terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Para onde vai o capitalismo?

Wladimir Pomar
Analista político e escritor

A atual crise econômica e financeira mundial tem de positivo o fato de que está suscitando debates, há muito amortecidos, sobre a gravidade e a profundidade das crises do capital. O mundo de paz e prosperidade, prometido pela propaganda neoliberal, especialmente após o colapso da União Soviética e do socialismo do leste europeu, está se transformando rapidamente não só num mundo hipócrita e perigoso, como acentuamos em comentário anterior, mas também de desemprego, pobreza e desesperança nos países que antes se arrogavam os centros desenvolvidos e ricos do planeta.

Nessas condições é natural que ressurjam, com ênfase cada vez maior, perguntas sobre os caminhos reais do capitalismo. Afinal, qual a natureza da presente crise e para onde vai esse modo de produção que se proclamava eterno? Muitas pessoas se perguntam se a crise atual é igual à de 1929, ou tem algo de diferente. Outras acham que estamos diante de uma crise terminal, e que os países imperiais, ou imperialistas, buscarão nas guerras a saída para suas dificuldades estruturais. E, paradoxalmente, também existem aquelas pessoas que consideram a China a responsável por tudo que está acontecendo.

A crise atual tem semelhança com a de 1929, na medida em que seu epicentro está localizado nos Estados Unidos. O Japão já sofrera as conseqüências dos problemas norte-americanos desde antes, mas só agora suas ondas de choque estão abalando a Europa, embora muita gente não acreditasse que isso ocorreria. Fora isso, sua natureza é diferente. A crise atual, embora tenha muitas características de superprodução, tem por base a transformação da ciência e tecnologia nas principais forças produtivas, e dos capitalismos monopolistas nacionais, ainda comuns nos anos 1920 a 1960, num capitalismo corporativo transnacional.

As corporações transnacionais, embora ainda mantenham matrizes em seus países de origem, transferiram suas plantas de fabricação para outros países, às vezes mantendo nos Estados Unidos e na União Européia apenas unidades de montagem. Ainda mais sério é que possuam uma ação global, que as torna independentes de suas nações.

Nos anos 1980, suas unidades de projetos, e de pesquisa e desenvolvimento, também eram conservadas em território dos países centrais. Porém, nos anos posteriores, até mesmo essas unidades "cerebrais” foram realocadas rumo a países que ofereciam melhores condições para elevar as margens de rentabilidade.

Paralelamente, todas as corporações transnacionais incorporaram novos braços comerciais e financeiros, os primeiros para impor preços internacionais administrados a seus produtos, e os segundos para ingressar na jogatina da especulação financeira, na ânsia de elevar seus lucros através da criação de dinheiro fictício, sem base real na riqueza material. O chamado mercado mundial, onde se daria a competição, se transformou momentaneamente numa ficção.

Essas mudanças estruturais no capitalismo desenvolvido causaram modificações importantes no ritmo de crescimento dos produtos internos brutos. Os países desenvolvidos reduziram seu ritmo, enquanto vários dos países da periferia capitalista os elevaram substancialmente, em especial a China. Enquanto parte do produto interno bruto dos países da periferia era transferido para os países centrais, estes ainda podiam manter mecanismos de estímulo aos padrões de consumo interno.

No entanto, à medida que os países periféricos adotaram medidas para elevar seu produto nacional bruto, reduzindo aquelas possibilidades de altas transferências de rendas, e em que a ciranda financeira atingiu patamares hoje considerados irresponsáveis, as corporações transnacionais viram-se diante do retorno de parte da competição do mercado e viram-se obrigadas a adotar medidas para manter sua lucratividade, fazendo isso a custas dos seus Estados nacionais.

Nessas condições, as corporações transnacionais transferiram, pelo menos momentaneamente, a tendência de crise de realização do capital para os Estados nacionais, transformando-a em crise fiscal. Isto é o que explica, pelo menos em parte, o fato de que os Estados centrais vivem uma crise sem solução aparente, enquanto suas corporações transnacionais parecem demonstrar grande vigor, porque ainda retiram sua rentabilidade dos diversos países em que se realocaram.

As duas tendências principais, decorrentes dessas mudanças, residem no declínio lento e extremamente perigoso da hegemonia norte-americana e de seus parceiros europeus, e da ascensão não só dos BRIC, mas também de diversos outros países emergentes. Há, portanto, um paradoxo em que o capitalismo entra em declínio nos países centrais, todos eles tendendo a se transformar numa Inglaterra pós-final do colonialismo, e o desenvolvimento do capitalismo no resto do mundo, com a participação direta das corporações transnacionais.

Assim, a não ser que ocorram revoluções sociais nos países centrais, que os transformem em países socialistas de transição para um novo modo de produção, o capitalismo ainda possui o resto do campo planetário para desenvolver-se, antes de esgotar todas as suas possibilidades de reprodução. Não se deve, pois, pensar que esta seja uma crise terminal.

É lógico que a hipótese de guerras também continua presente. Por outro lado, quanto mais os Estados Unidos e os países centrais europeus e o Japão investirem recursos públicos em armas, para tentar fazer com que seus complexos industriais bélicos reergam suas economias, mais profundas se tornarão as crises fiscais de seus Estados. A experiência recente tem mostrado que, ao contrário do passado, as guerras deixaram de ser produtoras de riquezas das grandes potências industriais e se transformaram em dilapidadoras da riqueza acumulada. Nada muito diferente do que ocorreu com o Império Romano a partir de determinado momento de sua história.

Quanto ao papel da China nessa situação complexa, fica para a próxima semana.

Fonte: Adital


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10% do PIB já


A Campanha pelos 10% do PIB está colhendo votos em todo o país, através do Plebiscito Nacional. A campanha também está fazendo uma consulta eletrônica com o objetivo de ampliar a participação popular e divulgar a coleta oficial de votos e dessa forma, avançar na luta pelo investimento de 10% do PIB para a Educação Pública Já!

Mas atenção: a consulta eletrônica não substitui o voto em cédula, que está sendo coletado em plebiscito em todo o país. Por isso, é importante continuar com a coleta de votos e divulgação do plebiscito em sua cidade. Os votos da consulta eletrônica serão computados automaticamente por cidade e estados.

Para participar da consulta eletrônica, clique aqui.

Repasse para seus colegas, familiares e amigos. Mas não se esqueça: a coleta de votos do plebiscito não terminou!


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sábado, 19 de novembro de 2011

Avaliação do MEC reprova um em cada cinco cursos superiores

da Agência Brasil

Brasília – Dos 4.143 mil cursos avaliados em 2010 pelo Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), 594 não atingiram resultado satisfatório, com nota 1 ou 2 no Conceito Preliminar de Curso (CPC), indicador que varia em uma escala de 1 a 5. Entre os cursos avaliados, 1.115 ficaram sem conceito porque não tinham um número mínimo de estudantes concluindo o curso.
Considerando apenas as graduações que obtiveram CPC, as com nota baixa representam 20% do total. Os cursos com CPC 4 ou 5 são considerado bons e os com nota 3, satisfatórios. Cerca de 80% tiveram resultado entre 3 e 5 e só 58 cursos podem ser considerados de excelência, com CPC máximo (5). O conceito leva em consideração, além dos resultados do Enade, a infraestrutura da escola, o corpo de professores e o projeto pedagógico.
O Ministério da Educação (MEC) vai cortar vagas de todos os cursos que obtiveram CPC 1 ou 2 em 2010. A previsão é que 50 mil vagas sejam cortadas em diferentes áreas até o fim de 2011. Para o ministro da Educação, Fernando Haddad, o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes) baliza a expansão das vagas da educação superior no país porque prevê medidas de correção dos problemas para as instituições e cursos com baixos resultados.
“Para quem está fora dos parâmetros de qualidade, o Sinaes estabeleceu os termos que os trazem para a qualidade. Queremos que o sistema continue em expansão, mas com um freio naqueles cursos que estão com problema”, disse o ministro. Ele informou que cerca de 95% dos cursos de medicina que passaram pelo processo de supervisão do MEC por apresentar CPC instaisfatório em anos anteriores melhoraram o desempenho em 2010.
Entre os 19 cursos com CPC 1, quatro são oferecidos por universidades estaduais e o restante, por instituições de ensino privadas.

