terça-feira, 30 de agosto de 2011

Educação, dez por cento do PIB

Investir 10% em educação é perfeitamente viável do ponto de vista econômico e não fruto do delírio de esquerdistas radicais ou educadores sonhadores

No final da década de 1990, um grande conjunto de entidades comprometidas com o desenvolvimento da educação construiu uma proposta de Plano Nacional de Educação, conhecido como PNE da Sociedade Brasileira (PNE-SB). Esse Plano foi apresentado ao Congresso Nacional na forma de um projeto de lei assinado por mais de 70 parlamentares e encabeçado pelo deputado federal Ivan Valente, então no PT-SP.

Uma das propostas contidas no PNE-SB dizia respeito à necessidade de financiamento, estimada, então, em 10% do PIB. Neste momento em que a defesa dos 10% do PIB para a educação é adotada por inúmeras entidades comprometidas com a educação nacional, vale a pena examinar alguns aspectos referentes à origem daquele valor e as possibilidades reais do país arcar com isso.

Os 10% do PIB não foram tirados da cartola! Durante a elaboração do PNE-SB, avaliou-se em que situação nossa educação se encontrava, definiram-se as metas a serem atingidas e os prazos para isso. Usando alguns parâmetros bem definidos (por exemplo, os investimentos necessários por estudante ano e o número de crianças, jovens e adultos a serem atendidos), estimou se o volume de recursos necessário. (Detalhes dos cálculos aparecem na referência citada.) Daí surgiram os 10% do PIB. Não por coincidência, os países que acumulavam atrasos educacionais como os nossos e os superaram aplicaram cerca de 10%, ou mais, de seus PIBs na educação pública.

O PNE atualmente proposto pelo executivo federal prevê investimentos que, na melhor das hipóteses, chegariam aos 7% do PIB e propõe metas incompatíveis com esse valor, como a universalização da educação dos 4 aos 17 anos, a conclusão do ensino fundamental para todos, o atendimento de 50% das crianças de até 3 anos de idade e o oferecimento de educação em tempo integral para boa parte dos estudantes das escolas públicas. Além disso, é necessário melhorar a infraestrutura das escolas, aumentar os salários dos trabalhadores na educação, ampliar os programas de gratuidade ativa etc. Mesmo os 10% do PIB seriam insuficientes para cumprir as metas do PNE proposto.

É importante observar que investir 10% em educação é perfeitamente viável do ponto de vista econômico e não fruto do delírio de esquerdistas radicais ou educadores sonhadores. Vejamos. De 2003 a 2010, o PIB brasileiro cresceu cerca de 37% em termos reais. Se o equivalente ao crescimento médio de um único ano tivesse sido concentrado no setor educacional, já teríamos atingido as condições necessárias de financiamento para superar nossos atrasos.

Devemos lembrar que quando se reivindica uma maior participação da educação no PIB, não se está a subtrair alguma coisa dele. Dito de forma mais explícita: a construção civil teria sido aquecida, mas com um maior volume destinado às instalações escolares; a renda média da população também teria crescido, mas com uma maior concentração na forma de aumento salarial dos trabalhadores em educação; o emprego formal também teria aumentado, por contratação de mais professores e educadores; o consumo de papel e material impresso, de energia elétrica, de veículos, de vestimentas, de equipamentos eletrônicos de todos os tipos e de tudo o mais que é produzido no país também teriam crescido, mas mais concentradamente no setor educacional. Portanto, aumentar os investimentos em educação não disputa espaço com o crescimento econômico, ao contrário, incrementa- o e o redireciona para uma área de maior relevância social e econômica.

Um dos graves problemas do Brasil hoje é a sustentação do crescimento da economia, e um dos entraves é o baixo nível de formação da nossa força de trabalho. Como os investimentos em educação têm taxas de retorno (aumento do PIB em relação aos investimentos feitos) muito altas, levam vantagem quando comparados com investimentos em outros setores da economia e se pagariam em poucos anos. Além disso, mais e melhor educação traz ganhos sociais e culturais que poderiam contribuir para superar uma das maiores vergonhas nacionais: a concentração de renda. Mas elevar os investimentos públicos a 10% do PIB choca-se com os interesses capitalistas mais mesquinhos e imediatistas, pois implica em retirar de seu controle uma parte dos recursos, ainda que muito pequena. Esses recursos seriam administrados pelo setor público e, característica típica do setor educacional, com uma margem de democracia e participação, embora ainda insuficientes, muito maiores do que aquela existente na administração empresarial privada. Aí está a fonte das dificuldades que enfrentamos. Portanto, vamos intensificar a luta pelos 10% do PIB para a educação pública, já!

