quinta-feira, 28 de maio de 2020

Carta Aberta à Comunidade Escolar CNEC







Prezados/as pais, mães, responsáveis e estudantes do CNEC,

O Sinpro Macaé e Região sempre defendeu que este momento de pandemia deve ser tratado com muita cautela, pois na ponta de toda esta situação está o o emprego das pessoas, a forma como sustentam suas famílias. Contudo, a Rede Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) não tem se sensibilizado desta forma. Prova disso, é a postura que a instituição teve de não efetuar os pagamentos integrais de março e abril, ou seja, sem aviso prévio efetuaram descontos nos salários dos professores, o que é inconstitucional e beira a desumanidade.

Depois disso, a Cnec fez uma proposta de redução da hora-aula em 19,5% para os professores da Faculdade Cnec de Rio das Ostras (Facro). Mais um ataque aos trabalhadores, que mesmo se esforçando para manter a produção de atividades e de conteúdo para os alunos foram penalizados.

Assim que tomou conhecimento destas situações, o Sinpro Macaé e Região buscou o diálogo com professores e com a instituição. Na última semana, dia 21,  depois de uma assembleia virtual realizada com os Professores da Rede de Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) da base de atuação das unidades em  Rio Bonito (Colégio Cenecista Monsenhor Antonio de Souza Gens), Rio das Ostras (Faculdade Cnec Rio das Ostras) e Quissamã (Colégio Cenecista Nossa Senhora do Desterro). A categoria recusou a proposta e  decidiu entrar em estado de greve até que a instituição reveja o que tem feito com os seus professores e, principalmente, regularize os salários. No próximo dia 6 de junho, outra assembleia será realizada e a categoria vai avaliar se entra ou não de greve por tempo indeterminado.

O Sindicato ressalta que a categoria tem se empenhado em dar continuidade aos trabalhos, mesmo com as escolas fechadas. Eles estão trabalhando de suas casas muitas vezes sem o apoio técnico necessário. Como analisado nas denúncias recebidas pelo Sinpro, muitos sofrem pressões para aceitar as condições impostas sobre pena de perder os empregos. O Sinpro Macaé e Região  pergunta a você: é justo isso? Os donos das escolas lucram cada vez mais com estes empreendimentos e nem sempre investem financeiramente em seu corpo docente. Querem lucrar e no primeiro momento retiram ainda mais dos trabalhadores, colocando o ônus desta crise sobre os professores. Que tipo de professor você quer para o seu filho? Aquele que é valorizado e respeitado ou aquele que sofre pressões dos donos das escolas para se sujeitarem a qualquer coisa?

Mas está situação não é exclusiva dos professores do Rio. Em Minas Gerais a Cnec faz a mesma tentativa de retirada de direitos. Contudo, a respostas da comunidade escolar veio rapidamente.  Mães e pais de estudantes da Rede Cenecista lançaram um abaixo-assinado em que se solidarizam com os/as professores/as da instituição, frente a tantas tentativas de retirada de direitos. No documento, eles pediram transparência nas decisões tomadas durante a pandemia. O objetivo é não onerar apenas os professores com as medidas. 

De antemão, o Sinpro Macaé e Região agradece a solidariedade dos pais com os professores neste momento que precisamos ser parceiros uns dos outros. O processo de ensino-aprendizagem nunca foi fácil, mas juntos vamos superar isso e  voltar ao normal.

O Sinpro Macaé e Região está atento, lutando pelos professores e pela educação de qualidade que os estudantes merecem!

SINDICATO DOS PROFESSORES DE MACAÉ E REGIÃO

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Declaração da IEAL para o retorno seguro das aulas


Organizações sindicais do setor educacional indicam condições ...


A pandemia de COVID 19 encontrou uma América Latina impactada por quarenta anos de implementação das políticas do modelo neoliberal. Esse modelo tem privilegiado as corporações empresariais, principalmente as vinculadas à especulação financeira. Isso explica o fato do nosso continente ser o mais desigual do planeta e a distância entre ricos e pobres não parar de crescer. A pandemia, com suas consequências de paralisação forçada da economia, instalou-se sobre essa crise pré-existente.

Os governos da região, salvo poucas exceções, têm tentado privilegiar a atividade econômica e não o isolamento social, que até existir uma vacina, continua sendo a única medida efetiva para evitar a multiplicação descontrolada dos contágios. Consequentemente, com isso as autoridades educacionais, pressionadas pelos grupos empresariais, estão tentando forçar a retomada dos ciclos escolares. Pressiona-se para reativar as dinâmicas educacionais sem abordar de maneira responsável as condições necessárias para que todas as populações envolvidas possam voltar de maneira segura aos centros de educação.