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Analfabetismo ainda atinge 28% da população com mais de 15 anos em pequenas cidades do Nordeste

da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Embora a taxa de analfabetismo na população com 15 anos ou mais de idade tenha caído de 13,63% em 2000 para 9,6% em 2010 na média do país, nas menores cidades do Nordeste, com até 50 mil habitantes, ela ainda atinge 28% das pessoas nessa faixa etária. Além disso, nesses municípios a proporção de idosos que não sabiam ler e escrever chegava a 60%.

Segundo dados dos Indicadores Sociais Municipais do Censo Demográfico 2010, divulgado hoje (16) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no caso do analfabetismo de jovens, a situação da Região Nordeste também é preocupante. Enquanto na média do país a proporção de adolescentes e jovens que não sabiam ler e escrever atingia 2,5%, no Nordeste era quase o dobro (4,9%), com pouco mais de 500 mil pessoas nessa faixa etária. Na Região Sul o percentual era de 1,1% e na Sudeste, de 1,5%.

Entre jovens e adultos, o levantamento revela que em 1.304 municípios a taxa de analfabetismo era igual ou superior a 25%. Entre eles, 32 não contavam com o programa Educação de Jovens e Adultos (EJA). A maioria está localizada no Nordeste, tendo sido a pior situação observada em João Dias (RN), onde 38,9% das pessoas com 15 anos ou mais não sabem ler e escrever. Em seguida, aparecem Monte Santo (BA), com 35,6%, e São Brás (AL), com 34,7%. No Norte, três municípios aparecem na lista, todos em Tocantins: Ponte Alta do Bom Jesus (25,2%), Mateiros (26,4%) e Centenário (28,6%). O Sudeste concentrava quatro deles, localizados em Minas Gerais. São eles: Miravânia (26,0%), Frei Gaspar (28,5%), Bertópolis (29,6%) e Santa Helena de Minas (31,7%).

O levantamento também evidenciou as diferenças em termos de alfabetização nos resultados segundo cor ou raça. Enquanto entre os brancos, o percentual de analfabetos para pessoas com 15 anos ou mais era de 5,9%, entre os pretos atingiu 14,4% e entre os pardos, 13%.

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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sobre educação, racismo e miséria

racismo é constitutivo do capitalismo brasileiro. É uma ideologia de dominação sem a qual a elite brasileira não se manteria.

A presidenta Dilma Rousseff elegeu o combate à miséria como prioridade de seu governo. A relevância do tema provoca expectativa, em especial por conta da óbvia compreensão de que o combate à miséria requer algo mais do que políticas compensatórias superficiais, marca das ações governamentais nos últimos anos.

A superação da pobreza depende, fundamentalmente, do rompimento com os interesses do grande capital, no Brasil representado por uma elite racista e preconceituosa, formada por latifundiários e empresários do agronegócio, por banqueiros, especuladores financeiros, grandes meios de comunicação e empresas transnacionais de diversas áreas. Daí porque somente uma mudança estrutural nas relações políticas, sociais, raciais e econômicas seria capaz de combater efetivamente as desigualdades.


Pobreza e analfabetismo

Não podemos permitir ou compactuar com corte de recursos ou investimentos públicos nas áreas sociais. Ao contrário, devemos exigir uma ampliação desses investimentos, sempre considerando o peso da variável “raça” na estruturação das desigualdades sociais no Brasil. Para isso, basta analisar os dados do Censo 2010 do IBGE, segundo o qual aproximadamente 16,2 milhões de brasileiros vivem em condições de extrema pobreza. Desses, mais de 70% são negras e negros.

Já a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) divulgada no final de 2010 apontou que o Brasil possui 14 milhões de analfabetos. E mais uma vez, percebe-se a população negra entre os mais preteridos no acesso ao direito à educação.

Aqueles que conseguem superar o analfabetismo encontram inúmeros desafios para completar o ensino médio, ter acesso a cursos técnicos e, principalmente, às universidades. Mesmo com o ProUni e o Enem enquanto via de acesso, as camadas mais empobrecidas têm ficado às margens das oportunidades visto o déficit na preparação prévia adequada e a própria limitação dos programas. São os cursinhos comunitários em todo Brasil que ocupam as lacunas deixadas pelo abandono do Estado. No caso da UNEafro-Brasil, mais de 2 mil jovens oriundos de escolas públicas se organizam em 42 núcleos, aliando estudo e luta em favor da educação pública. Será possível uma política efetiva de combate à miséria sem que haja ações dirigidas à população negra?


Lei 10.639/03 e o PNE

O racismo é constitutivo do capitalismo brasileiro. É uma ideologia de dominação sem a qual a elite brasileira não se manteria. Esse quadro explica, em parte, o fato de a Lei 10639/03 (alterada pela lei 11645/08), apesar de sua histórica e festejada aprovação, não ter saído do papel. Afinal, sua intenção é justamente contribuir para a superação dos preconceitos e atitudes discriminatórias por meio de práticas pedagógicas que incluam o estudo da influência africana e indígena na cultura nacional.

É necessário trabalhar para que o Plano Nacional de Educação (PNE), que volta a ser debatido, contemple a necessidade de radicalizar na efetivação das leis 10639/03 e 11645/08. E mais que isso. Em tempos de reivindicação pelo aumento dos investimentos em educação para a ordem de 10% do PIB, a UNEafro-Brasil propõe uma bandeira paralela tão importante quanto: a obrigatoriedade da destinação de, no mínimo, 10% dos recursos da educação de municípios, estados e federação para a aplicação das Leis 10639/03 e 11645/08. É preciso também regulamentar punições severas aos gestores públicos que as descumprirem.

A educação, num sentido ampliado, é tudo o que rodeia e forma o indivíduo, seja na escola formal, no ambiente familiar, nos diversos espaços de sociabilidade. E hoje, mais que nunca, também através dos meios de comunicação, em especial a televisão, a produção cultural (sobretudo na música) e as redes sociais da internet. Essa realidade nos coloca o desafio de pensar numa radical reformulação da educação brasileira, não apenas no que diz respeito aos recursos, mas ao modelo educacional, aos valores e aos métodos.

No Brasil, os afro-brasileiros representam 51% da população (IPEA). Diante dessa realidade, é sempre bom lembrar as palavras do mestre Kabengele Munanga: “Para qualquer pessoa se afirmar como ser humano ela tem de conhecer um pouco da sua identidade, das suas origens, da sua história”.


10% do PIB para educação

Não é possível imaginar um desenvolvimento sustentável e socialmente justo em uma sociedade que não prioriza a educação, não valoriza professores e não democratiza o acesso. Sobretudo, é necessário dar uma basta ao modelo neoliberal de educação que, infelizmente caminha a passos largos em nosso país. Exigimos 10% do PIB para o investimento em uma educação de qualidade, gratuita, popular, laica, antirracista, antimachista e antihomofóbica.

