Educadores, agentes culturais, artistas, gestores públicos e
representantes de movimentos sociais estão elaborando um Plano
Articulado para Cultura e Educação. A ferramenta deve ajudar na criação
de uma política que integre o saber acadêmico ao do cotidiano. “As
pesquisas demonstram que a escola é considerada pelos jovens o terceiro
principal espaço de aprendizagem, ficando atrás da família e do bairro”,
afirma a coordenadora da ONG Casa da Arte de Educar, do Rio de Janeiro,
Sueli Lima.
A explicação para isso, segundo ela, é que o conteúdo
passado em sala de aula não faz muito sentido para o estudante, já que
ele não o reconhece dentro da sua realidade. “A escola ainda olha para o
aluno pelo que ele sabe de português e matemática, não há um olhar
psicológico mais amplo”, diz.
Ela critica ainda o Plano Nacional
de Educação (PNE) por conter propostas muito tímidas relacionadas à
cultura, enquanto o Plano Nacional de Cultura (PNC) prevê 13 metas
articuladas diretamente com a educação. A organização coordenada por
Sueli desenvolve o Plano Articulado para Cultura e Educação, em parceria
com o Ministério da Cultura (MinC), o Ministério da Educação (MEC) e o
Instituto Lidas, de São Paulo.
A proposta reivindica a criação de
um sistema educacional – e não somente escolar, que é o que existe
atualmente – por meio de uma prática intersetorial, formada pelas
diversas instâncias sociais que influenciam no processo educativo do
indivíduo. Por isso, as instituições formais de ensino devem estar
articuladas tanto com Pontos de Cultura, centros comunitários,
bibliotecas, museus e teatros, quanto com a rede de assistência social e
equipamentos públicos de saúde e esporte.
Para Sueli, a educação
não é uma responsabilidade somente da escola, mas de toda a comunidade.
“É preciso pensar além da escola e do professor, como já defendia Paulo
Freire, para que seja construída uma aprendizagem horizontal, que
valorize o diálogo com outros atores e transmita saberes que agreguem a
ciência e a arte”, defende.
Pesquisa-ação
O
plano se constitui em uma pesquisa-ação, metodologia que prevê a
reflexão e ação dos sujeitos, que instauram campos de pesquisa ao mesmo
tempo em que interferem neles. A ideia é aplicar essa dinâmica coletiva
de investigação nas cinco regiões, representadas pelos municípios de
Recife (PE), Campo Grande (MS) e Porto Alegre (RS) – onde já foram
concluídas – e Rio de Janeiro (RJ) e Porto Velho (RO) – onde estão
programados encontros para 17 e 18 de outubro e 6 e 7 de novembro,
respectivamente.
O levantamento utiliza como ferramenta a Mandala
de Saberes, que se estrutura a partir do diálogo entre conteúdos
escolares e cultura popular. O método é também empregado no programa
Mais Educação, do governo federal, que apoia financeiramente escolas
públicas que queiram ampliar não apenas o tempo de permanência dos
alunos na sala de aula, mas as suas oportunidades de aprendizagem.
Para
auxiliar o projeto, o Instituto Lidas está mapeando os territórios
educativos, em um raio de aproximadamente 3 km, em torno das 15 mil
escolas que integram o programa Mais Educação, que já tem um olhar
voltado para a educação integral. O mapeamento inclui desde grandes
centros culturais e bibliotecas públicas a pequenos espaços que realizam
saraus e intervenções artísticas nas comunidades. O resultado disso é o
Cultura Educa, uma plataforma digital colaborativa que será lançada em
breve.
Fonte: Portal Aprendiz.
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