Com exceção do governo da Argentina, os demais governos da região não têm promovido o diálogo com os sindicatos do setor para decidir o momento seguro da volta às aulas.

As trabalhadoras e trabalhadores em educação são os principais defensores do direito à educação pública dos nossos povos e nunca colocariam obstáculos para o exercício desse direito.

Por esses motivos, o Comitê Regional da Internacional da Educação para a América Latina (IEAL) conclama todas as suas entidades afiliadas para que exijam condições que permitam um retorno seguro aos centros de educação. Por tal motivo, como condição mínima comum para a região, são propostos os requisitos a seguir:

1. Que os governos e autoridades estabeleçam processos de diálogo com as organizações sindicais do setor educacional para definir as diferentes etapas da volta às aulas.

2. Que sejam gerados mecanismos para ouvir as propostas dos setores estudantis organizados, de maneira que eles possam participar na definição dessas etapas.

3. Que sejam garantidas as condições necessárias de infraestrutura, com ambientes seguros e adequados para prevenir a propagação do vírus nos centros de educação: acesso à água, sabão e ventilação, entre outros. É inadmissível que as autoridades de países como Chile e Colômbia, profundamente impactados pela pandemia, ainda estejam destinando os escassos recursos estatais para financiar os negócios das empresas privadas vinculadas aos negócios das avaliações padronizadas.

4. Que o setor público garanta as condições de proteção para todas as pessoas nos centros de educação. Para isso devem ser fornecidos kits sanitários, acesso a testes, padrões de distanciamento seguro nas salas de aula ou outras medidas com instrumentos de proteção.

5. Que sejam promovidos padrões para serem aplicados no transporte público e escolar.

6. Que sejam reforçados os refeitórios escolares, levando em consideração os novos contextos de fome e desnutrição que estão afetando a região.

7. Que seja promovida, durante a vigência da pandemia e o isolamento, como fato transitório que não substitui a educação presencial, a coordenação entre o setor docente, as universidades públicas e os setores de investigação pública para definir ações que apoiem a modalidade da educação virtual e à distância.

8. Que seja garantida a distribuição desses recursos para as modalidades on-line e que seja limitado o lucro privado na promoção de plataformas virtuais.

9. Que seja garantido o transporte gratuito e/ou subsidiado para os alunos e alunas, levando em consideração os novos contextos de desemprego em milhares de lares na América Latina.

10. Que seja fornecido o material didático para os alunos e alunas que por sua condição de pobreza não têm acesso à conectividade e às aulas on-line.

11. Que sejam protegidos os direitos trabalhistas dos trabalhadores e trabalhadoras em educação, que mais uma vez têm-se mostrado essenciais na geração de respostas para a assistência integral à infância, adolescência e juventude.

No debate público de nossas sociedades começam a ganhar espaço as pressões de setores que promovem a diminuição de salários do setor público, o desmonte dos sistemas previdenciários e outras medidas de cortes orçamentários. Para enfrentar os investimentos destinados a financiar os setores afetados pela COVID-19, tanto em termos sanitários como de políticas sociais, nossos Estados devem buscar caminhos que permitam aumentar sua capacidade de obter recursos genuínos. Para isso, a nossa proposta é:

1. Avançar em direção a reformas tributárias progressivas tendo como princípio que quem mais tem mais deve pagar e, na emergência, promover iniciativas como impostos aos proprietários de grandes fortunas pessoais.

2. Fazer com que a dívida externa dos países da América Latina seja perdoada ou renegociada com prazos longos até nossas nações recuperarem a possibilidade de crescimento econômico.

3. Efetivar a reativação da obra pública e o fortalecimento das pequenas e médias empresas para criar postos de trabalho e diminuir o desemprego.

4. Exigir do setor privado empregador a proteção dos postos de trabalho e o respeito aos acordos salariais.

5. Exigir dos governos da América Latina, a criação de uma Renda Básica Universal de caráter nacional para garantir a todos os lares uma renda que permita sustentar suas necessidades básicas.

6. Promover campanhas por meio da Confederação Sindical Internacional (CSI), da Confederação Sindical das Américas (CSA), da Internacional da Educação (IE), da Internacional da Educação para a América Latina (IEAL), para que as organizações internacionais de financiamento aceitem perdoar a dívida dos países da América Latina e que esses recursos sejam usados no financiamento das políticas de saúde, emprego e educação pública.