* Douglas Belchior é professor de História e membro do Conselho Geral da UNEafro-Brasil.

   Fonte: Brasil de Fato.


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Organização Social em Rede: um desafio e caminho para as lutas no Século XXI

A sociedade civil organizada, ou seja, grupos organizados a partir de vários segmentos na sociedade buscaram sempre meios para a transformação social, a partir de denúncia e anúncios. Na perspectiva da conquista de seu espaço com liberdade de expressão e participação, somam-se vários anos de intensa luta de movimentos sociais organizados no Brasil. Essa movimentação histórica dos movimentos tem-se um único objetivo: a construção de um projeto popular, uma sociedade pensada a partir do povo e pelo povo.

No Brasil essa luta teve inicio primeiramente com os índios a partir da resistência aos estrangeiros que chegaram ocupando de forma violenta o espaço desse povo que já pertencia essa terra e, conseqüentemente a violação dos seus direitos de crenças e manifestações religiosas. Na sequência esse movimento tomou outro corpo com a luta e resistência dos negros, contra a violência brutal a suas vidas escravizadas, surradas, criminalizadas, desumanizadas de forma social e religiosa. Mas, a força da vida contra a crueldade é maior, e esses mostraram resistentes, fortes e, sobretudo desobedientes e indignados, começaram a sambar a revolta e se organizarem contra o sistema. Buscaram todas as formas de organização independente do tempo e da distância.

Essa movimentação contrária a uma ordem européia, cristalizada, que visava apenas o lucro, a submissão e exploração violenta dos recursos humanos e naturais, se fortaleceu com luta dos negros e a partir daí vieram também outras categorias da sociedade. Numa perspectiva de resistir aos projetos geradores de morte, desigualdade e geração de riquezas para poucos, enquanto a maioria passava fome e tantas outras necessidades humanas e sociais. Muitos movimentos foram feitos. Muitos grupos organizados surgiram. Muitos morreram lutando por essas causas que provocaram mortes para muita gente (e continuam provocando).

No Brasil, mais historicamente nossos idosos de hoje e alguns adultos vivenciaram momentos de repressões, ditaduras, militarismo, e por isso muitas mortes e desaparecimentos de pessoas. Por outro lado, muitos vivenciaram momentos de muita dor, fome, secas, doenças, mortalidade infantil e materna, conseqüência de uma política pensada e executada por e para poucos – os mais ricos. O advento de muitos movimentos e organizações dessa época proporcionou novos olhares. Muitos sonhos, utopias, de uma sociedade de igualdade, de uma política democrática, na perspectiva de dar ao povo vez e voz. Muitas foram as vidas ceifadas pelo sistema opressor.

A essas organizações é que chamamos de sociedade civil organizada. E por isso, muitas também foram as conquistas, desde a Constituição de 1988 que afirma "todo poder emana do povo e para o povo” (art. 1º, Título I da CF 1988), na qual garante a participação do povo, a partir da democracia. Quem acompanha a historia do Brasil sabe a grande relevância do sistema democrático, que permitiu outras classes sociais se fazerem parte da política de gestão pública do país. Tais organizações como, sindicatos, Pastorais, Associações, Estudantis, Trabalhadores, Juvenis, Culturais, Negros, Mulheres, Indígenas, Sem Terras (e tantos outros), se uniram forças e lutaram juntos (em diversos segmentos) por muito tempo. E colheram e a sociedade continua colhendo frutos dessa articulação organizada. Um operário e uma mulher ocuparam o cargo de presidência do Brasil (fatos históricos), oriundos dessas organizações em parcerias. Mudanças apontaram novos horizontes a partir desse agir em parcerias, jornadas de lutas comuns. Reconheceram e tenta-se pagar a dívida com os Negros por meio de programas específicos e leis para garantir sua integridade e respeito. Com os Índios, mulheres, trabalhadores, pobres e tantos outros grupos desprotegidos e desfavorecidos. Alguns programas governamentais tentam dar conta daquilo que por séculos o sistema (e o governo) excluiu (e continua excluindo).

A vida agora é respaldada por direitos que tentam favorecer os menos favorecidos, econômico e politicamente. Porém, muitos continuam e novos desafios surgiram e junto com esses, novos grupos organizados da sociedade civil (LGBT, povo em situação de rua, fóruns, MAB, ambientais e tantos outros do campo e da cidade) para empoderamento e incidência na busca da efetivação de seus direitos a qualidade de vida.

As conquistas não chegaram a todos, mas elas podem chegar a todos. Já se viu que é politicamente possível e economicamente viável, uma sociedade igualitária e que garanta a todos, os direitos básicos para o desenvolvimento integral do ser humano. Para isso, é necessária a organização não somente de partes da sociedade civil, mas de toda ela. O Brasil é muito grande e o sistema político-econômico também. É preciso fazer valer, pelo próprio povo o que a constituição referenda: poder ao povo!

As parcerias entre as organizações e movimentos na construção de um poder popular, que funcionou e apontou novos horizontes para a política no Brasil nas ultimas décadas, hoje é desafiada a encontrar outras formas de articulação e metodologia de trabalho. Por isso, fala-se da organização em rede e nessa direção caminha o Fórum Social Mundial (FMS), no qual se congrega vários países, diversas organizações com o objetivo de somar forças políticas sem perder a identidade institucional construída ao longo da historia de protagonismo, profetismo e transformação social.

Da organização de grupos desde os negros, ainstitucionalização de entidades, e aconstituições de parcerias institucionais, somos desafiados a desenvolver o trabalho em rede, por meio de uma metodologia adequada aos novos tempos e tecnologias. O trabalho em Parcerias não funciona mais de modo a avançar politicamente, pois à medida que as organizações criam raízes, essas constituem demandas internas, próprias de cada grupo. Para avançarmos politicamente, faz-se necessário, fortalecer-nos com os demais organismos que lutam pela mesma causa – direitos humanos e planetário (ambientais e animais).

A rede nessa linguagem traz o sentido figurado mesmo da própria rede material (tecida de fios), a qual os fios se encontram e os nós unem e se fortalecem cada vez mais nas articulações, constituindo um novo formato de organização, de liderança, sem a hierarquização demasiada e com facilidades de trabalhar com os egoísmos próprios de alguns seres humanos. O trabalho em rede não é a aproximação dos se identificam, mas a articulação e união dos que se aproximam.

As demandas históricas continuam: das populações encarceradas, analfabetos, periferias, empobrecidos, desempregados ou em trabalho informal a maioria é negra; as aldeias indígenas que restam ainda são atacadas e tomadas suas terras; mulheres ainda são espancadas; crianças ainda vivem fora da escola e com seus direitos sendo violados; pessoas ainda morrem por falta de atendimentos médico; comunidades economicamente vulneráveis são criminalizadas pela condição social que vive; pessoas são assassinadas e desrespeitadas por causa da orientação e opção sexual que vive; jovens são assassinados por falta de políticas especializadas para essa faixa etária. Essas e muitas outras são bandeiras não mais especificas de um grupo, mas de todos. Nesse caso, o todo é muito mais que a soma das partes, mas a integração das partes numa co-relação de forças pelo todo.

O Fórum Social Mundial entre os países é um dos exemplos que nos aponta esse trabalho e com ele acreditamos e profetizamos de que Outro Mundo é Possível e Acontece. Outra política é possível, outra economia é possível, outros conceitos são possíveis, outras relações sociais, etc. Não somente é possível, como é necessário, pois esse sistema que rege a sociedade atual, não se sustenta nem politicamente, nem economicamente e nem ecologicamente. Resquícios de séculos de história repressora e preconceituosa, ainda prevalecem, porém o Brasil que queremos é um país de todos, com igualdade social, como dizia Zilda Arns "O mundo não será melhor se todos ficarem ricos, mas será melhor se todas as pessoas crescerem em igualdade” e respeito à diferença cultural. "Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres” (Rosa de Luxemburgo).

