segunda-feira, 26 de março de 2018

Escola Sesi do Rio de Janeiro tenta censurar livro didático




Tentativa de censurar livro sobre cultura africana reforça a necessidade de debates sobre o Racismo , a  desigualdade social  e sobre o papel da educação na integração da sociedade em todas as escolas públicas e privadas. 


Não são somente os(as) professores(as) a verem a censura às voltas da escola pública, fruto de leis como o Escola sem Partido. Agora, obras literárias têm passado pelo mesmo problema. Um dos exemplos aconteceu no município carioca de Volta Redonda.  Após ser colocado no currículo escolar, o livro Omo-Oba: Histórias de Princesas foi retirado pela direção da Escola Sesi.

A obra, que conta histórias de princesas africanas e privilegia o recontar de mitos africanos pouco conhecidos pelo público brasileiro em geral, sofreu forte reação de alguns pais de alunos e de grupos vinculados a igrejas pentecostais, sendo retirado do currículo da escola. Para Kiusam Regina de Oliveira, autora do livro e professora do Departamento de Teorias de Ensino e Práticas Educacionais do Centro de Educação, o objetivo da obra é de fortalecer a personalidade de meninas, independente de raça/cor, etnia, condições socioeconômicas.



“Tais rainhas são nossas ancestrais, uma vez que há comprovações científicas de que África é o berço da humanidade. A forma com que eu as apresento neste livro é sem nenhuma conotação religiosa, mergulhadas em fatos que estão na história e nos aspectos da cultura afro-brasileira, através de uma narrativa com personagens negras cheias de afeto e de empoderamento, o que é uma raridade em bibliotecas brasileiras”, ressalta Kiusam Regina. A autora ainda lembra que a censura desrespeita as leis nº 10.639/03 e nº 11.645/08, que obriga o ensino da História da África e das Culturas Afro-brasileira nas escolas em todos os seus segmentos, e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

O veto ao livro ganhou repercussão diante da reação de alguns pais, que consideraram a censura à adoção do livro um desrespeito e um não reconhecimento à importância da cultura africana para a formação cidadã do povo brasileiro. Professora da Educação Infantil por 23 anos, Kiusam lembra que o livro foi altamente premiado e se coloca como um espelho para a vaga do ser negro no país. “Durante estes anos, foram várias as situações de confrontos de alunos negros com a ausência de príncipes e princesas como eles na literatura infantil e juvenil brasileira. Assim sendo, resolvi publicar histórias de rainhas negras que fazem parte da história, da cultura e da humanidade. Pode parecer pouco, mas num país racista e eurocêntrico como o Brasil, tais princípios têm sido a defesa de crianças negras na luta contra a sua invisibilidade, a discriminação racial e o racismo”.

                                                                 

Ilustrações do livro Omo-Oba: Histórias de Princesas Africanas, da escritora Kiusam de Oliveira
A diretoria colegiada do Sinpro repudia e lamenta a tentativa de censura promovida pela Escola Sesi de Volta Redonda, e rejeita toda e qualquer forma de intolerância, quer seja ela religiosa, racial ou de gênero. Em tempos de luta pela igualdade, pelo respeito ao próximo e pelo direito que todos tenham acesso a todos os tipos de cultura, atos racistas e fundamentalistas como este desrespeitam leis e a luta por uma sociedade mais justa.

Prática da lei dentro da escola




A valorização da cultura africana tem sido tratada dentro da sala de aula. Em respeito à Lei nº 10.639/03, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, incluindo no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”, desde 2003 a professora de Sociologia Margareth Francisca de Oliveira desenvolve o projeto Africanidades. Além de mostrar a verdadeira história do continente africano, o projeto ajuda os estudantes a se conhecerem e a valorizarem a riqueza cultural que sempre esteve presente na África.

“Desenvolvo este projeto nas escolas que trabalho desde 2003, quando houve uma capacitação de professores para trabalhar a História da África. Vemos um engajamento muito grande dos estudantes quando realizamos o projeto, além de ajudar na questão da autoestima e da valorização do conhecimento da cultura africana. Conhecemos o continente africano apenas no aspecto colonial e não conhecemos o que vem antes deste período. Quando os estudantes passam a conhecer a África tecnológica e de pertencimento, que teve sua história de glória e depois foi dizimada, eles começam a admirar toda riqueza cultural que veio e vem deste continente”, salienta a professora.

Durante a realização do projeto os estudantes apresentam o resultado de suas pesquisas em exposições. Os alunos ainda participam de desfiles e apresentações culturais variadas.

SITE: SINPRO DF

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