Otaviano Helene é professor do Instituto de Física da USP, ex-presidente da Associação de Docentes da USP e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Mantém o blog http: blogolitica.blogspot.com/



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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Bate papo sobre Educação

Caros(as) Colegas da Educação


Venha participar de um bate-papo sobre educação em Rio das Ostras com a presença do Deputado Estadual Sabino e do Vereador Danilo Funke. Discuta na sua escola as principais reivindicações da nossa categoria. Vamos construir juntos uma pauta para a valorização profissional, política de construção e reforma de escolas, melhoria das condições de trabalho e saúde, eleição direta para diretores, retorno da Coordenadoria Norte Fluminense, municipalização entre outras. Você aposentado também é nosso convidado.


Dia: 20 de agosto de 2011 (Sábado),

Horário: 16h

Local: Sede do SINPRO Macaé e Região

(Sindicato dos Professores da Rede Particular)

Endereço: Alameda Casimiro de Abreu , 292 – 3º andar – Sala 02. Centro/ RO.


Realização: SEPE RIO DAS OSTRAS E SINPRO MACAÉ E REGIÃO

Contatos: Sepe Rio das Ostras e Casimiro - Tel.(22)2764-7730

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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Brasil: alto indíce de reprovação é desafio para Ensino Fundamental

Em agosto de 2010, a Unesco desenvolveu, junto com outras entidades representativas do setor educacional brasileiro, uma Carta compromisso pela Garantia do Direito à Educação de Qualidade. Os quatro compromissos destacados no documento fazem parte da proposta do novo Plano Nacional de Educação (PNE), atualmente em discussão no Congresso Nacional.

Embora não se possa negar os avanços, a necessidade de melhora do ensino brasileiro ainda é grande. A própria Unesco destaca que em 10 anos houve uma queda de 14,8% na reprovação nos anos iniciais de estudo no país, uma mudança expressiva. Ainda assim, o país está longe da média mundial de 2,9%, e precisa ampliar - rapidamente - os resultados.

Um dos problemas que também retém o avanço é a cultura da repetência que se mantém no sistema educacional. Embora as melhoras incluam a redução do analfabetismo e a ampliação do acesso à escola, os índices de reprovação e abandono escolar ainda são alarmantes. Dados do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - reforçam a constatação: em 2010, o índice de reprovação no ensino fundamental ficou em 10,3%; e em 12,5% no nível médio.

Além disso, os índices de aprovação do ensino fundamental mostram discrepâncias internas que ainda não foram alteradas. As regiões Sul e Sudeste têm 90,6% de aprovação, quase 10% a mais que a região Nordeste. Em todo país, cerca de 10,3% dos alunos do ensino fundamental foram reprovados em 2010 e quase a metade deles abandonaram os estudos, deixando clara a relação entre a reprovação e o desestímulo.

Fonte: globo educação


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Desigualdade racial na educação do País persiste, mas começa a diminuir

Embora ainda estejam longe do nível de escolaridade dos brancos, os negros estão deixando para trás a herança de poucos anos de estudos de seus pais. Pesquisa sobre cor e raça feita pelo IBGE em cinco Estados e no Distrito Federal mostra que a distância entre a escolaridade de pais e filhos é maior entre negros e pardos que entre brancos. A desigualdade racial na educação, no entanto, persiste.

A escolaridade dos filhos é muito maior que a dos pais em todas as raças, em consequência da ampliação do acesso à escola dos anos 1990 em diante. Especialistas destacam, porém, que os avanços entre negros e pardos são maiores porque partiram de bases muito baixas.

A proporção de filhos negros com 12 anos ou mais de estudos (pelo menos ensino médio completo) é quatro vezes maior que das mães e três vezes maior que dos pais da mesma cor. No caso dos brancos, a proporção de filhos na faixa mais alta de escolaridade é três vezes maior que das mães e o dobro dos pais.

Segundo a pesquisa, apenas 2,8% dos pais negros tinham 12 anos ou mais de estudos, enquanto os pais brancos chegavam a 9,7%. Entre mães negras, somente 2,1% tinham o ensino médio completo, índice que chegava a 6,9% entre as mães brancas.

