quinta-feira, 31 de março de 2011

procura-se político que admita o erro



É duro admitir que falhamos, em qualquer profissão. Na minha, especificamente, é um drama. Por mais que vocês ouçam de nós que assumir um erro faz parte di dia-a-dia e apenas engrandece quem assume o mea culpa, isso é conversa pra boi dormir. É duro, muito duro. Tenho alguns amigos grandiosos que não se abalam, mas outras dezenas que recorrem ao omeprazol. Até porque, com saudáveis exceções, vale a piada: sabe como jornalista se suicida? Sobe no ego e pula.

Se for grande a falha então, pelo-amor-de-deus-nossa-senhora-jesus-maria-josé. O problema não é tanto a vergonha, os olhares de reprovação de nossos pares, as gozações de quem não vai com a nossa cara, mas sim o medo da perda de credibilidade junto às nossas fontes e leitores. Assumir rapidamente a “barriga”, como chamamos as burradas no nosso jargão, ajuda a diminuir o estrago. Erros vão acontecer, sempre, porque somos humanos e lidamos com material humano. Essa é uma certeza imutável da profissão – que se junta a outras, como “não se fica milionário sendo repórter” e “a edição sempre fecha no final”.

Não estamos sozinhos. Imagino o quão difícil seja para um político, ainda mais ocupando cargo público, assumir que a sua administração, ou a do seu partido, errou. Temendo as repercussões negativas, alguns negam até o osso (Maluf é rei!) para evitar contaminar sua imagem – ou salvar o pouco que dela resta. É aquela velha coisa: só é erro se te descobrem.

O UOL descobriu. Publicou uma bela reportagem de Arthur Guimarães mostrando que o governo do PSDB suspendeu o trabalho de limpeza da calha do rio Tietê por quase três anos (2006, 2007 e parte de 2008), fato confirmado pelo próprio Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). O desassoreamento é fundamental para evitar transbordamentos do rio e possibilitar que a cidade seja drenada, evitando enchentes.

Questionado pelo UOL Notícias, o governador Geraldo Alckmin não respondeu se foi um erro a suspensão da limpeza. Também não explicou os motivos que levaram ao congelamento de atividades pelo poder público, mas anunciou uma série de promessas e afirmou que a limpeza já foi retomada no ano passado.

O pior é que, segundo a matéria, ele disse que parte da responsabilidade pelos graves alagamentos que voltaram a acontecer em São Paulo seria culpa dos prefeitos da região metropolitana, que não estariam conservando os piscinões como deveriam. Alckmin afirmou que a limpeza desses reservatórios passará para as mãos do Estado. Sabe aquela história de terceirizar a responsabilidade diante do flagra? Então, taí.

Fico imaginando o governador dizer: “Foi uma falha gravíssima, mas uma sindicância já foi aberta e devemos apontar responsáveis em 30 dias, doa a quem doer”. A gente sabe que, no final, vai doer só em um Zé Mané qualquer, mas, ao menos, seriam levantados podres oficialmente. E, mais do que isso, pedir desculpas à população. Se o modus operandi fosse adotado pela classe política como um todo, seria um passo em direção à civilidade que tanto perseguimos, mas que se afasta de nós como diabo foge da cruz.

É claro que isso vai contra a idéia de Virtude, de Maquiavel – grosso modo, os meios necessários para fortalecer o poder e impor sua vontade em momentos difíceis. Mas é divertido pensar como seria se fosse diferente.

O sentimento da população de estar sendo enganada, que é dormente (afinal de contas, somos muito participativos politicamente falando, né?) e acorda quando surge uma matéria dessas, volta ao estado de sonolência após o período das chuvas. E, sem pressão, não funciona. Ou seja, no raciocínio dos administradores, o negócio é fazer gerenciamento de danos à imagem até o problema passar.

Enfim, errar é humano, já dizia o velho ditado. Dar uma de desentendido e jogar a culpa em terceiros é político.

Fonte: blogdosakamoto.uol.com.br

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