Jardel Neves Lopes

Coord. do Centro de Formação Santo Dias (Past. Operária), Agente de Past. na Rede Marista de Solid. (ProAções-APC), Consagrado na Irmandade do Servo Sofredor, Integ. do Coleg. das CEBs da Arquid. de Curitiba e Artic. da Rede de Integ. das Entidades d.


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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Dos professores, de todos os dias


“As verdadeiras questões da educação resultam de que nas escolas há pessoas jovens, que devem ser ajudadas, tanto quanto possível, a serem felizes. E em que a felicidade dessas pessoas, como a de todas as outras, consiste em satisfazerem a ânsia profunda que têm de verdade, de bem e de beleza. Não em terem coisas e conforto”. (Paulo Geraldo)

Nós, professores e professoras de todos dias, mergulhamos no complexo desafio de humanizar crianças, adolescentes, jovens e adultos a partir da construção do conhecimento. Os tempos mudam, mas não mudou o papel da escola. A escola é o grande laboratório onde se geram a socialização e convivência interpessoal, bem como a construção do conhecimento, a partir das idéias e iniciativas inerentes à criatividade humana.

Abençoada seja a nossa missão de educar. Abençoados sejam nossos propósitos, mesmo nem sempre compreendidos pelos alunos, pais e comunidade. Abençoadas sejam nossas famílias que se geram neste contexto que exige ousadia, paciência, preparo e persistência, em resumo, em doação à vida dos outros. Abençoada seja a nossa saúde física e mental, pois não podemos adoecer e nem fraquejar. Abençoados sejam todos aqueles e aquelas que, por nossas mãos, mentes e coração aceitaram e aceitam o desafio de fazer-se gente, a partir dos seus potenciais e da superação de seus limites. Abençoados todos aqueles que acreditam no trabalho do professor.

Nada mais gratificante em nossa profissão do que o reconhecimento de alunos e alunas que, mesmo tardiamente, fazem questão de afirmar que a gente fez diferença em suas vidas. Não há como medir, no cotidiano da vida escolar, quando e como realizamos ações ou atitudes que marcaram positivamente a vida de um de nossos alunos. Afinal, a gente nunca foi e nunca será gênio para adivinhar; sempre seremos visionários para arriscar, mudar e ousar. Nisto, sempre fomos mestres.

O que entristece a nossa vida é que tanto cuidamos da vida, dos sonhos e dos problemas dos outros, mas nem sempre somos bem cuidados. Queríamos, sim, reconhecimento por nosso maior feito: preservar a importância da educação e da escola para o nosso país, para o mundo.

Muitos falam de educação, mas não são professores. Arriscam palpites sobre melhorias na educação, mas não perguntam sobre o que a gente tem a dizer. Não se importam com nossos baixos salários, muito menos com nossas dificuldades de lidar com as múltiplas dimensões e necessidades presentes nos nossos alunos. Nestes últimos quesitos, lutamos solitários. Embora não tenha mudado o papel da escola e da educação, mudaram as exigências para que possamos construir uma boa aprendizagem. Temos observado que nem todo aluno e nem todos os pais vêem a escola como uma forma de inserção na vida social e científica. Que as necessidades dos nossos alunos estão muito além para aquilo que a escola consegue oferecer. Que escolas e professores nem sempre estão em condições de dar conta de tudo o que está “depositado” neles.

O fato é que, a complexidade de nosso mundo é a complexidade da nossa escola; esta complexidade está nos distintos recantos de nosso país. O que muda de uma escola para o outra é o modo de conduzir os processos de aprendizagem e de interação social, mediados pelo conhecimento. A especificidade de cada escola e de cada contexto é que precisam ser sempre avaliados, reconhecidos e apoiados.

O professor, neste contexto, está fragilizado, exposto e pressionado por resultados e expectativas que não dependem somente de sua atuação. Mas professores e professoras resistem bravamente. Sabem que a dureza dos desafios cotidianos supera-se na disposição de lutar por melhores dias na educação, mas também na sua disposição de amar e sentir compaixão. Como escreveu Paulo Freire, “ não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.

Nossos dias se chamam “muito trabalho”. Nosso alento, “esperança de dias melhores”.

*Nei Alberto Pies, professor, graduado em filosofia e com especialização em metodologia de ensino religioso, ativista da Comissão de Direitos Humanos de Passo Fundo (RS)

Fonte: Brasil de Fato

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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Maioria de adultos excluídos na educação é origem rural


A fim de traçar um perfil dos adultos que buscam se alfabetizar e de entender quais os motivos que os levaram a não estudar quando crianças, a educadora Vanessa de Oliveira Pupo desenvolveu a pesquisa Disposições culturais e analfabetismo no Brasil: histórias de exclusão educacional, defendida na Faculdade de Educação (FE) da USP. Vanessa observou que a maioria deles era originária da zona rural, e essa origem os distinguia dos que moravam na zona urbana naquela época, fazendo-os ter um modo de vida diferente. Modo de vida esse que acabava não valorizando a educação escolar.

A pesquisadora entrevistou 483 adultos matriculados em séries de alfabetização (1ª a 4ª série) na cidade de Piracicaba, em todas as escolas municipais que ofereciam este tipo de curso, por meio de questionários pessoais. Para o estudo, orientado por Afranio Mendes Catani, Vanessa usou o conceito de disposição cultural, do sociólogo Pierre Bourdieu. As disposições culturais são um conjunto de regras, incorporadas de maneira inconsciente pelas pessoas, que produzem nossa visão de mundo e condicionam nossas tomadas de posição, sendo adquiridas por intermédio das experiências de vida e em instituições constituídas em nossa sociedade. Segundo a educadora, os entrevistados tinham disposições culturais diferentes da cultura propagada no cenário urbano na época em que eram crianças.

Com as informações coletadas, foi observado que a maioria dos novos estudantes tinha mais de 50 anos (190 pessoas da mostra), que os gêneros estavam equiparados (51% de mulheres e 49% de homens), assim como a etnia (50% de brancos e 50% de negros e pardos). As ocupações mais comuns foram doméstica, dona de casa, pedreiro e desempregado. Dos 483 estudantes, 68% são originários da zona rural e lá moravam em sua idade escolar. Seus pais ou irmãos também não foram alfabetizados, o que demonstra terem sido criados com uma cultura onde o estudo não é prioridade. Já seus filhos são alfabetizados, havendo uma mudança nessa cultura, que pode ser explicada inclusive por causa das exigências do mundo em que vivem hoje.

Essa exigências do mundo atual e a inserção social possibilitada pela educação são alguns dos principais motivos para que os alunos tenham tomado a iniciativa de voltar a estudar. Segundo a pesquisa, os entrevistados desejavam arrumar emprego, ajudar os filhos na escola, aumentar sua auto-estima e “deixar de ser cego” na sociedade. “Tais informações mostram que o grupo reconhece a importância da educação e a visualizam como ferramenta para a mobilidade social, tanto que eles colocaram seus filhos na escola”, diz Vanessa.


Etnia

A pesquisadora diz que esperava que o número de negros e pardos se alfabetizando posteriormente fosse maior que o de brancos, resultado que não se confirmou. Segundo ela, muitos se declaravam brancos, quando visivelmente não o eram. Uma explicação para esse fato é o preconceito racial, que ainda é uma questão cultural forte na sociedade.

