quinta-feira, 31 de março de 2011

Entrevista Fala Feteerj com a professora Guilhermina Rocha: Mulheres querem políticas públicas

Guilhermina Rocha, 41, carioca de Realengo, é professora há mais de 20 anos.
Ela é especialista em Educação pela Uerj e professora de História, formada pela UFF.
Dirigente da Feteerj e do Sinpro-Macaé, atua nas redes pública e privada, como boa parte da categoria
Por Claudia Santiago
Fala Feteerj. Qual a diferença entre ser professora da Rede Pública e da Rede Privada?

Guilhermina Rocha. De 80 a 90% atuam nas duas redes. Trabalhamos em vários municípios. Na nossa base, temos professores que trabalham no Rio, em Rio das Ostras e em Macaé.Temos uma pauta em comum por melhores salários, boas condições de trabalho, cuidados com a saúde, reajuste salarial e plano de cargos e salários. Nas duas redes, os salários, com exceção das escolas de excelência e das escolas federais, se equivalem. A principal diferença é a autonomia. Na Rede Pública tem-se mais liberdade para trabalhar. Na rede privada, o controle é maior.
Fala Feteerj. E o piso salarial?
Guilhermina. Na rede pública temos o piso salarial nacional que ainda não é respeitado em todos os municípios. O piso foi muito importante para alguns estados nos quais o salário do professor não era sequer
equivalente ao salário mínimo. Precisamos, agora, do piso salarial nacional na educação privada.
Fala Feteerj. O piso nacional é muito importante, não?
Guilhermina. Não só o piso. É preciso pensar a complexidade do sistema de educação e criar uma unidade de ação através da qual o acesso à informação se dê de maneira direta. Os municípios, hoje, têm recursos para investir em educação, mas muitos usam verbas do Fundeb para pagamento de salário. Passarmos de Fundef para Fundeb foi um avanço. O ensino infantil foi incluído. Mas queremos mais. Da creche à universidade.
Fala Feteerj. O salário é o principal problema da categoria?

Guilhermina. Sim.
Fala Feteerj. E quais os outros?
Guilhermina. Se as demandas da sociedade crescem, a demanda da escola também cresce. A escola não é uma ilha. O Sindicato dos Professores precisa dialogar também com os alunos e pais e por isto estou na vice-presidência do Conselho da Criança e do Adolescente de Rio das Ostras. Vamos realizar o 1º Seminário de Educação de Rio das Ostras, em abril. Vamos nos debruçar sobre três temas: saúde do professor, condições de trabalho e direitos, prática pedagógica e bullying.
Fala Feteerj. Como está a vida da mulher na educação?

Guilhermina. O movimento de mulheres tem uma forte relação com a educação. Foi a luta das mulheres que colocou na Constituição de 1988 o direito à creche. O problema é que artigos da Constituição não são cumpridos e este é um deles.
Fala Feteerj. A luta por creche é atual?
Guilhermina A luta por creche é sempre uma bandeira do movimento de mulheres. É uma bandeira histórica e bonita. Sem a creche os movimentos das mulheres ficam limitados.Por isso, fizemos o Movimento dos Fraldinhas Pintadas e lutamos pela inclusão da educação infantil no Fundeb, regulamentada pela LDB.
Fala Feteerj. O Brasil elegeu uma mulher presidente.

Guilhermina. Mas caiu o número de mulheres com mandato político e nós nunca tivemos uma mulher presidindo a Câmara dos Deputados ou o Senado, embora exista uma PEC da deputada Luiza Erundina
(PSB-SP) que garante às mulheres vaga nas mesas diretoras da Câmara e do Senado.
Fala Feteerj. Qual a principal questão do movimento de mulheres, hoje?