Apesar do progresso em relação aos estudos dos pais, a diferença entre filhos negros e brancos continua gritante. Menos de um em cada dez filhos negros entrevistados pelo IBGE (9,2%) completou o ensino médio. Entre os brancos, quase um em cada quatro (23%) tinha pelo menos 12 anos de estudos.

A pesquisa mostrou que, entre todos os entrevistados, 49% se declararam brancos e 7,8% negros. No universo dos que têm 12 anos ou mais de estudos, as proporções se alteram: 71% eram brancos e apenas 4,5% negros.

Educadores apontam para a participação e o estímulo dos pais, mesmo aqueles de baixa escolaridade, como fatores fundamentais para o aprendizado dos filhos. Mas ressaltam que, nas famílias em que o estudo é pouco valorizado, a escola deve assumir o papel de incentivadora dos alunos.

Fonte: O Estado de São Paulo


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A privatização do ensino superior

Apesar de todos os problemas que causa, a expansão das instituições privadas continua a todo vapor.

No início da década de 1960, 40% das matrículas no ensino superior estavam no setor privado; em 2009, essa porcentagem já era 75%, uma das duas ou três mais altas do mundo. E todos os governos do último meio século contribuíram para que isso ocorresse. Durante a ditadura, a taxa de privatização cresceu para 65%. Após um período de redução (da ordem de 5%) ao longo da década de 1980, voltou a crescer durante o período de implantação do neoliberalismo, atingindo cerca de 70% por volta do ano 2000. Finalmente, em 2009, atingiu 75%.

Hoje, os governos municipais e estaduais e a União oferecem inúmeros subsídios e facilidades ao ensino privado, na forma de bolsas e monitorias, isenções de impostos e financiamento estudantil, como o Fies, programas como o ProUni, etc. O Plano Nacional de Educação, proposto pelo executivo federal, amplia aquelas facilidades ao estender o Fies à pós-graduação. Muitas ações dos governos estaduais vão na mesma direção. O número de bolsistas do ProUni continua aumentando ano a ano. Projetos de reforma universitária ou a absurda proposta de não mais exigir pós-graduação para exercer o magistério superior, ora em tramitação no Senado, deterioram as condições de estudo e trabalho e facilitam a expansão das instituições privadas. Uma das justificativas frequentemente usadas para a privatização da educação superior é a limitação financeira do setor público. Se isso fosse verdade, esperar-se-ia que a oferta de vagas públicas fosse menor nos Estados mais pobres e maior nos mais ricos. Entretanto, o que se observa é exatamente o oposto: no Estado de São Paulo, há uma vaga pública para cerca de 700 habitantes, situação significativamente pior do que nos demais Estados, mais pobres, onde há uma vaga pública para pouco mais do que 400 habitantes (dados de 2009), o que demonstra a prioridade política dada à privatização.

A redução da privatização durante a década de 1980, fruto da crise econômica (a chamada década perdida), ao contrário de ter sido um bom sinal, ilustra um dos problemas da privatização: a crise atinge o sistema educacional quando este depende das possibilidades financeiras da população. Assim, a educação, necessária para o enfrentamento da crise e melhoria das condições para o futuro, contribui para o seu agravamento.

Outro problema é o critério usado para o oferecimento de cursos pelas instituições privadas: suas planilhas financeiras. Isso faz com que haja uma enorme quantidade de cursos de forte apelo mercantil oferecidos nas regiões mais ricas e que dão pouquíssimas contribuições para o desenvolvimento econômico, social e cultural do país, ao mesmo tempo em que as regiões e profissões que mais necessitam reforços são abandonadas. Essas mesmas questões financeiras atingem, também, a qualidade dos cursos oferecidos, restringindo as possibilidades profissionais de seus estudantes e a contribuição que poderiam dar para o desenvolvimento das diferentes áreas de conhecimento, comprometendo o futuro do país.

Há, ainda, outros muitos problemas. Os programas governamentais destinados aos estudantes com bom desempenho e dificuldades econômicas, como o ProUni, fazem exatamente aquilo que deveríamos evitar: colocar bons estudantes em maus cursos e em más instituições, onde o tratamento oferecido é muito precário. Na enorme maioria dessas instituições, praticamente inexistem bons laboratórios e boas bibliotecas, possibilidades de programas sérios de iniciação científica, perspectivas de pós-graduação, grupos de pesquisa motivadores e ampla possibilidade de acesso aos professores. Subsídios para alimentação, saúde e moradia, especialmente importantes para estudantes desfavorecidos economicamente, também não existem. Se esses mesmos estudantes estivessem em universidades públicas não só eles ganhariam: todos seríamos beneficiados.