Essa diferença pode ser explicada pelo método aplicado, já que eram os próprios alunos que deveriam se auto-declarar como pertencente de alguma etnia, seguindo os padrões do IBGE. Para Vanessa, isso influiu na resposta. Ao mesmo tempo, a população total da cidade de Piracicaba também se divide igualmente entre as etnias, tendo o resultado reproduzido o padrão.


Dívida histórica

Para a pesquisadora, a principal função de seu estudo é mostrar para a sociedade quem e como são os adultos que estão dentro das salas de alfabetização. Vanessa diz que ao iniciar a coleta de dados, verificou que não havia um histórico do perfil dos alunos na secretaria municipal de educação, o que tornou a pesquisa útil para o municipio para saber quem são os alunos que passaram pelas escolas no ano de 2009.

A educadora acredita haver uma divida histórica com estas pessoas, que são tradicionalmente excluídas da sociedade, e que é necessário saber quem eles são e quais os fatores que os afastaram da escola, ou, no conceito de Bourdieu, conhecer a trajetória de vida que contribuiu com sua disposição cultural. Na pesquisa em questão, houve grande dicotomia entre o campo e a cidade, mas, como Vanessa enfatiza, pode haver um conjunto de variáveis que contribuem para a situação de exclusão desses alunos (tais como etnia, idade, gênero e procedência). Mas para isso, é necessário antes conhecer os adultos que a sociedade está alfabetizando.

Fonte: agência USP

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O ensino médio e as expectativas de aprendizagem


Um fato possivelmente desconhecido da maioria dos brasileiros é o de que não existe no Brasil um currículo mínimo em nível nacional. Contamos apenas com “diretrizes curriculares” que, como não poderia deixar de ser, apresentam somente indicativos orientadores da definição dos conteúdos curriculares. Na maioria dos casos, essa definição cabe às escolas e, quando não, ao próprio professor.
São poucos ainda os Estados que determinaram seus currículos únicos. A defesa dessa autonomia se baseia na ideia do respeito à diversidade cultural brasileira. Um exemplo das consequências dessa liberdade é o caso de uma estudante de ensino médio, filha de militar, que cursou cada série em um Estado da Federação.

Na primeira série, em física, o foco foi magnetismo. Na segunda série, estudou magnetismo e, na terceira, magnetismo. A par de ter tido a oportunidade de desenvolver uma “personalidade magnética”, a aluna não ouviu sequer falar em nenhum outro campo da física.

Na verdade, a par do respeito às diferenças culturais, deveria ser respeitado o direito de todo jovem, independentemente de sua contingência geográfica, cultural, social ou econômica, desenvolver, ao final de seu ensino básico, as habilidades e competências consideradas essenciais para sua inserção no mercado de trabalho ou para a continuação dos estudos. Mas quais seriam essas competências? Esta é uma pergunta que vale um milhão.

Durante décadas, coube aos livros didáticos a definição dos currículos. Com a instituição das avaliações em larga escala, em nível nacional, as matrizes de competência, construídas para os exames de final do ensino médio (Saeb e Enem), tornaram-se as “diretrizes” para as definições curriculares. Ou seja, em vez de o currículo determinar a matriz de avaliação, ela vem definindo o currículo.

A nova proposta de Diretrizes Nacionais Curriculares para o Ensino Médio (DCNEM 2011) é enfática na necessidade urgente da definição de “expectativas mínimas de aprendizagem”, em nível nacional, para o final desse ciclo.

A mudança de nomenclatura, além de ter a possibilidade de escapar das infindáveis discussões sobre currículo mínimo, ainda carrega a vantagem de inverter o foco. Na questão do currículo, o foco é o ensino, enquanto nas expectativas, o foco é a aprendizagem. Isto corrobora um movimento que evoluiu do “direito à educação” para o “direito de aprender”.

 Estabelecido o foco na aprendizagem, voltamos à pergunta básica. Afinal, quais seriam as expectativas mínimas de aprendizagem necessárias ao final do ensino básico?

Mínimas para garantir tanto o caminho do trabalho quanto o da universidade, para todos os jovens brasileiros. A partir desse mínimo seria possível agregar outras competências, em função das características locais ou pessoais do estudante.

O desafio maior é justamente definir o mínimo. A tendência devastadora será partir dos atuais 14 componentes curriculares obrigatórios, e mais seis transversais, cujos especialistas consideram cada detalhe de sua área como absolutamente fundamental.

Se formos por esse caminho, chegaremos, sem dúvida, a um mínimo mega que aumentará o desânimo de nossa juventude, já tão perdida no emaranhado da proposta enciclopédica de nossas escolas.

Se conseguirmos chegar às expectativas essenciais de aprendizagem ao final do ensino médio, teremos dado um passo fantástico no sentido de reorganizar o currículo de todo o ensino básico. Com os parâmetros iniciais (todas as crianças alfabetizadas) e os finais (expectativas básicas ao término do ensino médio), ficaria mais fácil definir expectativas para os pontos críticos em que ocorrem mudanças na estrutura curricular, o final da nona e da quinta séries.

O caminho poderia ser “de trás para a frente”. Já que, ao final de seus estudos básicos, um aluno necessitaria aprender no mínimo X, qual seria seu desempenho necessário ao final do fundamental e o que precisaria ter aprendido ao término do primeiro segmento?

A clareza sobre as expectativas, ao final de cada uma dessas etapas, possibilitaria um trabalho de correção de deficiências antes do início de nova fase, de forma a evitar o maléfico acúmulo de lacunas que leva quase sempre ao abandono.

Estabelecidas tais expectativas, teríamos também a possibilidade de restabelecer a lógica do processo, partindo delas para a revisão das matrizes de competência do Saeb e do Enem e, quem sabe, transformando o último num exame universal e obrigatório para o final do ensino básico.

* Wanda Engel é superintendente-executiva do Instituto Unibanco.

Fonte: Gife

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terça-feira, 4 de outubro de 2011

10% do PIB para a educação já!

Tomar as ruas, lutar por direitos, assumir bandeiras coletivas, eis a função social real de nos movermos todos pela educação.


1. A educação pede socorro

O orçamento geral da União de 2010 foi de R$ 1,4 trilhão de reais. Este valor é dividido, como gasto público, com base nas prioridades do governo federal. Foram destinados R$ 635 bilhões (44,93%) do total do orçamento a pagamentos de juros e amortizações das dívidas do governo federal, enquanto a educação recebeu somente 2,89% do valor total.

Neste processo de priorizar o pagamento das dívidas e o financiamento de projetos do capital, crescem as iniciativas sociais de “recuperação da educação pública brasileira”, protagonizadas pelas organizações sem fins lucrativos (ONGs).

Amigos da Escola e Todos pela Educação são exemplos da lógica dominante de aparente socorro do público pelo privado, que mascara a condução política dos recursos públicos pelo grande capital.

O projeto Todos pela Educação, criado em 2006, traça cinco metas para o período de 2006-2022 que, segundo seus porta-vozes, deverão reverter o quadro de dependência e sujeição histórica da fração mais pobre da sociedade brasileira.

As metas são: 1) toda criança e jovem de quatro a 17 anos na escola; 2) toda criança plenamente alfabetizada até os oito anos; 3) todo aluno com aprendizado adequado à sua série; 4) todo jovem com o Ensino Médio concluído até os 19 anos; 5) investimento em educação ampliado e bem gerido.