Guilhermina. Entender qual papel a mulher exerce na sociedade, debater a opressão profissional, a violência
masculina, o aborto. Hoje, lutamos por igualdade entre os sexos, pelo fim de problemas secularee também por políticas públicas que projetam os interesses das mulheres.
Fala Feteerj. Que tipo de política pública?
Guilhermina. A creche, por exemplo. A educação, o trabalho, o saneamento. Tudo isso recai sobre a
mulher quando o Estado falha no cumprimento de suas obrigações.Se os municípios não provêm as cidades
com creches públicas, há uma proliferação de creches particulares. Muitas sem a qualidade necessária. O mesmo caso é a gravidez não planejada. O fardo de ter ou não o filho recai sobre a mulher e a sua saúde.
Fala Feteerj. Qual sua posição sobre a descriminalização do aborto?
Guilhermina Pessoalmente sou contra o aborto, mas não é uma questão de ser contra ou a favor. Por trás do aborto temos questões de saúde, prevenção da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis. O aborto precisa ser discutido amplamente.
Fala Feteerj. E os sindicatos? Estão enfrentando bem as questões de gênero?
Guilhermina. Nossa categoria é majoritariamente feminina, embora hoje cresça consideravelmente o número de homens no ensino fundamental. Nos sindicatos da rede pública de educação, a participação das mulheres em órgão de direção ou na presidência dos sindicatos é maior do que nos sindicatos da rede privada. A Feteerj está enfrentando esta questão. Criamos o nosso Coletivo de Mulheres, no ano passado e agora, no final do ano distribuímos para a nossa base uma agenda sobre a participação das mulheres na história do Brasil e do mundo.
Fala Feteerj. O que querem as mulheres da Feteerj?

Guilhermina. Regulamentação da licença maternidade para 180 dias
. Trabalho igual, salário igual
. Regulamentação da licença paternidade
. Políticas públicas
. Gênero e educação
. Descriminalização do aborto

Fonte: http://www.feteerj.org.br/

 
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O desafio do novo marco regulatório brasileiro

Pela primeira vez na história, o Ministério das Comunicações foi ocupado pelo representante de um partido de esquerda. Mesmo nos oito anos de governo Lula, o comando da pasta ficou a cargo de nomes indicados por legendas da base aliada, alguns deles com íntima relação histórica com os grupos nacionais de radiodifusão, como foi o caso de Hélio Costa.

Por Jonas Valente*

A chegada de Paulo Bernardo, com a experiência de já ter sido titular da pasta do Planejamento, vem sendo cercada de expectativas. A principal delas é o encaminhamento da reforma da legislação da área. A aprovação de um novo marco regulatório é demanda antiga de especialistas, sindicalistas e de várias entidades que lutam pela democratização da comunicação.

No último ano do governo Lula, sua importância foi percebida. No entanto, o tempo foi suficiente apenas para que um grupo comandado pela Secretaria de Comunicação do Governo, com o então ministro Franklin Martins à frente, elaborasse uma proposta como legado à nova gestão do Executivo Federal.

Parte do projeto já veio à tona por meio da imprensa especializada. Fala-se em uma reorganização institucional, cujo marco central seria a transformação da Agência Nacional de Cinema em Agência Nacional de Comunicação. Ela teria atribuições de fiscalização dos conteúdos e das outorgas dadas aos entes privados que exploram serviços como rádio e televisão.

Ainda na parte de conteúdos, seriam definidas regras para garantir a presença de produção nacional, regional e independente nos veículos. Bem como medidas para proteger segmentos vulneráveis, como crianças. A proposta, de acordo com notícias divulgadas, adotaria uma arquitetura convergente, tratando serviços de forma transversal às plataformas. Isso significa que em vez de televisão, rádio, TV a Cabo, teríamos três modalidades de serviços: de comunicação social, de comunicação eletrônica e de comunicação em rede.

No caso daqueles audiovisuais, haveria uma divisão em lineares (programação de TV aberta, por exemplo) e não-lineares (vídeos não organizados em programações), abertos ou fechados. Em relação à propriedade, seria mantido o limite de 30% ao capital estrangeiro e haveria uma divisão entre as fases da cadeia: produção, programação e distribuição.

Além da técnica: que mídia queremos?