A privatização do ensino superior segue o mesmo roteiro de todas as outras privatizações: o discurso ideológico e de impossibilidade do setor público, os subsídios, o abandono do setor a ser privatizado, a criação das bases legais, os programas governamentais e as transferências diretas de recursos. Somando-se os subsídios e isenções de toda ordem ao faturamento das instituições, talvez o país já esteja gastando cerca de R$ 40 bilhões com seu sistema privado de ensino superior neste ano de 2011. Apesar de todos os problemas que causa, a expansão das instituições privadas continua a todo vapor. Graças a um sistema político dominado pelos interesses do capital, inclusive por meio do controle do financiamento eleitoral, o setor privatista é majoritário no Congresso Nacional e não se envergonha de apresentar propostas que respondem apenas aos interesses mercantis das instituições.

Será que não temos muito a aprender com os estudantes e os docentes chilenos?

* Otaviano Helene é professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), ex-presidente da Associação de Docentes da USP e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Mantém o blog http:blogolitica.blogspot.com/.

Fonte: Brasil de fato


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O caos da ordem

Em Londres, estamos perante a denúncia violenta de modelo que tem recursos para resgatar bancos, mas não os tem para uma juventude sem esperança

Os motins na Inglaterra são um perturbador sinal dos tempos. Está a ser gerado nas sociedades um combustível altamente inflamável que flui nos subterrâneos da vida coletiva sem que se dê conta.

Esse combustível é constituído pela mistura de quatro componentes: a promoção conjunta da desigualdade social e do individualismo, a mercantilização da vida individual e coletiva, a prática do racismo em nome da tolerância, o sequestro da democracia por elites privilegiadas e a consequente transformação da política em administração do roubo "legal" dos cidadãos. Cada um dos componentes tem uma contradição interna.

Quando elas se sobrepõem, qualquer incidente pode provocar uma explosão de proporções inimagináveis. Com o neoliberalismo, o aumento da desigualdade social deixou de ser um problema para passar a ser a solução.

A ostentação dos ricos transformou-se em prova do êxito de um modelo social que só deixa na miséria a maioria dos cidadãos porque estes supostamente não se esforçam o suficiente para terem êxito.

Isso só foi possível com a conversão do individualismo em valor absoluto, o qual, contraditoriamente, só pode ser vivido como utopia da igualdade, da possibilidade de todos dispensarem por igual a solidariedade social, quer como agentes dela, quer como seus beneficiários.

Para o indivíduo assim construído, a desigualdade só é um problema quando lhe é adversa; quando isso sucede, nunca é reconhecida como merecida. Por outro lado, na sociedade de consumo, os objetos de consumo deixam de satisfazer necessidades para as criar incessantemente, e o investimento pessoal neles é tão intenso quando se têm como quando não se têm.

Entre acreditar que o dinheiro medeia tudo e acreditar que tudo pode ser feito para obtê-lo vai um passo muito curto. Os poderosos dão esse passo todos os dias sem que nada lhes aconteça. Os despossuídos, que pensam que podem fazer o mesmo, acabam nas prisões.

Os distúrbios na Inglaterra começaram com uma dimensão racial. São afloramentos da sociabilidade colonial que continua a dominar as nossas sociedades, muito tempo depois de terminar o colonialismo político. Um jovem negro das nossas cidades vive cotidianamente uma suspeição social que existe independentemente do que ele ou ela seja ou faça.

Tal suspeição é tanto mais virulenta quando ocorre numa sociedade distraída pelas políticas oficiais da luta contra a discriminação e pela fachada do multiculturalismo.

O que há de comum entre os distúrbios da Inglaterra e a destruição do bem-estar dos cidadãos provocada pelas políticas de austeridade comandadas por mercados financeiros? São sinais dos limites extremos da ordem democrática.

Os jovens amotinados são criminosos, mas não estamos perante uma "criminalidade pura e simples", como afirmou o primeiro-ministro David Cameron.

Estamos perante uma denúncia política violenta de um modelo social e político que tem recursos para resgatar bancos e não os tem para resgatar a juventude de uma vida sem esperança, do pesadelo de uma educação cada vez mais cara e mais irrelevante, dados o aumento do desemprego e o completo abandono em comunidades que as políticas públicas antissociais transformaram em campos de treino da raiva, da anomia e da revolta.