Entre os patrocinadores do projeto estão: Santander, DPaschoal, institutos Unibanco, HSBC, Camargo Correa, Odebrecht, Itaú Social, Gerdau, fundações Bradesco e Suzano Papel e Celulose. A Rede Globo entra como parceira e Amigos da Escola e Microsoft, apoiadores.

Estas pessoas jurídicas acima são o corpo social do grande capital, cuja razão real de ser é desconhecida por grande parte da sociedade brasileira. O que caracteriza a responsabilidade social? Quanto uma fundação que executa atividades como estas pode isentar-se de parte dos impostos devidos sobre sua base de lucros no ano corrente?

Também chama a atenção no site Amigos da Escola a concepção de trabalho voluntário, a partir da consciência individual sobre a participação para um futuro inclusivo para fração da sociedade.

Em nenhum destes programas o problema central da educação nos remete ao processo político dos gastos públicos brasileiros, que transforma o essencial em periférico, como é o caso da educação.

Estes projetos contam com todos os recursos para propagandear suas verdades, uma vez que consolidam a concepção do voluntário cidadão que está servindo ao futuro da nação, ao destinar seu tempo e coração a estas ações.

Os trabalhadores voluntários merecem nossa atenção, dada a disputa que necessitamos realizar. Mas os que convocam, são usurpadores do tempo, do trabalho, da cidadania participativa concreta.


2. Luta pela educação como direito

O que estes projetos ocultam, na faceta de amigos e todos pela escola, é a real necessidade do direito democrático e popular do povo brasileiro de exigir e lutar por/pela:

- uma educação pública de qualidade com o compromisso do Estado de cumprir com sua função republicana de destinar uma verba compatível com aquilo que recebe de impostos de sua sociedade, 10% do PIB para a educação já;

- condições dignas de trabalho e de remuneração para os educadores e funcionários públicos da educação, que têm atuado, a partir dos salários que recebem, como voluntários pela justiça social;

- garantia de acesso-permanência da criança e do jovem na escola e de uma aprendizagem de saberes múltiplos que remetam o papel essencial da escola na vida destes sujeitos. A escola como espaço fomentador de beleza e cultivo, próprio para gerar algo para além de seus muros, a realização dos sonhos potencializada pela educação pública de qualidade;

- realização de uma alimentação escolar digna. Na atualidade, tanto as crianças como as merendas são tratadas como recursos em disputa a serem barateados;

- conformação de um serviço público prioritário, em que não se terceirizem funções estratégicas do cuidar, como a limpeza, a segurança e a manutenção geral do ambiente escolar.


3. Sujeitos de direitos x amigos da escola

Agiremos em prol da educação como cidadãos se deixarmos de sermos amigos e passarmos à condição de sujeitos de direitos e deveres em pé de igualdade. Isto requer ver a escola não a partir do que cada um possa dar, mas pela instituição do caráter legítimo e legal de que todos devem ter acesso a educação de qualidade, como direito.

Tomar as ruas, lutar por direitos, assumir bandeiras coletivas, eis a função social real de nos movermos todos pela educação.

Gerar um antivalor à educação projetada pelo capital, associado à governança pública, cuja ação é a de substituir direito por benevolência, recursos públicos por trabalho voluntário, consciência de classe por doação individual de seus saberes.

A movimentação social da educação mineira, há mais de cem dias em greve, nos dá ares reais da necessidade de reversão do histórico quadro de precarização da educação pública. Mexeu com o professor, mexeu conosco em qualquer parte do país e do mundo!

A escola pública brasileira não necessita de amigos. Necessita de políticas públicas que consolidem direitos e garantam a prioridade na formação da infância e da juventude. Há um projeto em disputa. É necessário que compremos a briga, que declaremos nossas diferenças, que instituamos nossas verdades frente à fantasia organizada pelo grande capital.

* Roberta Traspadini é educadora e economista.

Fonte: Brasil de Fato


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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Educar para a celebração da vida e da Terra

Por Leonardo Boff

Dada a crise generalizada que vivemos atualmente, toda e qualquer educação deve incluir o cuidado para com tudo o que existe e vive. Sem o cuidado, não garantiremos uma sustentabilidade que permita o planeta manter sua vitalidade, os ecossistemas, seu equilíbrio, e a nossa civilização, seu futuro. Somos educados para o pensamento crítico e criativo, visando a uma profissão e um bom nível de vida, mas nos olvidamos de educar para a responsabilidade e o cuidado para com o futuro comum da Terra e da Humanidade. Uma educação que não inclui o cuidado se mostra alienada e até irresponsável. Os analistas mais sérios da pegada ecológica da Terra nos advertem que se não cuidarmos, podemos conhecer catástrofes piores do que aquelas vividas em 2011 no Brasil e no Japão. Para se garantir, a Terra poderá, talvez, ter que reduzir sua biosfera, eliminando espécies e milhões de seres humanos.

Entre tantas excelências, próprias do conceito do cuidado, quero enfatizar duas que interessam à nova educação: a integração do globo terrestre em nosso imaginário cotidiano e o encantamento pelo mistério da existência. Quando contemplamos o planeta Terra a partir do espaço exterior, surge em nós um sentimento de reverência diante de nossa única Casa Comum. Somos inseparáveis da Terra, formamos um todo com ela. Sentimos que devemos amá-la e cuidá-la para que nos possa oferecer tudo o que precisamos para continuar a viver.

A segunda excelência do cuidado como atitude ética e forma de amor é o encantamento que irrompe em nós pela emergência mais espetacular e bela que jamais existiu no mundo, que é o milagre, melhor, o mistério da existência de cada pessoa humana individual. Os sistemas, as instituições, as ciências, as técnicas e as escolas não possuem o que cada pessoa humana possui: consciência, amorosidade, cuidado, criatividade, solidariedade, compaixão e sentimento de pertença a um Todo maior que nos sustenta e anima, realidades que constituem o nosso Profundo.

Seguramente não somos o centro do universo. Mas somos aqueles seres, portadores de consciência e de inteligência, pelos quais o próprio Universo se pensa, se conscientiza e se vê a si mesmo em sua esplêndida complexidade e beleza. Somos o universo e a Terra que chegaram a sentir, a pensar, a amar e a venerar. Esta é nossa dignidade que deve ser interiorizada e que deve imbuir cada pessoa da nova era planetária.

Devemos nos sentir orgulhosos de poder desempenhar essa missão para a Terra e para todo o universo. Somente cumprimos esta missão se cuidarmos de nós mesmos, dos outros e de cada ser que aqui habita.

Talvez poucos tenham expressado melhor estes nobres sentimentos do que o exímio músico e também poeta Pablo Casals. Num discurso na ONU, nos idos dos anos 1980, dirigia-se à Assembleia Geral pensando nas crianças como o futuro da nova humanidade. Essa mensagem vale também para todos nós, os adultos. Dizia ele:

“A criança precisa saber que ela própria é um milagre, saber que, desde o início do mundo, jamais houve uma criança igual a ela e que, em todo o futuro, jamais aparecerá outra criança como ela. Cada criança é algo único, do início ao final dos tempos. E assim a criança assume uma responsabilidade ao confessar: é verdade, sou um milagre. Sou um milagre do mesmo modo que uma árvore é um milagre. E sendo um milagre, poderia eu fazer o mal? Não. Pois sou um milagre. Posso dizer Deus ou a Natureza, ou Deus-Natureza. Pouco importa. O que importa é que eu sou um milagre feito por Deus e feito pela Natureza. Poderia eu matar alguém? Não. Não posso. Ou então, um outro ser humano que também é um milagre como eu, poderia ele me matar? Acredito que o que estou dizendo às crianças, pode ajudar a fazer surgir um outro modo de pensar o mundo e a vida. O mundo de hoje é mau; sim, é um mundo mau. E o mundo é mau porque não falamos assim às crianças, do jeito que estou falando agora e do jeito que elas precisam que lhes falemos. Então o mundo não terá mais razões para ser mau.”