O debate sobre o novo marco regulatório não pode ficar circunscrito aos gabinetes do governo federal, aos bancos acadêmicos ou às rodas de especialistas e pesquisadores. É preciso que sua carcaça hermética seja despida, de modo a colocá-lo sob a perspectiva essencial que possui. Que tipo de comunicação queremos no Brasil? A resposta enseja um raciocínio que identifique o que não atende aos interesses da população e o que deve ser mudado. Elencamos aqui cinco nós críticos que precisam ser resolvidos nesse processo.

O primeiro é o caráter excessivamente comercial da nossa comunicação. No caso da televisão, por exemplo, as corporações controlam 80% das emissoras, 90% do financiamento e 95% da audiência. Enquanto isso, os meios públicos e comunitários lutam para sobreviver. No primeiro caso, a Empresa Brasil de Comunicação avançou, mas ainda está longe de se consolidar como alternativa real junto à população.

No segundo caso, as rádios comunitárias continuam sendo perseguidas e as TVs comunitárias permanecem relegadas à prisão da TV a Cabo. O novo marco precisa, portanto, retirar essas modalidades da condição marginal, abrindo espaço no espectro para as emissoras, permitindo fontes de financiamento sustentáveis, ampliando radicalmente a participação e estabelecendo contornos de uma programação feita para, com e pelo público.

O segundo é o caráter concentrado e verticalizado da mídia brasileira. O modelo, baseado em poucos grupos estruturados em cabeças-de-rede e afiliadas, constituído no país, faz com que, de Uruguaiana (RS) a Coari (AM), se veja e se ouça a perspectiva do eixo Rio-São Paulo. Sabe-se mais sobre o Leblon e a Vila Madalena do que sobre o Nordeste e o Norte do país.

Pesquisa do Observatório do Direito à Comunicação em 11 capitais mostrou que as afiliadas exibem apenas 10% de conteúdos próprios. Assim, outro desafio do marco é quebrar essa estrutura de oligopólio vertical, ampliando o número de fontes de informação e determinando limites para garantir a exibição de conteúdos realizados nas cidades das emissoras.

O terceiro, que deriva do anterior, é o cenário de faroeste no sistema de outorgas dos serviços de comunicações. Na radiodifusão, temos quase uma terra sem lei, em que os exploradores desrespeitam a constituição e a lei sem qualquer represália. A posse de emissoras por políticos, a exibição de publicidade além do limite de 25% e a veiculação de conteúdos discriminatórios são apenas alguns dos exemplos.

Além disso, o poder público peca pela falta de transparência e se ausenta quase que integralmente da responsabilidade de fiscalizar essas concessões. Por esses motivos, o novo marco deve tratar com atenção o sistema de autorizações, definindo critérios que atendam os interesses dos cidadãos e fiscalizando frequentemente o seu cumprimento de forma transparente.

O quarto nó crítico é a exclusão no acesso aos serviços de comunicação, em especial ao de telecomunicações. Na telefonia móvel, cobramos tarifas das mais altas do mundo. Não por isso, temos mais de 190 milhões de aparelhos, porém, mais de 80% são pré-pagos e com baixo consumo na ligação. Na fixa, vivemos com uma taxa injustificável: a assinatura básica.

A TV por assinatura chega a 9 milhões de lares apenas. Nossa internet é, segundo o próprio governo federal, cara, lenta e de má qualidade. Embora políticas de acesso não sejam exclusividade de normas, elas podem, sim, determinar a oferta aos cidadãos e as modalidades de serviço. Entre elas, por exemplo, definir que a internet em banda larga seja prestada em regime público, tendo, portanto, obrigações de universalização e controle tarifário.

O quinto obstáculo que precisa ser resolvido é a impermeabilidade dos órgãos do poder público à população. Enquanto o Ministério das Comunicações sempre foi a casa dos radiodifusores e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mantém abertura às telefônicas e outras operadoras, sindicatos e ativistas sempre sofreram para realizar a interlocução. Até a Conferência Nacional de Comunicação – evento proposto apenas para debate de idéias – acabou seriamente ameaçada pela resistência do setor empresarial em abrir a discussão sobre a área.

