quarta-feira, 30 de maio de 2018

SOMENTE COM MOBILIZAÇÃO HÁ CONQUISTAS

102 escolas privadas param e sindicato já admite manter benefício de professor

Foto: KEVIN DAVID/A7 PRESS


Docentes de São Paulo conseguem do sindicato patronal proposta de manter benefícios até fevereiro, mas acordo ainda será votado pelos donos de colégios na próxima quarta-feira. Se não aceitarem, categoria promete greve por tempo indeterminado

Isabela Palhares e Júlia Marques, O Estado de S.Paulo
30 Maio 2018 | 03h00

SÃO PAULO - Após paralisar total ou parcialmente 102 escolas da rede particular de São Paulo, os professores conseguiram do sindicato patronal uma proposta de manter integralmente os benefícios da atual convenção coletiva até fevereiro. Os donos de colégios ainda vão votar se aceitam o acordo. Os docentes estão mobilizados desde março para impedir mudanças, incluindo a redução do recesso escolar e do número de bolsas por filhos.


Em assembleia nesta terça-feira, 29, segundo dia de paralisação este mês, o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro) aprovou a manutenção da convenção por mais um ano. Agora, esperam que a assembleia patronal da próxima semana ratifique o acordo. Caso a convenção não seja mantida, a categoria promete iniciar greve geral daqui a uma semana, por tempo indeterminado.

Luiz Antonio Barbagli, presidente do Sinpro, diz que a proposta foi “costurada” pelos representantes dos dois sindicatos na manhã desta terça. “Com a mobilização dos professores e o apoio dos pais, a negociação avançou. Os professores aceitaram a proposta, mas agora as escolas têm de fazer a parte delas. Caso contrário, a luta continua”, afirma.

Benjamin Ribeiro, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp), diz acreditar que os colégios devem aceitar manter a convenção para evitar novos conflitos. “Vivemos um momento conturbado no País. Quanto menos confusão tivermos, é melhor. No ano que vem, discutimos essas mudanças novamente.”

A assembleia das escolas deve ocorrer na quarta-feira. O sindicato representa cerca de 10 mil estabelecimentos no Estado – 4,1 mil só na capital paulista. “A paralisação ocorreu em pouco mais de 100 escolas, que são de elite e têm uma realidade muito distante da maioria”, afirma Ribeiro.

No Colégio Santa Maria, no Jardim Marajoara, zona sul, docentes do ensino médio participaram da paralisação desta terça. “Nossa escola até garantiu que não mexeria em nada na convenção, mas o movimento não é para cada escola, é pela categoria. Para que toda a categoria tenha acesso”, afirma o professor de Língua Portuguesa Adriano dos Santos.

Escola da Vila, Santa Cruz, Vera Cruz, Equipe e Gracinha foram outras das unidades da capital que tiveram pelo menos parte das atividades afetadas. Em muitos colégios, pais também tiveram dificuldades de levar os filhos à aula por causa da greve dos caminhoneiros, que deixou a cidade com estoque reduzido de combustível.

Alterações. Com a reforma trabalhista, a convenção coletiva que estabelece cláusulas específicas para a categoria não foi renovada em março. O Sieeesp propôs alterar algumas cláusulas, como reduzir a bolsa de estudos de dois para um filho de professor e o recesso escolar do fim de ano de 30 para 20 dias.

Sem acordo, o entrave foi levado ao Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, que deve julgar o dissídio da categoria. O Sieesp chegou a apresentar nova proposta com a redução do recesso para 23 dias e restrição das bolsas só nas unidades com até 200 alunos. Essa oferta também não foi aceita pela categoria, que fez a primeira paralisação na quarta passada.

Os docentes da rede privada de São Paulo não fazem greve desde 2003. À época, a reivindicação era por reajuste salarial.

Fonte: https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,102-escolas-privadas-param-e-sindicato-ja-admite-manter-beneficio-de-professor,70002330302

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