Os setores dominantes, que sempre foram contrários a essas propostas que formulamos, deveriam reconhecer a evidência exposta pela crise da COVID-19: a insustentabilidade do modelo neoliberal baseado em um Estado mínimo que destruiu, entre outras coisas, os sistemas de saúde pública, entregando-os ao lucro privado. Essas políticas, além de destruir os sistemas de proteção social, também têm limitado o acesso à moradia digna e à água potável. Por tudo isso, hoje milhões de habitantes da nossa região estão em uma condição de absoluta vulnerabilidade perante a pandemia.

Por isso, a pobreza e o impasse resultantes da aplicação do modelo neoliberal no mundo e na América Latina, se traduzem hoje em vulnerabilidade e na perda de vidas humanas pela pandemia de COVID-19. Hoje está claro que os países mais afetados são aqueles que aplicaram de maneira inflexível essa receita neoliberal. Com o avanço da pandemia, essa visão mercantilista os levou a priorizar a economia e o comércio em lugar do valor supremo da defesa da vida.

Esse darwinismo social colocado em prática em países como Brasil, Chile, Peru e Equador gerou o maior número de casos confirmados e mortes por COVID-19 na região, seguidos por um segundo grupo de países como Colômbia, República Dominicana e Panamá. Apesar de tudo, no setor educação, professores e professoras criaram adaptações pedagógicas relevantes para continuar os processos de ensino-aprendizagem, muitas vezes gerando jornadas de trabalho ampliadas e extenuantes e com limitação de recursos.

Em nosso setor, quase 85% formado por mulheres, a extensão das tarefas foi adicionada aos cuidados e funções domésticas, intensificando a desigualdade e disparidade de distribuição de funções nas famílias em situação de confinamento. Destaca-se também, que as medidas de isolamento submeteram ainda mais as mulheres e meninas a situações de violência doméstica, abusos e agressões, como mostra o crescimento de denúncias por esses motivos na maioria dos países. Infelizmente, devemos dizer que os feminicídios continuam e aumentam com a pandemia.

A verdade é que a pandemia deixou evidente a inconsistência da política neoliberal que promete o paraíso do livre mercado. Hoje a realidade exibe a evidência de uma região que, por sua condição de estancamento e pobreza, é ainda mais frágil e vulnerável perante a COVID-19.

As estratégias de recuperação econômica dos nossos países não podem repetir os modelos econômicos que levaram os Estados da região a essa condição de vulnerabilidade. Não obstante, os setores privados, corporativos e antiestatais da América Latina – muitos dos quais estão atualmente nos governos – agem como predadores e estão aproveitando a conjuntura de quarentena e de distanciamento social para concretizar processos de reforma retrógrados e cortes expressivos no investimento público e na atuação do Estado, reformas que os sindicatos e os movimentos sociais têm combatido nessas décadas.

Com a impossibilidade de mobilização social devido à pandemia, os setores privados, corporativos e antiestatais estão promovendo legislações de tramitação rápida para responder aos impactos da crise sanitária, nas quais foram incluídas reformas retrógradas – trabalhistas, sociais e previdenciárias – em vários países da América Latina. Pressionam ainda para que a legislação aprove o uso de recursos públicos e livres de condições, para proteger os negócios empresariais.

O movimento sindical da região deve tentar impedir o avanço dessas políticas que visam debilitar as organizações populares e reduzir ainda mais seus direitos. Estamos no momento de uma redefinição do modelo de desenvolvimento e de Estado. Nessa redefinição, deve ser garantido o bem-estar da população e os direitos da classe trabalhadora. Mais democracia, mais respeito pelos direitos humanos e mais distribuição da riqueza é o único caminho para deixar para trás tanta pobreza e desigualdade.

Atenciosamente,

Hugo Yasky CTERA – Argentina
Presidente do Comitê Regional da Internacional da Educação, América Latina

Fátima Silva. CNTE – Brasil
Vice-Presidenta do Comitê Regional da Internacional da Educação, América Latina

William Velandia FECODE – Colômbia
Vice-Presidente do Comitê Regional da Internacional da Educação, América Latina

Fonte: CNTE

Fonte: SINPRO-DF

ARTIGO: Financeirização da educação e EAD em tempos de pandemia

Blog do Roberto: Pedagogia da Presença e habilidades ...




A pandemia do Coronavírus escancara a incapacidade do capitalismo de resolver as crises social, econômica, política e sanitária, e com isso a necessidade de repensar o papel do Estado, de fortalecer o serviço público como instrumento fundamental da proteção social e por fim ao neoliberalismo.

No Brasil, a agenda ultraneoliberal iniciada por Temer e aprofundada por Bolsonaro/Guedes mostra sua incompatibilidade com a democracia, com os direitos sociais, com a saúde e com a educação pública.