Problemas antigos e novas soluções

O novo marco regulatório deve dar conta de uma extensa demanda democrática do século 20, que passar basicamente por desconcentrar o setor, ampliar a pluralidade e diversidade, fortalecer mídias públicas e comunitárias e colocar os órgãos públicos a serviço dos cidadãos. Mas precisa conjugar tais soluções com os desafios da convergência de mídias, que unifica serviços em plataformas e terminais e pressiona o setor para mais liberalização e mais concentração, a despeito da aparente aura de ampliação das fontes informativas.

Tal cenário, repetimos, não deve colocar a primazia da técnica. Os objetivos sociais não mudam, mas assumem novas formas. Partindo dessa reflexão, argumentamos que o novo marco precisa tomar como princípio a comunicação como direito humano e a democracia como cerne transversal. A construção da arquitetura deve, destarte, basear-se na definição dos serviços, entendidos como as atividades relacionadas à comunicação que impactam e servem aos cidadãos. Esses serviços têm de ser observados tanto da qualidade da prestação, o que envolve medidas anti-concentração e de garantia de padrões, quanto dos impactos que se pretende provocar.

A primazia do interesse da população sobre a técnica deve ser questão de mérito, e também de método. Por esta razão, esse novo marco precisa ser submetido a amplo debate, assim como ocorreu na Argentina. Como é conhecida a atuação dos setores empresariais no Congresso, para que a(s) nova(s) lei(s) não seja(m) apenas um arranjo para distribuir o lucro do setor, ela precisa ser fruto de uma reflexão coletiva e no seio da sociedade. Talvez assim seja possível atacar de frente os nós críticos que impedem nossa comunicação de alcançar sua plenitude democrática.

* Jonas Valente é integrante da Coordenação Executiva do Coletivo Brasil de Comunicação Social (Intervozes), secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal e pesquisador do Laboratório de Políticas e Comunicação da Unb (Lapcom)

Fonte: Vermelho

 
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Quem tem medo da democracia no Brasil?

Por Emir Sader

O Brasil saiu da ditadura política, mas as transformações estruturais que poderiam democratizar o país nos planos econômico, social e cultural, não foram realizadas. O governo Sarney representou essa frustração, essa redução da democratização aos marcos liberais da recomposição do Estado de Direito e dos processos eleitorais.

Em seguida o país foi varrido pelas ondas neoliberais – com os governos de Collor, Itamar e FHC – sofrendo graves retrocessos no plano econômico – com a retração do Estado, com a abertura da economia, com as privatizações –, no plano social – com o retrocesso nas políticas sociais, com a expropriação de direitos da maioria, a começar pela carteira de trabalho –, no plano politico – com o poder do dinheiro corrompendo os processos eleitorais – e no plano cultural – com a consolidação dos grandes monopólios privados da mídia, que concentraram nas suas mãos a formação da opinião pública.

Foi nesta década que esse processo começou a ser revertido e o Brasil pôde retomar seu processo de democratização. No plano econômico, com o Estado retomando seu papel de indutor do crescimento promovendo o acesso ao crédito a pequenas e médias empresas, com a expansão do mercado interno de consumo popular. No plano social, com a incorporação, pela primeira vez, das grandes maiorias de menor renda ao mercado de consumo e à possibilidade de ter formas de atividades econômicas rentáveis e sustentáveis. No plano político, quebrando o controle das elites mais atrasadas sobre as massas de regiões periféricas do país, com a participação nas políticas governamentais e nos processos eleitorais dos movimentos populares e dos setores até então marginalizados e subordinados politicamente. E no plano cultural, com alguns avanços, como a descentralização das publicidades governamentais, com o surgimento e fortalecimento de mídias alternativas – especialmente da internet –, assim como com um discurso que levanta a autoestima do país, quebra preconceitos em relação ao papel da mídia privada e de comportamentos egoístas da elite brasileira.

Mas as resistências não se fizeram esperar. As pressões para que o Brasil mantenha a taxa de juros mais alta do mundo, que atrai capital especulativo – que não cria nem riquezas, nem empregos, que ajuda a desequilibrar a balança comercial, entre tantos problemas – continuam fortes. Esse mecanismo impede a democratização econômica do país, porque concentra nas mãos do sistema financeiro a maior quantidade de recursos, com taxas de juros altas dificulta o acesso ao crédito, monopoliza recursos do Estado para o pagamento da dívida pública. O PAC é o grande instrumento de reconversão da hegemonia do capital especulativo para o capital produtivo, mas ele corre contra a atração da alta taxa de juros. A democratização econômica requer terminar com essa atração do capital, pela alta taxa de juros, para o setor financeiro.

