terça-feira, 20 de novembro de 2018

Consciência negra: É PRECISO RESISTIR


Hoje é comemorado o Dia de Zumbi, Dia da Consciência Negra e Resistência contra os Povos Oprimidos. Mais uma vez observamos que ainda há muito o que se fazer para recuperarmos a dívida que o Brasil possui com este povo, que foi retirado de seus países de origem e trazidos pra cá onde foram escravizados. Depois de 130 anos de abolição da escravidão, percebemos que as políticas afirmativas que foram adotadas no país ainda não foram suficientes. Mas também reconhecemos que elas tentam, mesmo que de forma morosa, corrigir esta discrepância entre as  raças.

Na área do trabalho, esforço social que possibilita a melhora nas condições de vida das pessoas, a diferença ainda continua gritante. Dependendo da região onde vivem, negros recebem entre 64,8% e 83,9% menos do que brancos ganham. No ranking das profissões, os brancos despontam como engenheiro de equipamentos em computação, engenheiro mecânico automotivo e professor de medicina; enquanto os negros são trabalhadores da cultura de dendê, trabalhadores no cultivo de trepadeiras frutíferas e criadores de camarões. Esta pesquisa foi divulgada em 2018 pelo site G1, após analisar os vínculos empregatícios inscritos em mais de 2,5 mil ocupações. Os dados, referentes a 2016, são os mais recentes coletados pelo MTE a partir de informações fornecidas pelas companhias.

Os dados do MTE também mostram que ambientes de trabalho, em que os subordinados são negros, contam com uma maioria de profissionais brancos ocupando cargos de gerência. Se 60% dos serventes de obra são negros, 52% dos mestres de obra são brancos. Enquanto três quartos dos operadores de telemarketing são negros, 53% dos supervisores são brancos.

Contudo, são algumas políticas afirmativas como as cotas para negros que nos fazem ter motivos para acreditar que o cenário pode ser menos cruel com esta população. O Ensino Superior pode até não significar uma mudança radical no que presenciamos, mas ele abre outras oportunidades para este grupo, que antes nem o acesso às universidades tinham. A partir daí ganham mais qualificação para galgar novos espaços, buscando a sua representatividade. Os dados do Ministério do Trabalho mostram que, pelo menos no acesso a vagas com maior grau de instrução, a distância, ainda grande, entre negros e brancos tem se encurtado. Entre 2008 e 2016, aumentou em dez pontos percentuais a fatia de negros em vagas que pedem ensino superior.

VIOLÊNCIA - Dando as mãos com a desigualdade no mercado de trabalho está a violência contra a população negra. Segundo a ONU Brasil, uma pessoa negra entre os 15 e os 19 anos tem hoje três vezes mais chance de ser assassinada do que uma pessoa branca na mesma faixa etária no país. Relatórios e pesquisas recentes têm apontado que este fenômeno também se distribui de forma extremamente desigual pelos municípios brasileiros. Apenas 123 municípios respondem por 50% das mortes em todo o território nacional.

REPRESENTATIVIDADE - Acreditamos que a discussão mais profunda e medidas que realmente façam a diferença na vida destas pessoas passam por uma representatividade política maior, o que também tem mudado, mas segue longe do equilíbrio. Nas eleições 2018, segundo a Agência Brasil, dos 513 deputados eleitos apenas 125 se declaram negros. De acordo com levantamento da Câmara, o número de parlamentares negros cresceu quase 5% em relação a 2014, quando os eleitos totalizavam 106 parlamentares. Ainda assim, a representatividade continua baixa: 75% declaram a cor branca, enquanto pardos e pretos totalizam pouco mais de 20%.

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