quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Crescimento do ensino superior privado é importante, mas tem riscos



Faculdades particulares têm 6 de cada 8 universitários brasileiros

Os indicadores da PNAD 2014 confirmam a tendência de aumento do número de estudantes de ensino superior em instituições particulares. Em 2011, 73,2% estavam em faculdades privadas, contra 26,8% que cursavam as públicas. Em 2013, 74,6% estavam no ensino superior particular, contra 25,4% no público. Agora temos a confirmação da tendência, de 75,4% contra 24,6%. Equivale a dizer que as faculdades particulares têm 6 de cada 8 universitários brasileiros.

Esse cenário indica, em primeiro lugar, que o Brasil está distante de atingir a meta 12 do Plano Nacional de Educação: “Elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% (...) assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público”. Ora, seria necessário praticamente duplicar o sistema de educação superior em uma década. Nesse desafio, o ensino privado tem a sua importância.

Com o estímulo de políticas de financiamento como o Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o ensino superior particular tem atendido cada vez mais estudantes de baixa renda. Fusões e aquisições geraram gigantes no setor, que muitas vezes são mais ágeis do que o setor público no movimento de interiorização, aumentando o número de vagas para incluir populações até então segregadas desse nível de ensino.

Além disso, até pela vocação empresarial do setor particular de ensino, estas faculdades são mais rápidas na criação de cursos diretamente conectados com o atual mercado de trabalho, o que responde aos interesses dos estudantes, de olho nas profissões com mais oportunidades no futuro, e às próprias necessidades de desenvolvimento do país.

O contexto descrito deixa, porém, vários pontos de alerta. O primeiro se refere à qualidade do ensino. Ao lado de instituições de excelente nível, existem outras cuja qualidade acadêmica é questionável. O MEC deveria retomar e ampliar com urgência os processos avaliação dos cursos de graduação, num mercado em que há todo tipo de “player”. Há que ser rigoroso. Isso vale também para os cursos à distância, responsáveis por um alto percentual das matrículas.

O segundo alerta se refere aos materiais didáticos utilizados. Há um movimento de muitas faculdades privadas de produzir os próprios livros, reduzindo assim os custos para equipar bibliotecas e aumentando margens de lucro. Estas produções, em geral, não contam com os teóricos, peritos e especialistas mais reconhecidos de cada área, a não ser por citações e recortes. Corre-se o risco de que os alunos tenham cada vez menos acesso às ideias originais, de pesquisadores de ponta, e cada vez menos exigência de leitura, com linguagem e conceitos simplificados demais para o que se espera da formação superior.

O terceiro desafio se refere às deficiências da educação básica no Brasil. O índice de evasão em cursos como Engenharia, por exemplo, atinge patamares alarmantes, pela falta de base dos estudantes em matemática. Professores universitários se queixam que os alunos não sabem interpretar textos nem redigir no padrão mínimo de qualidade. Em muitas faculdades privadas, esses alunos, que não deixam de ser entendidos como “clientes”, seguem avançando nos cursos, com alguma tolerância nas avaliações e reprovações. Essa flexibilização excessiva pode ser um feitiço que se volte contra o feiticeiro, se tivermos a multiplicação de novos diplomados, médicos, advogados, professores e engenheiros, sem os requisitos mínimos para exercer sua profissão.


Diretoria do Sinpro Macaé e Região.

Sede – Macaé
Endereço: Rua Teixeira de Gouveia, nº 1169 sala 206
Bairro Centro – Macaé
Tel.: (22) 2772-3154

 
Subsede – Rio das Ostras
Endereço: Alameda Casimiro de Abreu, 292, 3º andar, sala 02
Bairro Centro – Rio das Ostras
Tel: (22) 2764-6772

Acompanhe o Sinpro Macaé e Região nas redes sociais:










Nenhum comentário:

Postar um comentário