A democratização social encontra obstáculos nos que se opõem à integração plena dos setores até aqui completamente marginalizados. A democratização social tem seus principais obstáculos nos que lutam para bloquear a expansão dos recursos para as políticas sociais que promovem os direitos de todos e nos preconceitos que continuam a ser difundidos contra os mais pobres e os habitantes das regiões até aqui marginalizadas do país.

A democratização política se choca com os que se opõem a uma reforma política que faça com que as campanhas se apoiem exclusivamente em financiamento publico e em votos por lista, que favorecem o fortalecimento ideológico e político dos partidos. Mas encontra obstáculos também nos partidos e movimentos populares que não se dedicam a apoiar a organização dos setores que chegam agora a seus direitos econômicos e sociais básicos, seja os que estão integrados ao Bolsa Família, seja a cooperativas e pequenas empresas, seja a programas como os Pontos de Cultura e outros similares.

A democratização cultural significa que as distintas identidades do povo brasileiro possam construir seus próprios valores para orientar suas vidas, suas próprias formas de expressão cultural, possam ter acesso às múltiplas formas de cultura. Que possa se libertar dos modelos de consumismo importados e difundidos pela mídia comercial, pela publicidade massiva, pelos valores divulgados pelos representantes dos grandes monopólios.

Significa o direito de ter acesso livre e universal à internet, possa ter acesso à cultura como bem comum, que possa ter acesso a livros, a músicas, a pinturas, a peças de teatro, a filmes, a todas as formas de cultura e que tenha possibilidades de produzir suas próprias formas de expressão.

A democratização cultural enfrenta obstáculos na gigantesca máquina de interesses econômicos privados dos monopólios que dominam a mídia, o setor editorial, o audiovisual. Enfrenta ainda os setores mercantis que tentam dominar e controlar a livre produção e consumo culturais, as corporações que se apropriam dos recursos fundamentais das obras artísticas, incentivando ainda mais o poder econômico sobre a esfera cultural. Só mesmo um imenso processo de democratização da cultura poderá fazer do Brasil um país realmente independente, soberano, justo, plural.

Quem tem medo da democracia no Brasil? As elites, que fizeram do nosso país o mais desigual do mundo, e agora se ressentem da inclusão social dos que sempre foram postergados, discriminados, humilhados, ofendidos, marginalizados. São os que sempre tiveram todos os privilégios e acreditavam que o país era deles, que o Brasil era das elites brancas e ricas.

Quem tem medo da democratização tem medo dos trabalhadores, que produzem as riquezas do Brasil. Tem medo dos trabalhadores sem terra, que querem apenas acesso à terra no país com maior área cultivável no mundo, importa alimentos, mas mantém milhões de gente no campo sem acesso à terra. Tem medo dos jovens, que não leem jornais, mas leem e escrevem na internet, irreverentes, que lutam pela liberdade de expressão e de formas de viver, em todas as suas formas. Tem medo dos intelectuais críticos e independentes, que não tem medo do poder dos monopólios e da imprensa mercantil e suas chantagens. Tem medo dos artistas e da sua criatividade sem cânones dogmáticos e sem pensar no dinheirinho dos direitos de autor, mas na liberdade de expressão e na cultura como um bem comum. Tem medo dos nordestinos pobres que, como Lula, não se rendeu à pobreza e à discriminação e se tornou o presidente mais popular do Brasil. Tem medo de que todos eles queiram ser como o Lula.

Quem tem medo da democracia no Brasil tem saudade da ditadura, quando detinha o monopólio da palavra, conversavam e elogiavam os militares no poder, sem que ninguém pudesse contestá-los publicamente. Os que têm saudades do Brasil para poucos, da elite que cooptava intelectuais para governar em nome dela.