Enquanto o mundo pensa formas de combater a pandemia, os setores empresariais da educação se movimentam e pressionam os Estados Nacionais para aprovar sua agenda de financeirização e mercantilização da educação. No Brasil esse processo se dá em quatro dimensões:

    Elevada redução dos investimentos públicos. Com a Emenda Constitucional 95 em 2016, a educação foi a pasta que mais perdeu investimento, o que impede a contratação de novos profissionais, construção de novas escolas e o investimento de recursos na área da educação. A próxima agenda do Governo Bolsonaro é acabar definitivamente com a vinculação constitucional de recursos para a educação (e saúde), nas três esferas administrativas (federal, estadual, distrital e municipal). O Plano Nacional de Educação, principalmente a meta 20 (10% do PIB para Educação) fica completamente anulado nesse cenário.

    A precarização do trabalho. Temer iniciou sua jornada golpista atacando direitos trabalhistas. E desde a eleição de Bolsonaro o que vemos é a escalada do crescimento da precarização do trabalho e da informalidade com as reformas trabalhistas e da previdência. Aumento dos trabalhos por hora, intermitentes, por aplicativos, contratação de pessoas jurídicas, todos os modelos para tirar os direitos adquiridos dos/as trabalhadores/as. A reforma da previdência promoveu mais um ataque à classe trabalhadora aumentando o tempo para se aposentar e diminuindo os valores das aposentadorias. A possibilidade do fim do FUNDEB e da vinculação de impostos para a educação comprometerá a política de valorização profissional, sobretudo de manutenção do piso do magistério e sua ampliação para os demais trabalhadores escolares.
    A homogeneização do currículo. A reforma do Ensino Médio e a BNCC aprovadas por Temer reduzem o currículo das escolas públicas brasileiras à formação para o mercado de trabalho e retiram das escolas o seu papel de formação cidadã. Bolsonaro segue a mesma linha ao impor a Lei da Mordaça e a Militarização das Escolas rompendo inúmeros conceitos e práticas pedagógicas garantidoras dos princípios constitucionais a) da gestão democrática, da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; b) do pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; c) da gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.
    A agenda de Bolsonaro/Weintraub/Damares avança com pautas obscurantistas sobre o currículo escolar e universitário, impedindo determinados conteúdos políticos, de gênero, de sexualidade, de raça. Esse ataque compromete o caráter democrático e emancipador da educação e contraria os princípios da Constituição Federal: “Art. 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
    Privatização das Escolas e Universidades e ataque à Gestão Democrática. A tentativa de repassar para as Organizações Sociais a gestão das universidades, institutos federais e escolas da educação básica é um ataque à Gestão Democrática das instituições públicas no Brasil. Na educação básica, há projetos em curso de pagamento de vouchers para as famílias retirando recurso do Orçamento e precarizando ainda mais o setor público.

EAD como instrumento da mercantilização da educação básica

É nesse contexto que se movimentam os grandes grupos privados de educação. A Fundação Lehmann articulada com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – Undime, o Conselho Nacional de Secretários de Educação – Consea e o Ministério da Educação – MEC – que de maneira muito semelhante com a articulação para a aprovação da BNCC – tentam massificar a EAD na rede pública de Educação Básica. Os grandes empresários da educação veem na pandemia a oportunidade de lucrar ainda mais.

A proposta apresentada pela Fundação Lemann consiste em viabilizar educação a distância a partir do uso de celulares e em parceria com as operadoras de banda larga e serviços móveis. Lemann também incentiva o uso da plataforma Khan Academy, que adivinhe só, é financiada pela sua Fundação. A articulação é feita também com outras organizações como Instituto Natura, Fundação Itaú Social, Fundação Roberto Marinho e Instituto Unibanco. Essa agenda pode significar a entrada das grandes empresas num mercado que corresponde a mais de 80% de matrículas da educação básica que hoje estão rede pública de ensino (mais de 45 milhões de estudantes e cerca de 5 milhões de trabalhadores/as).

A proposta tem levantado o debate em todo o país, principalmente após manifestação do Conselho Nacional de Educação e de vários Conselhos Estaduais autorizando o uso de EAD na educação básica no período da pandemia. A defesa dos grandes grupos empresariais (na mesma linha de Bolsonaro de salvar a economia) é de que a paralisação das atividades pedagógicas traz grandes prejuízos à população e que é preciso salvar o ano letivo.