Entre o poder neoliberal instalado e os amotinados urbanos há uma simetria assustadora. A indiferença social, a arrogância, a distribuição injusta dos sacrifícios estão a semear o caos, a violência e o medo, e os semeadores dirão amanhã, genuinamente ofendidos, que o que semearam nada tem a ver com o caos, a violência e o medo instalados nas ruas das nossas cidades.

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS, sociólogo português, é diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal). É autor, entre outros livros, de "Para uma Revolução Democrática da Justiça" (Cortez, 2007).


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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Movimento “PNE pra Valer!” divulga cálculos que justificam 10% do PIB para educação

Na próxima quarta-feira, 17/8, o movimento “PNE pra Valer!”, criado e coordenado pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, irá divulgar Nota Técnica que justifica a aplicação do equivalente a 10% do PIB (Produto Interno Bruto) em educação no país.

Este valor é defendido pela Campanha desde que o PL 8035/2010 (PNE – Plano Nacional de Educação) começou a tramitar no Congresso Nacional, em 15 de dezembro de 2010. A Campanha vem incidindo na criação do novo PNE desde as etapas municipais da Conae (Conferência Nacional de Educação). Em fevereiro de 2011, a rede apresentou 101 emendas ao projeto de lei.

A Nota Técnica mostra que os 7% do PIB propostos pelo Governo Federal são insuficientes para oferecer um padrão mínimo de qualidade aos estudantes brasileiros. O documento encontra-se embargado até a data de divulgação, que acontecerá na manhã de quarta-feira, 17/8, em Brasília, como parte da programação do 6º Encontro Nacional da Campanha, aberto à imprensa. À tarde, cerca de 100 participantes do Encontro seguirão em peso ao Congresso Nacional para “arrastão” nos gabinetes dos deputados que compõem a Comissão Especial do PNE, para divulgação e entrega da nota. Algumas audiências já estão agendadas com lideranças educacionais da Câmara dos Deputados.

Encontro da Campanha – O 6º Encontro Nacional da Campanha acontece de 15 a 17 de agosto, na Casa de Retiros Assunção, em Brasília. O principal assunto a ser discutido é o PNE, que vai estabelecer as metas para a educação no Brasil nos próximos dez anos. Participarão cerca de 100 pessoas, entre dirigentes da Campanha, pesquisadores e ativistas da área de educação, provenientes de 22 Estados.

Serviço
Divulgação de Nota Técnica: 10% do PIB para o PNE
Quando: 17/08, quarta-feira
Horário: 10h30
Onde: Casa de Retiros Assunção, Avenida L2 Norte 611 S Módulo E – SGAN, em Brasília -DF.

Informações à imprensa
Jéssica Moreira – estagiária de comunicação social
Tel.: (11) 3159-1243
Cel.: (11) 8156-0246


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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Mais de 40% dos alunos das universidades federais são das classes C, D e E

da Agência Brasil

 Cerca de 43% dos estudantes das universidades federais são das classes C, D e E. O percentual de alunos de baixa renda é maior nas instituições de ensino das regiões Norte (69%) e Nordeste (52%) e menor no Sul (33%). É o que mostra pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que será lançada hoje (3), sobre o perfil dos estudantes das universidades federais.

Para a Andifes, o resultado do estudo, que teve como base 22 mil alunos de cursos presenciais, desmistifica a ideia de que a maioria dos estudantes das federais é de famílias ricas. Os dados mostram, entretanto, que o percentual de alunos das classes mais baixas permaneceu estável em relação a outras pesquisas feitas pela entidade em 1997 e 2003.

Segundo o presidente da Andifes, João Luiz Martins, as políticas afirmativas e a expansão das vagas nas federais mudaram consideravelmente o perfil do estudante. A associação avalia que se não houvesse as políticas afirmativas, o atendimento aos alunos de baixa renda nessas instituições teria diminuído no período.

Martins destaca que se forem considerados os estudantes com renda familiar até cinco salários mínimos (R$ 2.550), o percentual nesse grupo chega a 67%. Esse é o público que deveria ser atendido – em menor ou maior grau – por políticas de assistência estudantil. A entidade defende um aumento dos recursos para garantir a permanência do aluno de baixa renda na universidade. “Em uma família com renda até cinco salários mínimos, com três ou quatro dependentes, a fixação do estudante na universidade é um problema sério”, diz Martins, que é reitor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).

O estudo identifica que 2,5% dos alunos moram em residência estudantil. Cerca de 15% são beneficiários de programas que custeiam total ou parcialmente a alimentação e um em cada dez recebe bolsa de permanência.