Quem não tem medo da democracia no Brasil não tem medo de nada, porque não tem medo do povo brasileiro.

Fonte: Blog do Emir

 
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procura-se político que admita o erro



É duro admitir que falhamos, em qualquer profissão. Na minha, especificamente, é um drama. Por mais que vocês ouçam de nós que assumir um erro faz parte di dia-a-dia e apenas engrandece quem assume o mea culpa, isso é conversa pra boi dormir. É duro, muito duro. Tenho alguns amigos grandiosos que não se abalam, mas outras dezenas que recorrem ao omeprazol. Até porque, com saudáveis exceções, vale a piada: sabe como jornalista se suicida? Sobe no ego e pula.

Se for grande a falha então, pelo-amor-de-deus-nossa-senhora-jesus-maria-josé. O problema não é tanto a vergonha, os olhares de reprovação de nossos pares, as gozações de quem não vai com a nossa cara, mas sim o medo da perda de credibilidade junto às nossas fontes e leitores. Assumir rapidamente a “barriga”, como chamamos as burradas no nosso jargão, ajuda a diminuir o estrago. Erros vão acontecer, sempre, porque somos humanos e lidamos com material humano. Essa é uma certeza imutável da profissão – que se junta a outras, como “não se fica milionário sendo repórter” e “a edição sempre fecha no final”.

Não estamos sozinhos. Imagino o quão difícil seja para um político, ainda mais ocupando cargo público, assumir que a sua administração, ou a do seu partido, errou. Temendo as repercussões negativas, alguns negam até o osso (Maluf é rei!) para evitar contaminar sua imagem – ou salvar o pouco que dela resta. É aquela velha coisa: só é erro se te descobrem.

O UOL descobriu. Publicou uma bela reportagem de Arthur Guimarães mostrando que o governo do PSDB suspendeu o trabalho de limpeza da calha do rio Tietê por quase três anos (2006, 2007 e parte de 2008), fato confirmado pelo próprio Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). O desassoreamento é fundamental para evitar transbordamentos do rio e possibilitar que a cidade seja drenada, evitando enchentes.

Questionado pelo UOL Notícias, o governador Geraldo Alckmin não respondeu se foi um erro a suspensão da limpeza. Também não explicou os motivos que levaram ao congelamento de atividades pelo poder público, mas anunciou uma série de promessas e afirmou que a limpeza já foi retomada no ano passado.

O pior é que, segundo a matéria, ele disse que parte da responsabilidade pelos graves alagamentos que voltaram a acontecer em São Paulo seria culpa dos prefeitos da região metropolitana, que não estariam conservando os piscinões como deveriam. Alckmin afirmou que a limpeza desses reservatórios passará para as mãos do Estado. Sabe aquela história de terceirizar a responsabilidade diante do flagra? Então, taí.

Fico imaginando o governador dizer: “Foi uma falha gravíssima, mas uma sindicância já foi aberta e devemos apontar responsáveis em 30 dias, doa a quem doer”. A gente sabe que, no final, vai doer só em um Zé Mané qualquer, mas, ao menos, seriam levantados podres oficialmente. E, mais do que isso, pedir desculpas à população. Se o modus operandi fosse adotado pela classe política como um todo, seria um passo em direção à civilidade que tanto perseguimos, mas que se afasta de nós como diabo foge da cruz.

É claro que isso vai contra a idéia de Virtude, de Maquiavel – grosso modo, os meios necessários para fortalecer o poder e impor sua vontade em momentos difíceis. Mas é divertido pensar como seria se fosse diferente.

O sentimento da população de estar sendo enganada, que é dormente (afinal de contas, somos muito participativos politicamente falando, né?) e acorda quando surge uma matéria dessas, volta ao estado de sonolência após o período das chuvas. E, sem pressão, não funciona. Ou seja, no raciocínio dos administradores, o negócio é fazer gerenciamento de danos à imagem até o problema passar.

Enfim, errar é humano, já dizia o velho ditado. Dar uma de desentendido e jogar a culpa em terceiros é político.

Fonte: blogdosakamoto.uol.com.br

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