omo-Oba: Histórias de Princesas, que traz a história da cultura negra. Neste caso, a autora é a professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Kiusam de Oliveira.

Na época, a Coordenação Pedagógica da Escola Sesi, unidade Volta Redonda, chegou a emitir um bilhete para os responsáveis, dizendo que recebeu questionamentos de pais sobre o livro e que os mesmos questionamentos foram enviados para a Gerência de Educação Básica que teria autorizado a troca do referido título. Contudo, a assessoria de imprensa da escola esclareceu que este documento não foi claro e nem refletiu a realidade. Por e-mail a assessoria esclareceu ainda que "a escola realmente chegou a abrir a possibilidade de mais uma obra alternativa para aqueles interessados, uma decisão equivocada que já foi revista".

Estranho é saber que o material está alinhado com a lei 11.645/08, que estabelece a obrigatoriedade da temática de história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo das escolas. Isso evidencia ainda mais a intolerância dos pais que "denunciaram o material".


Vale lembrar que estes debates sociais podem ficar ainda mais ameaçados, caso o projeto de lei da Escola Sem Partido seja aprovado, eliminando a possibilidade dos professores estimularem a busca por um conhecimento crítico junto aos estudantes.  

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