Vânia Silva, 26 anos, ex-aluna do curso de pedagogia da Universidade de Brasília (UnB), contou, ao longo de toda a graduação, com bolsas e outros tipos de auxílio. No primeiro semestre, a ajuda era de R$ 130, insuficiente para os gastos com alimentação, transporte e materiais. Ela participou de projetos de pesquisa e extensão na universidade para aumentar o benefício e conseguiu moradia na Casa do Estudante. Mas viu colegas desistirem do curso porque não tinham condições de se manter.

“Para quem quer ter um bom desempenho acadêmico, o auxílio é muito pequeno. Esse dinheiro eu deveria gastar em livros ou em viagens para participar de encontros de pesquisadores, mas usava para custear minhas necessidades básicas”, conta. Hoje, ela é aluna de pós-graduação e a bolsa que recebe continua sendo insuficiente para os objetivos que pretende alcançar. “Já tive trabalhos inscritos até em congressos internacionais, mas com essa verba não dá para bancar uma viagem”, diz.

Os reitores destacam que a inclusão dos estudantes das famílias mais pobres não é a mesma em todos os cursos. Áreas mais concorridas como medicina, direito e as engenharias ainda recebem poucos alunos com esse perfil. Cerca de 12% das matrículas nas federais são trancadas pelos alunos e, para a associação, a evasão está relacionada em grande parte à questão financeira.

“Em outras parte do mundo, a preocupação do reitor é com a qualidade do ensino e com a pesquisa. Mas aqui, além de se preocupar com um bom ensino, ele também tem que se preocupar com a questão social”, compara Álvaro Prata, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Para 2012, a Andifes reivindicou ao Ministério da Educação (MEC) que dobre os recursos destinados à assistência estudantil. A previsão é que a verba seja ampliada dos atuais R$ 413 milhões para R$ 520 milhões, segundo a entidade. “Com a política de cotas e a expansão da UnB para as cidades satélites, houve um aumento muito grande.

Fonte: Agência Brasil

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A gente quer estudar

A realidade em que vivemos no campo brasileiro nos faz refletir sobre como podemos superar tantas dificuldades para continuar vivendo em um lugar em que milhares de crianças, jovens e adultos têm seus direitos fundamentais negados pelo Estado. Sem terra, trabalho, renda, uma boa casa, posto de saúde e educação básica...

Não é desistindo de viver no campo que se resolve essas questões, uma vez que os centros urbanos não são uma solução para os problemas. Muito pelo contrário: o crescimento da população das cidades tem como consequência falta de emprego, de educação com qualidade, saúde, moradia e alimentação. Por isso, vemos na TV tantos casos de violência...

O MST, a partir da luta pela Reforma Agrária, tem demonstrado o potencial de organização quando aliamos a defesa dos direitos fundamentais a um projeto popular dos trabalhadores. Em toda a nossa trajetória de luta, somente quando nos organizamos conseguimos romper a cerca dos latifúndios que impedem o acesso às políticas públicas ao povo do campo. Assim é em relação à Reforma Agrária, assim é em relação à educação.

No conjunto das ações que o Movimento desenvolve, a luta pela educação é uma das prioridades. Nesse sentido, o acesso à escola pública para as crianças, jovens e adultos é a principal bandeira de luta. Por que a escola tem que ser pública? Defendemos que educação é uma construção da humanidade, que não se vende nem se compra.

Um elemento importante para essa discussão é o tema do transporte escolar. Por que a escola não pode estar no campo? Uma escola do campo pode corresponder à realidade dos jovens que vivem nas áreas rurais. Além disso, os educandos teriam mais tempo para estudar, em vez de aguardar passar o ônibus e perder muito tempo no trajeto de

ida e volta. Não podemos cair no debate imposto aos jovens dos assentamentos de defender ou não o transporte escolar que leva os educandos para uma escola fora do campo. O debate é outro.

Isso acontece porque o Estado alega, para fechar as escolas no campo, que há um número pequeno de educandos. Por isso, não compensa financeiramente para o Estado. Só que um dos principais problemas para a baixa qualidade das escolas das cidades é o excesso de alunos. Estar nas aulas mas não ter atenção necessária do professor e não aprender é um problema tão grande quanto estar fora da escola. Nós temos que nos adaptar ou o Estado deve garantir os nossos direitos? Nesse sentido, nossa pergunta poderia ser: se a educação é um direito garantido em lei, por que uma escola não pode ter poucos educandos? Por que a nucleação não pode estar no próprio campo? Por que precisamos sair do campo quando queremos ir para a universidade?