Do outro lado, entidades de trabalhadores/as em educação e estudantis não titubeiam em dizer: EAD na educação básica não é solução. Não podemos aceitar que a necessária suspensão do ano letivo para salvar vidas seja motivo para a privatização da educação básica através da educação a distância. EAD na educação básica é um ataque ao direito fundamental e inalienável da educação.

    EAD não atende a realidade brasileira. Temos no Brasil, e em boa parte do mundo, uma profunda desigualdade social e de acesso à internet e à informação. Um em cada três estudantes (33,5%) que tentaram vaga no curso superior, nos últimos cinco anos, por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), não tem acesso à internet e a dispositivos, como computador ou celular. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC), mostram que 65,9% dos egressos do ensino médio que fizeram o ENEM nos últimos 5 anos declararam acessar internet e celular; 61,9% tinham computador e celular; e 54,81% tinham os dois dispositivos e acessavam a rede mundial de computadores.
    Em nove estados, mais da metade dos estudantes não têm estrutura básica para cursar ensino superior a distância. O Amapá é o estado com menor proporção de estudantes com estrutura mínima para cursar o ensino superior a distância, com apenas 36,5%. Além dele, nos estados do Pará, Maranhão, Acre, Amazonas, Piauí, Roraima, Ceará e Tocantins, menos da metade dos estudantes responderam que tem internet em casa e computador ou celular. O estado com maior proporção é Santa Catarina, com 82,9%. Esses números ficam ainda menores quando falamos de estudantes matriculados/as na educação infantil e fundamental.
    Essa desigualdade de acesso desrespeita o que está previsto na LDF como princípios do ensino no Brasil (LDB 9394/96 Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 1.igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; ). Desrespeitar este princípio é aumentar o fosso da desigualdade já existente no atual sistema educativo do país, aumentando por exemplo o já alto índice de evasão nas escolas públicas brasileiras. Pesquisas recentes mostram que cerca de 25% dos jovens entre 15 e 17 anos (Ensino Médio) abandonam os estudos todo ano. Até nas universidades e faculdades onde existe melhor planejamento e estrutura a evasão em cursos EAD é superior à 50%. Adotar o modelo de EAD agora na educação básica dificultará ainda mais o retorno às aulas quando passar a pandemia.
    A escola e os/as trabalhadores/as em educação são insubstituíveis. A tentativa de aplicar de qualquer maneira uma forma de educação a distância, a falta de estrutura para sua implementação e a necessidade das famílias, destacadamente as mulheres, ficarem com as crianças e jovens dentro de casa nos coloca frente essa importante constatação. Não é possível educar sem a presença de um/a profissional capacitado e um ambiente preparado para a atividade pedagógica. Como dizia Paulo Freire: “Ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário.”
    Esse período de isolamento tem servido para reafirmarmos a necessidade de valorizar o trabalho dos/as professores/as e funcionários/as de escola.
    Além da dificuldade de acesso à plataformas virtuais, os/as estudantes também vão enfrentar  grandes dificuldades pedagógicas e significativa perda de qualidade no processo de aprendizagem. Na educação básica, seja no ensino regular, seja na Educação de Jovens e Adultos, é fundamental que haja o acompanhamento presencial a) dos/as educadores/as capazes de coordenar a ação educativa, b) dos/as estudantes como sujeitos participantes, e c) da escola como espaço de diálogo.
    Até mesmo as Universidades, que possuem certa expertise em educação a distância, tem rejeitado essa ferramenta nesse período de isolamento por conta da necessidade de um alto grau de comprometimento e autonomia dos/as estudantes no processo de aprendizagem.
    Falta de formação dos docentes para trabalhar com EAD. Não se faz Educação a Distância apenas transportando o conteúdo das aulas presenciais para o ambiente virtual. Pelo contrário, é necessário em muitos casos uma dedicação de tempo maior para a preparação dos conteúdos e desenvolvimento de metodologias. A esmagadora maioria dos/as trabalhadores/as em educação no país não tem formação em educação a distância e nem no uso de tecnologias, haja vista que nem nas escolas é possível contar com recursos tecnológicos. De acordo com dados do Observatório do Plano Nacional de Educação – PNE, em 2017, apenas 4,2% das instituições de ensino básico públicas do País tinham infraestrutura adequada, com todos os equipamentos que a lei exige como acesso à energia elétrica, abastecimento de água tratada, esgotamento sanitário da rede pública, quadra esportiva, laboratório de ciências, biblioteca ou sala de leitura e acesso à internet de banda larga. O censo escolar de 2017 diz que “a presença de recursos tecnológicos como laboratórios de informática e acesso à internet ainda não é realidade para muitas escolas brasileiras. Apenas 46,8% das escolas de ensino fundamental dispõem de laboratório de informática; 65,6% das escolas têm acesso à internet; em 53,5% das escolas a internet é por banda larga”.
