quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Inclusão cresce no Brasil mas enfrenta barreiras nas escolas particulares

 O tema tem sido alvo de ataques pelo patronato e a Contee já se manifestou em nota pública. A matéria abaixo que nos foi enviada pelo Sinpro-MG traz grande contribuição ao debate sobre inclusão.

 Um levantamento recente do MEC apontou que o número de alunos com deficiência nas escolas brasileiras cresceu 381% em 12 anos. Enquanto os números sobre inclusão nas escolas públicas animam e demonstram os avanços para uma sociedade mais diversa e justa, o cenário se mostra bem diferente nas escolas particulares de todo o país. Muitos alunos, pais e professores ainda encontram inúmeros desafios para efetivar o direito à educação inclusiva.

Um desses desafios tem sido a cobrança por parte de algumas escolas particulares de valores adicionais para receber alunos com necessidades educacionais especiais. A alegação das escolas é de que essa cobrança se dá em função da contratação de um profissional para auxiliar o estudante com deficiência em sala de aula, cobrança essa que é considerada ilegal.

A Lei 13.146, Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), sancionada este ano pela presidenta Dilma Rousseff, determina que as escolas privadas ofereçam uma educação de qualidade aos estudantes com deficiência sem a cobrança de valores adicionais na matrícula e mensalidades.

Em agosto deste ano, a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen) ajuizou, no Supremo Tribunal Federal (STF), a Ação de Inconstitucionalidade (ADI) 5357, contra essa obrigatoriedade prevista na lei.

“As exigências realizadas tornarão os valores necessários ao custeio na educação privada proibitivos, e dessa forma, comprometendo a existência da escola privada”, explica a Confederação em nota no site do STF.

Programa Extra-Classe discute inclusão escolar

O assunto esteve em destaque durante o XII Ciclo de Debates sobre Educação Inclusiva, realizado entre 9 e 11 de setembro de 2015 pelo GEINE – Grupo Interdisciplinar de Estudos sobre Educação Inclusiva e Necessidades Educacionais Especiais, da Faculdade de Educação da UFMG. O evento reuniu especialistas de todo o país para repensar as práticas pedagógicas e os caminhos para uma escola inclusiva.

Professores e especialistas entrevistados nesse evento e em uma escola de Belo Horizonte refletem sobre a realidade da inclusão escolar nesta edição do Programa Extra-Classe, realizado pelo Sinpro Minas e veiculado pela Rede Minas de Televisão, em setembro de 2015:

Direito à educação inclusiva

Na Semana de Luta da Pessoa com Deficiência, o MEC divulgou um levantamento que reforça a crescente realidade da diversidade nas escolas brasileiras. De 2003 a 2014, a inclusão na Educação Básica brasileira passou de 29% para 79%, o que significa um crescimento de 381%. O número de estudantes nesse nível saiu de 145.141 no início da década chegando atualmente a 698.768.A política de inclusão do Brasil também atingiu o Ensino Superior, que registrou um aumento de 475%, passando de 5.078 para 29.221 alunos ingressos nos últimos 12 anos.

Segundo Martinha Dutra dos Santos, diretora de Políticas de Educação Especial da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), do Ministério da Educação, a comemoração não é no sentido de festejar, mas de marcar a data. “Antes, vivíamos um apartheid, pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade social, distante da escolarização. Organizações não governamentais substituíam o Estado, que se desincumbia de seu dever.”

Para Martinha, a última década foi de conquista dos movimentos sociais em defesa da inclusão da pessoa com deficiência na educação. “Este é um momento de reconhecer um novo cenário social no Brasil”, afirma.

Fonte: CONTEE/ EBC e STF

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