Educação é um bem da humanidade! Viver no campo já é uma forma de resistir e de lutar, mas principalmente romper o silêncio. O desafio é denunciar a situação e enfrentar a partir da organização e luta.

Com isso, podemos obter conquistas de políticas públicas capazes de legitimar o campo como espaço de vida, de cultura, de lazer, de educação, de profissionalização e produção.
Só que o modelo capitalista de educação defende o conceito de “capital humano”, que faz dos seres humanos apenas mão de obra, força de trabalho a serviço dos interesses dos capitalistas. Os jovens são o alvo principal desse sistema e seu modelo de educação.

Um povo sem educação não tem elementos para compreender a realidade em que vive. Com isso, “serve” apenas para integrar um contingente de pessoas com pouca qualificação. Já aqueles que têm acesso a uma educação restrita ao trabalho reforça a massa de capital humano qualificado ao mercado.
No campo, o projeto capitalista se sustenta nas grandes extensões de terra nas mãos de poucas empresas, que tem o controle da produção. É isso que chamamos de agronegócio. Esse modelo não precisa de escolas nem de políticas públicas, pois nesse projeto não existem comunidades ou assentamentos. Não tem a necessidade de povo. No máximo, gente para trabalhar.

Alguns dados:
Menos escolas, menos estudantes... No meio rural, em 2002, existiam 107.432 escolas. Já em 2009, reduziu para 83.036. Foram fechadas 24.396 escolas, sendo 22.179 municipais.
O número de matrículas no meio rural, nos referidos anos, reduziu de 7.916.365 para 6.680.375 educandos. Um número de 1.235.990 de jovens estão sem escola ou foram obrigados a estudar na cidade.

Fonte: MST
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MEC vai pagar R$ 372 milhões pela aplicação de próximas edições do Enem

da Agência Brasil
 As edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) dos próximos 12 meses vão custar cerca de R$ 372 milhões ao Ministério da Educação. O valor será repassado pelo Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep) ao consórcio responsável pela realização da prova, formado pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe-UnB) e a Fundação Cesgranrio.

O valor é considerado um “teto estimado” e deve custear a realização de pelo menos duas edições do Enem nos próximos 12 meses: a próxima, marcada para os dias 22 e 23 de outubro e a do primeiro semestre de 2012, prevista para os dias 28 e 29 de abril. O consócio foi contratado com dispensa de licitação. Na última edição do Enem, em 2010, o Inep pagou R$128,5 milhões pela aplicação e correção das provas ao mesmo consórcio.

O contrato prevê a prestação de serviços como aplicação do exame, contratação e treinamento de fiscais e correção das redações. O valor não inclui a impressão das provas, que será feita pela gráfica RR Donelley, a mesma que imprimiu os testes na última edição, nem a operação de logística e a distribuição, coordenada pelos Correios.

Fonte: Agência Brasil

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IMPACTOS DA CRISE MUNDIAL NO BRASIL



Os efeitos da crise dos Estados Unidos e da Europa sobre a "vida real" no Brasil ainda são incertos. Segundo o diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, as medidas adotadas pelo governo federal para controlar o fluxo de capitais e para estimular a indústria vão na direção correta. Ele reconhece que é necessário ainda promover ações de controle de gastos públicos, sem redução de investimentos, e aumento da arrecadação, com incentivo à formalização da economia.


Uma semana depois de os Estados Unidos viverem a iminência de decretar moratória e com o anúncio do rebaixamento de nota dos títulos do Tesouro norte-americano por agências de classificações de risco, bolsas de valores de todo o mundo operaram em fortes baixas na segunda-feira (8). A crise na Europa dá sinais de que pode ser ainda mais profunda e atingir, além de Grécia, Portugal e Itália, países como a França.

Apesar de o epicentro da crise estar nos países desenvolvidos, os efeitos são motivo de preocupação também para nações emergentes, como o Brasil. "No curtíssimo prazo, há o impacto nas bolsas, mas neste mês não dá para sentir impacto na vida real, a não ser essa insegurança entre as empresas sobre o futuro", explica Clemente. A insegurança é de que os "países avançados" entrem em recessão

"A questão (para o Brasil) é como preservar o desenvolvimento, fortalecendo empresas nacionais, e quanto a crise trará de restrição ao nosso crescimento", avalia. "A única chance que temos é que o mercado interno sustente o crescimento", resume Clemente. Em 2008, durante a crise financeira, foi o consumo das famílias que garantiu a evolução da economia.