    A limitação estrutural e a profunda falta de investimento na educação básica são barreiras que precisam ser vencidas para avançarmos no sonho de uma educação pública de qualidade para todos/as.
    Utilização de materiais e métodos estandardizados. A falta de formação dos/as trabalhadores/as na educação básica para o ensino a distância nos colocam a frente de outra questão:
    “Quem irá preparar o conteúdo e o método que serão utilizados?”
    Uma primeira resposta seria os próprios professores/as e funcionários/as das escolas. Nos locais onde essa experiência seja com EAD e/ou tele-aulas já iniciou é notório alguns problemas: a) o distanciamento da realidade dos programas com a dinâmica dos/as estudantes; b) a falta de diálogo das secretarias de educação com as famílias sobre como acompanhar o processo; c) a exposição excessiva dos/as docentes que se dispuseram a colaborar; d) a desorientação por parte das secretarias de educação em como resolver os problemas previamente anunciados (como se dará a avaliação, qual é o grau de autonomia das escolas, como resolver a questão do acesso, a falta de estrutura, a dificuldade metodológica, etc.)
    Outra resposta possível é a utilização de plataformas já existentes no lucrativo mercado da EAD. E aí moram alguns perigos e problemas. a) Esses materiais e métodos estandardizados não levam em conta as condições e especificidades locais. Como ficariam as atividades nas Escolas do Campo com suas especificidades curriculares e estruturais, a Educação Especial, a Educação de Jovens e Adultos? b) abre o flanco para um processo de grande terceirização da educação básica e uberização do trabalho docente. Para termos uma idéia, a gigante Króton já se prepara para entrar no mercado de EAD na educação básica.
    Apesar da Constituição Federal vedar o uso do dinheiro público da educação para fins lucrativos:
    (Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, definidas em lei, que:
    I – comprovem finalidade não-lucrativa e apliquem seus excedentes financeiros em educação;
    II – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de encerramento de suas atividades.)
    Já tramita no Congresso Nacional uma proposta de emenda à Constituição Federal do novo FUNDEB de autoria do  deputado Tiago Mitraub (NOVO/MG) que insere o uso do dinheiro público para financiar “o ensino público em instituições com ou sem fins lucrativos”. Além disso, o Governo Federal já ensaia uma nova Medida Provisória para regulamentar o Home Schooling. Assim, criam-se as condições para a entrada definitiva das plataformas e metodologias de EAD na educação básica pública brasileira. Vale lembrar que hoje esses setores já se utilizam das OS’s e outros instrumentos legais para tal. c) Essas plataformas tem sido alvo de denúncias de vazamento e de venda de dados colocando em risco a privacidade dos/as estudantes, trabalhadores/as em educação e das próprias famílias.
    Educação não é só conteúdo! A escola não é fábrica de conteúdos. Ela é um espaço de relações sociais. Como disse Paulo Freire: “Importante na escola não é só estudar, é também criar laços de amizade e convivência“ e complementado por Moacir Gadotti:“A escola não é só um lugar para estudar, mas para se encontrar, conversar, confrontar-se com o outro, discutir, fazer política. Deve gerar insatisfação com o já dito, o já sabido, o já estabelecido. Só é harmoniosa a escola autoritária. A escola não é só um espaço físico. É, acima de tudo, um modo de ser, de ver. Ela se define pelas relações sociais que desenvolve”. Devemos aproveitar esse momento para um reflexão: “a quantidade e a qualidade de conteúdos que lecionamos está a serviço de qual projeto de escola?” Uma capaz de, como dizia Paulo Freire, “despertar a consciência dos oprimidos, inquietá-los e levá-los à ação (libertação)” ou uma a serviço da “educação bancária” que tem como missão eliminar a capacidade crítica dos/as estudantes e acomodá-los/as à realidade. No momento que a escola conteudista tenta se impor para “salvar o ano letivo” é nossa tarefa defender os valores de uma edução libertária e repensarmos o currículo e a organização do sistema fortalecendo a Gestão Democrática e a participação plural nas decisões políticas e pedagógicas da escola e das redes.

