quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Professores da Rede Particular de Ensino contam suas experiências na educação inclusiva


Aluno integrado (último da fileira) desempenha suas atividades com o auxílio da mediadora 



Família, escola e terapias externas precisam estar juntos em prol do desenvolvimento da criança 


A cada ano, o debate sobre a inclusão das pessoas portadoras de deficiências ganha o espaço público. As discussões mostram que o Brasil ainda tem muito o que avançar para promover a inserção delas na sociedade. Em Rio das Ostras, diversas são as ações que buscam esta integração. No Centro Educacional Toledo (CET), o assunto é levado com muita responsabilidade pelos educadores, que prezam pelo atendimento especializado para estes alunos. O segredo para uma política pedagógica de sucesso é promover uma verdadeira integração entre família, escola e os outros profissionais que auxiliam o desenvolvimento dos estudantes.


Professora regente conta com a ajuda de mediadores
que acompanham os alunos integrados
Na escola visitada pelo Sinpro Macaé e Região são 25 alunos com mediação e integrados nas turmas do maternal 2 até o 9º ano. Atualmente, são estudantes com autismo, Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH), hiperatividade, dislexia, deficiência física e Síndrome de Dandy Walker. Estudantes que são acompanhados de perto pelos mediadores, que fazem um atendimento individualizado, bem como pelos professores regentes. “Lembro até hoje da primeira aluna que recebemos. Ela tinha hidrocefalia e já havia passado por outras escolas onde não havia sido aceita. Para nós foi um desafio muito grande. Não se falava em inclusão em Rio das Ostras. Começamos daí um trabalho de formiguinha. Contudo, é um trabalho que você se apaixona”, disse a diretora da escola, Alessandra Toledo, ao lembrar que a política de inclusão na escola começou há 10 anos. 


Além de um ambiente escolar adaptado com acessibilidade, a escola busca capacitar os funcionários por meio de conferência e palestras internas com pessoas que dominam o tema da inclusão. Recentemente, diante da demanda, contratou um psicopedagogo para coordenar a política pedagógica junto aos 25 mediadores da unidade. “Observo que se tratando de outros lugares, há uma falta de pesquisa sobre o assunto. Inclusão é busca. É um trabalho que você precisa querer fazer. Saber ainda que quando se fala de gente, não se fala de regra. Quando entra um aluno novo, nós não sabemos como trabalhar, mas vamos buscar junto a família e as terapias externas”, completou Alessandra.


Para o coordenador de Inclusão, José Ricardo Martins, o triângulo perfeito, quando se trata de desenvolvimento da criança, é formado pela família, escola e terapia externas. “Fazemos esta busca para entender se essa criança faz fonoaudiólogo, psicólogo ou outras terapias. Ter esse retorno para nós é muito importante. Trocamos com estes profissionais para ver como nossas crianças se comportam e quais as dificuldades comportamentais, cognitivas e afetivas”, disse ele que, além de psicopedagogo, também é professor de educação física e orientador educacional no Ensino Fundamental e Médio na mesma unidade de ensino.     


Professor e coordenador de inclusão, José Ricardo, diretora da escola, Alessandra Toledo,
e mediadora, Priscila Cardoso

OLHAR PARA O PRÓXIMO - Na inclusão, o trabalho de mediador exige muito mais que uma formação técnica. “É importante que tenha passado pelo curso de pedagogia, mas é primordial ter muita vontade e afeto para lidar com a criança. Talvez podemos até dar um suporte a mais na construção de uma bagagem acadêmica, mas não conseguimos ensinar aqui dentro a pessoa a ter uma carga afetiva para trocar com a criança. Estes não são profissionais comuns, também são especiais”, disse o coordenador de Inclusão. São estes profissionais que observam se há a necessidade de uma adaptação particular ou em quais disciplinas ela deve acontecer. “Partimos do planejamento dos professores regentes e a partir daí, junto com os mediadores, observamos as dificuldades e potencialidades”, completou.

Priscila Cardoso é mediadora e atende a um aluno autista. “No início fiquei um pouco apreensiva, mas recebi um bom suporte da escola. Antes, o estudante que acompanho não conseguia se relacionar com outros alunos e hoje consegue respeitar as regras de convivência. Incentivamos a autonomia dele, o que já acontece”, disse.


A família também ganha a atenção destes educadores, principalmente, quando as características de alguma deficiência são percebidas no dia a dia pelos professores.  “Nós enquanto profissionais estudamos para lidar com estes desafios diários, mas a família não. Alguns não aceitam o laudo, ficam bravos com a escola. Precisamos abraçar esta família”, contou José. E, segundo Alessandra, às vezes, trabalhar a família é mais difícil do que a criança. 



SATISFAÇÃO COM O COMPROMISSO


“É uma gratificação para nós ver um aluno autista te agradecendo por um novo brinquedo colocado no pátio ou observar uma menina que chegou bem fechada fazer ginástica rítmica. São crianças especiais não porque são deficientes, mas especiais porque quando conseguem fazer aquilo que nunca conseguiram na vida, causa uma alegria em todo mundo”, disse Alessandra.


CENSO

Segundo o Censo Escolar, entre 2005 e 2011, as matrículas de crianças e jovens com algum tipo de necessidade especial (intelectual, visual, motora e auditiva) em escolas regulares cresceu 112% e chegou a 558 mil. O Censo Escolar não diz quantas destas matrículas são de alunos com síndrome de Down, outra deficiência intelectual ou autismo.

O Censo do IBGE, porém, aponta que, em 2010, 37% das crianças com deficiência intelectual na idade escolar obrigatória por lei (5 a 14 anos) estavam foram da escola, número muito superior à média nacional, de 4,2%.

Outro indicador do aumento da inclusão: as matrículas das crianças com deficiência em escolas especializadas e as classes exclusivas nas escolas comuns caiu 48% de 2005 para 2011, quando foram registradas 193 mil matrículas.

O Sinpro Macaé e Região entende que o direito de inclusão deve ser garantido a todos, tanto na Rede Particular, na qual os pais pagam pelo serviço prestado, quando na Rede Pública de Ensino, que tem o mesmo dever. O Sinpro agradece toda a equipe do Colégio pela disponibilidade em contar um pouco do trabalho em prol da educação inclusiva.   

8 comentários:

  1. Parabéns toda equipe! Sinto orgulho em dizer que trabalhei aí, morro de saudades... Obrigada Alessandra Toledo pela oportunidade e sucesso sempre 🎉 Deus ilumine sempre...

    ResponderExcluir
  2. Trabalho lindo de se ver! É de coração e com a alma. Vejo que tudo é com muito carinho e dedicação ! Parabéns!

    ResponderExcluir
  3. Trabalho lindo de se ver! É de coração e com a alma. Vejo que tudo é com muito carinho e dedicação ! Parabéns!

    ResponderExcluir
  4. Excelente equipe.
    Profissionais que trabalham com amor pelos nossos filhos.

    ResponderExcluir
  5. Sou grata por todo carinho e dedicação ao meu filho.❤❤❤❤❤❤

    ResponderExcluir
  6. Realmente vejo isso acontecer de perto! Muito feliz em participar da família do CET! Parabéns ao envolvidos!

    ResponderExcluir