Professor Gaudênio Frigotto com o presidente do Sinpro Macaé e Região Cesar Gomes
Publicação reúne artigos que
contestam o conceito de escola sem partido
O auditório da Faculdade FAFIMA, em Macaé,
recebeu na segunda-feira, 27 de novembro, o lançamento do livro Escola
“sem” partido – Esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. O
evento contou com a presença de Gaudêncio Frigotto, organizador do livro e
doutor em Ciências Humanas pela UFRJ.
O livro reúne artigo de diversas pesquisadoras e
pesquisadores. Publicado pelo Laboratório de Políticas Públicas da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, a publicação surgiu da necessidade de dialogar e
contrapor as ideias de quem defende escolas de pensamento único, em que
qualquer discussão política, partidária ou não, deve ficar de fora da sala de
aula.
De acordo com Frigotto, a ideia do livro é trazer
textos curtos para que, em especial, as/o educadoras/es possam ler entre uma aula e outra. Além de
livrarias de todo o país, o livro será disponibilizado na internet a partir do
mês de junho. De acordo com Frigotto, a ideia é que essas informações sejam
trabalhadas nos “rincões mais distantes do país, onde também há ameaça da
escola sem partido”.
Professora Guilhermina Rocha Diretora do Sinpro Macaé e Região
Debate – O lançamento do livro
fez parte da comemoração dos 23 anos do Sindicato dos Professores de Macaé e
Região.
Professora Ivania Ribeiro diretora da Secretaria de Assuntos Educacionais e Culturais
“Política é a luta de quem está fora do direito
para colocar suas necessidades em pauta. Assim é com o MST, movimento LGBT,
negros, mulheres etc.” Para Frigotto, se a escola sem partido estivesse em
vigor, todos esses grupos seguiriam sem espaço na sociedade. Foi graças ao
debate político dentro e fora das escolas que se conseguiu ampliar os direitos
sociais.
Professora Rosilene Macedo diretora do Sinpro Macaé e Região
Para defender que as escolas e as/os
professoras/es tenham liberdade sobre o que é ensinado o professor da UFRJ vai
além: “A escola não é do governador, não é do diretor, não é do Bispo. É de
todos e, por isso, ela tem que ter o contraditório”, argumentou Frigotto sobre
a tentativa de tentar padronizar o pensamento nas salas de aulas.
Sintoma – Todo esse processo não
está alheio a tudo que vem ocorrendo no país. Para o professor, acabar com a
política nas escolas faz parte de um processo em que a classe dominante tenta
conter o avanço das conquistas sociais. “Essa proposta de acabar com a política
trabalha com um grau máximo de despolitização: o medo. Medo de falar, medo de
pensar diferente”, afirmou Gaudêncio, que lembrou que esse medo precisa ser
combatido para que o enfrentamento de ideias seja feito.
Caminho – Mas como enfrentar
esse avanço tendo em vista que a lei já está em vigor em estados como Alagoas e
aparecem na pauta de outros tantos? Para Frigotto, tudo o que não podemos é
agir como os que defendem a escola sem partido. “Nosso lema não é o ódio. Nosso
lema é a justiça. O que queremos é radicalizar a justiça. O melhor caminho é o
diálogo, seja com os que pensam como a gente como com quem discorda”,
complementa o professor.
Caminho II – O presidente do
Sinpro Macaé e Região, Cesar Gomes, também contribui com a discussão. Para ele,
um dos caminhos para combater o avanço da escola sem partido é focar em suas
contradições. “Como podem pessoas que pregam o estado mínimo defenderem que
haja total controle estatal sobre o que é ensinado em sala de aula?”, indaga o
professor.
No pacote – Cesar também lembrou que a ideia de escola sem
partido não está alheia à Reforma do Ensino Médio, que foi implementada por
Michel Temer por meio de Medida Provisória, e disparou: “São mudanças que não
dialogam com os tempos em que vivemos e que sequer servem para garantir
empregabilidade para os jovens. Nesse sentido, é muito triste que vou dizer , até
as reformas do regime militar foram melhores que a que aí está”.
Sindicato
dos Professores de Macaé e Região
Diretoria do Sinpro Macaé e Região
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