O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), apesar de indicar avanço na educação pública do país, mostra que esse ganho ainda é lento do que o possível e necessário. A avaliação do professor Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Ocimar Munhoz Alavarse. “Esses ganhos ainda não são tão elevados quanto poderiam ser, e os patamares ainda são preocupantes”, disse à Agência Brasil.
O aumento da nota média é, segundo Alavarse, resultado da melhora da rede pública de ensino que ocorreu a partir do ano 2001. Os alunos que estavam nas séries iniciais chegam agora ao ensino médio beneficiados por uma escola mais equipada e professores com melhores remunerações. O que o professor considera uma conquista importante, uma vez que o sistema público trabalha “com 90% dos alunos em condições precárias e, mesmo assim, está melhorando a aprendizagem”.
Alavarse aponta, como prioritária para a evolução da rede de ensino, a formação de professores mais qualificados. “Pensando no caso do ensino médio, nós temos carência de professores. Eu defendo que quem quiser ser professor no Brasil ganhe uma bolsa”.
Na opinião do coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, o país deve aproveitar a sinalização do Enem para ampliar os investimentos em educação. Caso contrário, alerta que os jovens brasileiros continuarão a receber uma formação deficiente nos próximos anos. “Permanecendo no ritmo atual, o Brasil vai perder mais uma geração de jovens, que é a geração desta década, e só vai começar a ter educação de qualidade a partir da próxima década”.
Cara defende a necessidade da avaliação de problemas locais e específicos de cada escola. Essa informação não pode, de acordo com ele, ser conseguida com um exame como o Enem. “O Brasil precisa enfrentar os problemas estruturais, mas também os específicos de cada rede”, declarou.
De acordo com ele, as escolas públicas que obtiveram o melhor desempenho são as técnicas e militares, onde o investimento por aluno é muito maior do que no restante da rede. Por isso, defende que o governo coloque em prática a Resolução 8 do Conselho Nacional de Educação (CNE) que determina um gasto mínimo por aluno.
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