Não é hora de salvar o ano letivo. É hora de salvar vidas!

Só é possível pensar em voltar para escola após o fim da necessidade do isolamento social de forma a garantir a vida do conjunto da população brasileira frente a mais grave crise sanitária e econômica dos últimos anos. Nesse cenário, a MP 934 que dispensa escolas de cumprirem os 200 dias letivos e o edital do ENEM publicado pelo INEP – que prevê inscrição para o ENEM 2020 entre 11 e 22 de maio e a aplicação das provas dias 11 e 18 de outubro na versão digital e 1 e 8 de novembro na versão impressa – estabelecem o aceno do MEC à agenda da “normalidade” e da regulamentação da EAD na educação básica. Não é razoável que o calendário do maior instrumento de ingresso no ensino superior seja mantido com as aulas suspensas e estudantes e professores/as em casa. A realização do ENEM na data prevista pelo MEC é um ataque à educação pública. É preciso suspender os editais do ENEM e todos os exames nacionais e vestibulares enquanto durar a pandemia. É necessário também garantir o emprego e salário de todos os/as trabalhadores/as em educação.

O debate da recomposição de calendário deve ser feito em sintonia com os princípios da Gestão Democrática e amplamente discutido com toda a comunidade escolar, após o retorno das atividades presenciais, considerando as peculiaridades do momento visando a redução das desigualdades.

A hora é de salvar vidas. Estima-se que mais de 1 bilhão de estudantes estão sem aula no mundo. Por isso, é fundamental fechar todas as escolas brasileiras, com a suspensão das atividades pedagógicas para conter a propagação do novo coronavírus, de modo a garantir que estudantes e trabalhadores(as) em educação possam ficar em casa. A escola pública é a grande escola do Brasil por isso pode servir de espaço para atendimento a outras medidas emergenciais. Todos os nossos esforços devem ser no sentido de garantir a proteção de toda a população.

A agenda do governo Bolsonaro é de sacrificar muitas vidas para salvar poucos empresários. Cada morte nesse país tem a digital de um governo que ignora e contradiz todas as recomendações da Organização Mundial de Saúde e de especialistas do mundo todo. A superação dessa crise passa pela defesa da vida, do SUS, dos serviços públicos, da garantia de renda e de emprego da população e da defesa da democracia. Não é mais possível conviver com um governo que apresenta para a maioria da população brasileira duas saídas: morrer de fome ou morrer de vírus. Fora Bolsonaro!

* Gabriel Magno, professor de Física da Secretaria de Educação do DF e Secretário de Assuntos Jurídicos e Legislativos da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação)

Fonte: SINPRO-DF












MPs QUE PIORAM LEGISLAÇÃO TRABALHISTA COMEÇAM A SER VOTADAS





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As Medidas Provisórias 936 e 927 que alteram, para pior, as leis trabalhistas podem ser votadas a partir de hoje (28/05) pela Câmara dos Deputados. A 936 é aquela que permite a redução salarial e até a suspensão do contrato de trabalho na pandemia. Já a MP 927, por obra do relator, deputado Celso Maldaner, propõe, de modo inconstitucional, trechos da antiga MP 905 (“carteira verde e amarela”), tratando-os como definitivos mesmo após a pandemia, tais como a permissão de trabalho nos feriados e domingos e a correção monetária dos débitos trabalhistas só a partir da condenação, entre outros absurdos.

Vamos pressionar os deputados a não aprovarem essas MPs:

https://www.feteerj.org.br/medidas-provisorias-que-mexem-n…/

FETEERJ


PROFESSORES DA CNEC APROVAM ESTADO DE GREVE




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PROFESSORES DA CNEC APROVAM ESTADO DE GREVE | Após sofrerem descontos irregulares nos salários de março e abril, bem como receberem a proposta de redução de 19,5% da hora- aula, os professores da Rede de Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC) aprovaram o " Estado de Grave". A decisão foi aprovada pela maioria dos professores e professoras na Assembleia Geral Extraordinária, realizada virtualmente na quinta-feira, dia 21.

Com isso, partir de agora os(as) professores(as) estão em estado de mobilização em defesa de seus direitos e pela garantia de condições de saúde e de trabalho.

Além do "estado de greve", a categoria autorizou que a diretoria do Sinpro Macaé e Região encaminhe o processo de negociação e solicite a mediação com o Ministério Público do Trabalho (MPT). Uma nova assembleia está marcada para o dia 06 de junho, às 10 horas. Para este encontro, já existe o indicativo de greve, caso a instituição não regularize a situação.