Aqui se revela grande realismo: cada realidade, especialmente, a humana é única e preciosa mas, ao mesmo tempo, vivemos num mundo conflitivo, contraditório e com aspectos terrificantes. Mesmo assim, há que se confiar na força da semente. Ela é cheia de vida. Cada criança que nasce é uma semente de um mundo que pode ser melhor. Por isso, vale ter esperança. Um paciente de um hospital psiquiátrico que visitei, escreveu, em pirografia, numa tabuleta que me deu de presente: “Sempre que nasce uma criança é sinal de que Deus ainda acredita no ser humano”. Nada mais é necessário dizer, pois nestas palavras se encerra todo o sentido de nossa esperança face aos males e às tragédias deste mundo.

* Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor, autor de Cuidar da Terra – Proteger a Vida, Record, Rio de Janeiro 2010.

 
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Em outubro: XV CONSIND da CONTEE acontecerá em São Paulo

O XV Conselho Sindical da CONTEE será realizado em São Paulo/SP, nos dias 21 e 22 de outubro, nas dependências do Novotel Jaraguá São Paulo Conventions (Rua Martins Fontes 71, Centro). A atividade terá como tema “CONTEE 20 anos: Educação é nossa história” e reunirá aproximadamente 350 representantes de entidades filiadas de todo o Brasil.


Um ato político na abertura da atividade marcará a comemoração aos 20 anos da entidade, com o lançamento de um vídeo institucional, uma revista especial e uma exposição itinerante sobre a história da Confederação. Entre os temas a serem debatidos no Consind: conjuntura nacional, internacional e sindical; conjuntura educacional; juventude e movimento sindical; e lutas da entidade.

Acesse: o edital de convocação e regimento de convocação.


Teses e propostas

As teses e propostas ao XV CONSIND da CONTEE poderão à sede da Confederação com 30 (trinta) dias de antecedência, ou seja, até o dia 21 de setembro de 2011, através do endereço eletrônico: contee@contee.org.br, ficando a Diretoria Executiva responsável pela sua reprodução e distribuição na atividade.

Acompanhe aqui pelo Portal da CONTEE mais informações sobre o XV CONSIND. Em breve, a programação da atividade.

XV Conselho Sindical da CONTEE
Dias 21 e 22 de outubro de 2011
Novotel Jaraguá São Paulo Conventions
Rua Martins Fontes 71, Centro – São Paulo/SP
Mais informações: contee@contee.org.br  

Formação de professores é desvalorizada pelas universidades, avaliam especialistas

da Agência Brasil


O ambiente acadêmico ainda considera a formação de professores para a educação básica uma tarefa “menor” o que dificulta a melhoria da qualificação desses profissionais para atuar em sala de aula. Este é o diagnóstico de especialistas, pesquisadores e organizações da sociedade civil reunidas no Congresso Internacional Educação: uma Agenda Urgente. A formação de professores no Brasil foi tema de discussão em uma das mesas de debates, e há um consenso de que é necessária a revisão dos currículos dos cursos de pedagogia e de licenciaturas.

Um dos componente que deve ser fortalecido, na opinião dos debatedores, é o prático. Para os especialistas, o estágio precisa ganhar maior importância e deve ocorrer desde o início da formação do professor. Uma das principais críticas é que a universidade não prepara o professor para lidar com a realidade da sala de aula, que inclui problemas de aprendizagem e um contexto social que influencia no processo.

“A formação inicial deve estar visceralmente ligada à sala de aula. Ela deve ocorrer em dois lugares: na universidade, onde eu penso, discuto e estudo e naquele lugar que é objetivo maior do professor, a sala de aula”, disse Gisela Wajskop, diretora-geral do Instituto Singularidades.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin Leão, declarou que apesar do estágio ser obrigatório para a obtenção do diploma, em muitas escolas de formação ele não passa de uma “formalidade”. “O estágio é fundamental para conectar o que o aluno aprende na universidade e o mundo real. Ele precisa sair sabendo como são as escolas, quais são as dificuldades concretas que ele vai encontrar e quem é esse jovem que ele vai ensinar e que ele só estuda na psicologia. Mas o estágio precisa ser bem feito, orientado e cobrado”, ressaltou.

Uma das propostas apresentadas para melhorar a formação, é instituir nas licenciaturas e cursos de pedagogia uma espécie de residência, semelhante a que ocorre nos cursos de medicina e que é obrigatória para o exercício profissional. Leão aponta, entretanto, que a formação do professor não é a única variável que determina a qualidade do ensino. “A universidade que forma o professor da escola pública é o mesmo que forma o da particular. Mas, a segunda tem resultados melhores nas avaliações”, disse.

Membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do movimento Todos pela Educação, Mozart Neves Ramos defende a criação de centros ou institutos de formação nas universidades que sejam separados dos departamentos que hoje oferecem as licenciaturas. “O professor da universidade que está preocupado em dar aula na escola de educação básica é visto no seu departamento como inferior porque não está preocupado em publicar artigos nas revistas de ponta”, declarou.

A desvalorização da carreira e dos cursos de formação têm levado ao fechamento das licenciaturas, conforme observou o vice-presidente da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc), Marcelo Lourenço. “Nós estamos pedindo socorro porque os cursos estão fechando por falta de procura”.



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Para especialistas, Enem mostra que avanço na educação é mais lento do que o necessário

da Agência Brasil

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), apesar de indicar avanço na educação pública do país, mostra que esse ganho ainda é lento do que o possível e necessário. A avaliação do professor Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Ocimar Munhoz Alavarse. “Esses ganhos ainda não são tão elevados quanto poderiam ser, e os patamares ainda são preocupantes”, disse à Agência Brasil.

O aumento da nota média é, segundo Alavarse, resultado da melhora da rede pública de ensino que ocorreu a partir do ano 2001. Os alunos que estavam nas séries iniciais chegam agora ao ensino médio beneficiados por uma escola mais equipada e professores com melhores remunerações. O que o professor considera uma conquista importante, uma vez que o sistema público trabalha “com 90% dos alunos em condições precárias e, mesmo assim, está melhorando a aprendizagem”.

Alavarse aponta, como prioritária para a evolução da rede de ensino, a formação de professores mais qualificados. “Pensando no caso do ensino médio, nós temos carência de professores. Eu defendo que quem quiser ser professor no Brasil ganhe uma bolsa”.

Na opinião do coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, o país deve aproveitar a sinalização do Enem para ampliar os investimentos em educação. Caso contrário, alerta que os jovens brasileiros continuarão a receber uma formação deficiente nos próximos anos. “Permanecendo no ritmo atual, o Brasil vai perder mais uma geração de jovens, que é a geração desta década, e só vai começar a ter educação de qualidade a partir da próxima década”.

Cara defende a necessidade da avaliação de problemas locais e específicos de cada escola. Essa informação não pode, de acordo com ele, ser conseguida com um exame como o Enem. “O Brasil precisa enfrentar os problemas estruturais, mas também os específicos de cada rede”, declarou.

De acordo com ele, as escolas públicas que obtiveram o melhor desempenho são as técnicas e militares, onde o investimento por aluno é muito maior do que no restante da rede. Por isso, defende que o governo coloque em prática a Resolução 8 do Conselho Nacional de Educação (CNE) que determina um gasto mínimo por aluno.