"Se tivermos 4% ou 4,5% enquanto o mundo cresce nada, está ótimo. E com essa taxa continuaremos tendo queda do desemprego. Mas precisamos garantir nível de atividade que crie emprego e renda, com mercado interno sustentando uma taxa de crescimento, para, enquanto isso, enfrentarmos nossas mazelas, como as desigualdades regionais."

Entre os impactos de um cenário de retração nos Estados Unidos e na Europa, Clemente cita a eventual dificuldade para se exportar. Outro efeito seria a possibilidade de o país, por ter um desempenho econômico relativamente melhor do que o do resto do mundo, passar a ser visto por outras nações como destino para desovar produtos.

Os desafios colocados envolvem a manutenção de equilíbrio macroeconômico – inflação controlada e cenário fiscal equilibrado, evitando aumento de despesas descolado da elevação da receita tributária. Embora a recessão externa diminua a pressão sobre preços, esse tipo de medida impõe restrições às ações do governo.

Campanha salarial

Em relação às campanhas salariais, o economista do Dieese prevê impactos apenas em médio e longo prazos. Apesar disso, ele prevê uma conduta "mais defensiva" das empresas nas negociações do segundo semestre – em setores como bancários, metalúrgicos, petroleiros e químicos.

"Evidentemente que, ao diminuir o risco de pressão inflacionária, aumenta a capacidade das empresas em conceder aumento real de salário, mas a redução do crescimento pode gerar outros problemas", afirma Clemente. A médio prazo, os impactos sobre negociações salariais devem ser maiores em setores voltados para a exportação e a produção de bens manufaturados, por serem mais influenciados pelo cenário internacional.

Ação do governo

As medidas adotadas pelo governo, na visão do economista, vão na linha de ampliar a capacidade de intervenção do Estado, seja no controle dos fluxos financeiros, seja no incentivo e na dinamização da indústria nacional. "Se são suficientes, é uma interrogação, porque os problemas podem ser muito maiores."

A necessidade de divulgar as iniciativas de modo gradual é uma estratégia necessária para lidar com os investidores. "O anúncio de uma medida muito forte pode produzir, nos agentes econômicos, a impressão de que a situação do país é muito ruim", analisa Clemente. Ainda assim, o governo provavelmente irá adotar um conjunto de medidas, que crie a capacidade do Estado de diminuir a pressão internacional.

Segundo Clemente, parte das ações poderá buscar controle sobre despesas com pessoal, o que aumenta conflitos com o funcionalismo público. Outras despesas de "custeio" possivelmente serão enfrentadas com novas restrições a contratações. Ainda entre as medidas "ruins" da agenda para enfrentar a crise, a mais grave seria retardar investimentos, como os previstos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

"É necessário também melhorar a capacidade do Estado de arrecadar, não aumentando impostos, mas aumentando a formalização", sustenta Clemente. "Precisamos de medidas que caminhem nessa perspectiva de controle do gasto visando aumentar a capacidade da economia de resistir à crise internacional."

Juro

Para lidar com a inflação em alta, a autoridade monetária promoveu, em 2011, cinco altas concecutivas da taxa básica de juros da economia (Selic), de 10,75% para 12,5% ao ano. O efeito colateral da medida foi aumentar a atração de recursos para o país, incluindo investimentos de curto prazo, interessados em lucrar com o juro alto.

De acordo com Clemente, há convergência entre economistas de que a taxa de juros no Brasil está mal posicionada internacionalmente – é a mais alta do mundo, mesmo descontada a inflação. "Mas a partir daí, não há mais convergência nenhuma", constata. Ele acredita que a recessão internacional coloca novamente para o Brasil a oportunidade de criar condições para reduzir os juros.

"Os juros não são altos apenas porque o presidente do BC está vendido para o mercado ou algo assim, não é simples questão de vontade. A questão é se conseguiremos criar as condições macroeconômicas para baixar a taxa de juros e mantê-la baixa", analisa.

Na lista de medidas para se livrar dos juros altos há iniciativas variadas, da eliminação da indexação da economia (ainda presente em contratos de concessões públicas corrigidos anualmente pela inflação) à redução da proporção entre a dívida do setor público e o Produto Interno Bruto (PIB) anual, passando por desvincular a dívida da taxa Selic. Clemente ainda vê necessidade de ampliação dos patamares de poupança interna para assegurar investimento produtivo.

Fonte: rede Brasil atual e altamiro borges

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