Em nossa base de atuação, a CNEC unidades em Rio Bonito (Colégio Cenecista Monsenhor Antonio de Souza Gens), Rio das Ostras (Faculdade Cnec Rio das Ostras) e Quissamã (Colégio Cenecista Nossa Senhora do Desterro). Foram deliberados na assembleia da última quinta-feira:

1. Aprovado o Estado de Greve;
2. Regularização imediata dos salários dos professores dos meses de março e abril /2020;
3. Os professores da Faculdade Cenecista de Rio das Ostras (Facro) rejeitaram a proposta de redução de 19,5% sobre o valor da hora-aula;
3. Regularização do FGTS;
4. Reabertura da mesa de negociação;
5. Próxima assembleia (virtual) dia 06 de junho ( sábado), às 10h.

Outras informações acesse : http//sinpromacae-regiao.blogspot.com

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#direitosdosprofessores
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#dignidadeparaquemensina
#avidaacimadolucro


 SINPRO MACAÉ E REGIÃO

terça-feira, 26 de maio de 2020

NOTA DE REPÚDIO ÀS DECLARAÇÕES DO PSIQUIATRA BOLSONARISTA ITALO MARSILI



O Sinpro Macaé e Região repudia às declarações feitas pelo psiquiatra bolsonarista, Itálo Marsili, em uma transmissão ao vivo e que ganhou repercussão nos últimos dias. Lamentavelmente, o médico, que chegou a ser cotado para assumir o Ministério da Saúde neste desgoverno, ofendeu não só a categoria da educação, em especial aos pedagogos, como aos profissionais da contabilidade, durante entrevista concedida no canal Youtube.

Demonstrando total desconhecimento e ignorância sobre a função dos pedagogos, o "digital influencer militante" vomitou uma série de adjetivos contra os professores insultando e diminuindo os profissionais. Para nós, ele surfa na onda do ódio para disseminar comentários e constatações sem fundamentos, o que, infelizmente, tem se tornado comum num Brasil sustentado pelas fakenews.

Neste semana, o Sindicato recebeu um ofício do presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio de Janeiro, contador Samir Ferreira Barbosa,  também lamentando as declarações infelizes de Masili. Esta indignação também é nossa! E deve ser também de toda a sociedade que vê a educação como norteadora das oportunidades de crianças e jovens para o futuro. 

O Sinpro Macaé e Região se solidariza com todos os profissionais e ressalta a importância deles no processo de planejamento e execução no processo de ensino-aprendizagem. É triste observar que o senhor Marsili, que se diz formado em medicina, não conseguiu ao longo de sua vida perceber e importância destes trabalhadores da educação. Aliás, neste época de pandemia, os profissionais de educação precisaram se reinventar e estão sendo protagonistas, juntamente com outros setores necessários, na atuação desde o início da crise sanitária.

Sinpro Macaé informa: Em Assembleia, professores da CNEC aprovam Estado de Greve




Martin Behrend - Autoritarismo, negociações frustradas ...


Por maioria, os  professores e as professoras  aprovaram  o “estado de greve”. A decisão foi tomada em Assembleia Geral (VIRTUAL)  Extraordinária,  realizada na quinta-feira (21),  professores da Rede de Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), que em nossa base de atuação tem unidades em Rio Bonito (Colégio Cenecista Monsenhor Antonio de Souza Gens), Rio das Ostras (Faculdade Cnec Rio das Ostras) e Quissamã (Colégio Cenecista Nossa Senhora do Desterro). A partir de agora os(as) professores(as) estão em estado de mobilização  em defesa de seus direitos e pela garantia de condições de saúde e de trabalho. 

Além do estado de greve, a categoria autorizou que a diretoria do SINPRO MACAÉ E REGIÃO encaminhe o processo de negociação e solicite a mediação com o Ministério público do Trabalho (MPT). 

A decisão foi tomada após a instituição não realizar os pagamentos integrais dos meses de março e abril de 2020 e propor redução da hora-aula de  19,5%, sem nenhuma garantia para os professores e professoras.

A categoria deliberou uma nova assembleia para o dia 06/06 ( Sábado ) , às 10 horas,  já com indicativo de greve caso a instituição não regularize a situação. 

Deliberações da Assembleia (VIRTUAL)  dos Professores da Rede Cnec.  Realizada no dia 21 de maio de 2020.

1. Aprovado o Estado de Greve . 

2.Regularização imediata dos salários dos professores nos meses de março e abril /2020.

3. Os professores a FACRO ( Faculdade Cenecista de Rio das Ostras)  rejeitaram a proposta de redução de 19,5% sobre o valor da hora-aula .

4. Regularização do FGTS

5. Reabertura da mesa de Negociação.

6. Próxima assembleia ( Virtual ) dia 06.06.2020 ( sábado) , às 10h. 



SINDICATO DOS PROFESSORES DE MACAÉ E REGIÃO 
( SINPRO MACAÉ E REGIÃO )