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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Educação, dez por cento do PIB

Investir 10% em educação é perfeitamente viável do ponto de vista econômico e não fruto do delírio de esquerdistas radicais ou educadores sonhadores

No final da década de 1990, um grande conjunto de entidades comprometidas com o desenvolvimento da educação construiu uma proposta de Plano Nacional de Educação, conhecido como PNE da Sociedade Brasileira (PNE-SB). Esse Plano foi apresentado ao Congresso Nacional na forma de um projeto de lei assinado por mais de 70 parlamentares e encabeçado pelo deputado federal Ivan Valente, então no PT-SP.

Uma das propostas contidas no PNE-SB dizia respeito à necessidade de financiamento, estimada, então, em 10% do PIB. Neste momento em que a defesa dos 10% do PIB para a educação é adotada por inúmeras entidades comprometidas com a educação nacional, vale a pena examinar alguns aspectos referentes à origem daquele valor e as possibilidades reais do país arcar com isso.

Os 10% do PIB não foram tirados da cartola! Durante a elaboração do PNE-SB, avaliou-se em que situação nossa educação se encontrava, definiram-se as metas a serem atingidas e os prazos para isso. Usando alguns parâmetros bem definidos (por exemplo, os investimentos necessários por estudante ano e o número de crianças, jovens e adultos a serem atendidos), estimou se o volume de recursos necessário. (Detalhes dos cálculos aparecem na referência citada.) Daí surgiram os 10% do PIB. Não por coincidência, os países que acumulavam atrasos educacionais como os nossos e os superaram aplicaram cerca de 10%, ou mais, de seus PIBs na educação pública.

O PNE atualmente proposto pelo executivo federal prevê investimentos que, na melhor das hipóteses, chegariam aos 7% do PIB e propõe metas incompatíveis com esse valor, como a universalização da educação dos 4 aos 17 anos, a conclusão do ensino fundamental para todos, o atendimento de 50% das crianças de até 3 anos de idade e o oferecimento de educação em tempo integral para boa parte dos estudantes das escolas públicas. Além disso, é necessário melhorar a infraestrutura das escolas, aumentar os salários dos trabalhadores na educação, ampliar os programas de gratuidade ativa etc. Mesmo os 10% do PIB seriam insuficientes para cumprir as metas do PNE proposto.

É importante observar que investir 10% em educação é perfeitamente viável do ponto de vista econômico e não fruto do delírio de esquerdistas radicais ou educadores sonhadores. Vejamos. De 2003 a 2010, o PIB brasileiro cresceu cerca de 37% em termos reais. Se o equivalente ao crescimento médio de um único ano tivesse sido concentrado no setor educacional, já teríamos atingido as condições necessárias de financiamento para superar nossos atrasos.

Devemos lembrar que quando se reivindica uma maior participação da educação no PIB, não se está a subtrair alguma coisa dele. Dito de forma mais explícita: a construção civil teria sido aquecida, mas com um maior volume destinado às instalações escolares; a renda média da população também teria crescido, mas com uma maior concentração na forma de aumento salarial dos trabalhadores em educação; o emprego formal também teria aumentado, por contratação de mais professores e educadores; o consumo de papel e material impresso, de energia elétrica, de veículos, de vestimentas, de equipamentos eletrônicos de todos os tipos e de tudo o mais que é produzido no país também teriam crescido, mas mais concentradamente no setor educacional. Portanto, aumentar os investimentos em educação não disputa espaço com o crescimento econômico, ao contrário, incrementa- o e o redireciona para uma área de maior relevância social e econômica.

Um dos graves problemas do Brasil hoje é a sustentação do crescimento da economia, e um dos entraves é o baixo nível de formação da nossa força de trabalho. Como os investimentos em educação têm taxas de retorno (aumento do PIB em relação aos investimentos feitos) muito altas, levam vantagem quando comparados com investimentos em outros setores da economia e se pagariam em poucos anos. Além disso, mais e melhor educação traz ganhos sociais e culturais que poderiam contribuir para superar uma das maiores vergonhas nacionais: a concentração de renda. Mas elevar os investimentos públicos a 10% do PIB choca-se com os interesses capitalistas mais mesquinhos e imediatistas, pois implica em retirar de seu controle uma parte dos recursos, ainda que muito pequena. Esses recursos seriam administrados pelo setor público e, característica típica do setor educacional, com uma margem de democracia e participação, embora ainda insuficientes, muito maiores do que aquela existente na administração empresarial privada. Aí está a fonte das dificuldades que enfrentamos. Portanto, vamos intensificar a luta pelos 10% do PIB para a educação pública, já!

Otaviano Helene é professor do Instituto de Física da USP, ex-presidente da Associação de Docentes da USP e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Mantém o blog http: blogolitica.blogspot.com/



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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Bate papo sobre Educação

Caros(as) Colegas da Educação


Venha participar de um bate-papo sobre educação em Rio das Ostras com a presença do Deputado Estadual Sabino e do Vereador Danilo Funke. Discuta na sua escola as principais reivindicações da nossa categoria. Vamos construir juntos uma pauta para a valorização profissional, política de construção e reforma de escolas, melhoria das condições de trabalho e saúde, eleição direta para diretores, retorno da Coordenadoria Norte Fluminense, municipalização entre outras. Você aposentado também é nosso convidado.


Dia: 20 de agosto de 2011 (Sábado),

Horário: 16h

Local: Sede do SINPRO Macaé e Região

(Sindicato dos Professores da Rede Particular)

Endereço: Alameda Casimiro de Abreu , 292 – 3º andar – Sala 02. Centro/ RO.


Realização: SEPE RIO DAS OSTRAS E SINPRO MACAÉ E REGIÃO

Contatos: Sepe Rio das Ostras e Casimiro - Tel.(22)2764-7730

Sinpro Macaé e Região ( Subsede Rio das Ostras) - Tel.(22)2764-6772



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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Brasil: alto indíce de reprovação é desafio para Ensino Fundamental

Em agosto de 2010, a Unesco desenvolveu, junto com outras entidades representativas do setor educacional brasileiro, uma Carta compromisso pela Garantia do Direito à Educação de Qualidade. Os quatro compromissos destacados no documento fazem parte da proposta do novo Plano Nacional de Educação (PNE), atualmente em discussão no Congresso Nacional.

Embora não se possa negar os avanços, a necessidade de melhora do ensino brasileiro ainda é grande. A própria Unesco destaca que em 10 anos houve uma queda de 14,8% na reprovação nos anos iniciais de estudo no país, uma mudança expressiva. Ainda assim, o país está longe da média mundial de 2,9%, e precisa ampliar - rapidamente - os resultados.

Um dos problemas que também retém o avanço é a cultura da repetência que se mantém no sistema educacional. Embora as melhoras incluam a redução do analfabetismo e a ampliação do acesso à escola, os índices de reprovação e abandono escolar ainda são alarmantes. Dados do INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - reforçam a constatação: em 2010, o índice de reprovação no ensino fundamental ficou em 10,3%; e em 12,5% no nível médio.

Além disso, os índices de aprovação do ensino fundamental mostram discrepâncias internas que ainda não foram alteradas. As regiões Sul e Sudeste têm 90,6% de aprovação, quase 10% a mais que a região Nordeste. Em todo país, cerca de 10,3% dos alunos do ensino fundamental foram reprovados em 2010 e quase a metade deles abandonaram os estudos, deixando clara a relação entre a reprovação e o desestímulo.

Fonte: globo educação


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