quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Sinpro Macaé e Região comemora 22º aniversário com debate sobre a conjuntura e política educacional







No ano do vigésimo segundo aniversário, o Sindicato dos Professores da rede particular de ensino – Sinpro Macaé e Região -- promoverá no Palácio Dr. Claudio Moacyr Azevedo, antiga sede da Câmara dos Vereadores de Macaé, a Solenidade de Aniversário em comemoração aos seus 22 anos de fundação.  A atividade, agendada para esta quinta-feira (01º/12), às 18 horas, também homenageará os professores que fizeram parte desta história.

“Defendemos a educação pública de qualidade para todos os cidadãos. Entretanto, acima de tudo, defendemos a necessidade de o País valorizar o educador, seja ele do setor público ou privado. Parabenizamos os professores e as professoras da rede privada que fazem parte desta história pela consolidação e fortalecimento de sua representação sindical. É uma categoria que sempre esteve à frente das lutas dos trabalhadores”, avalia o presidente do Sinpro  Macaé e Região, Professor Cesar Gomes Araujo. 

Fundado em 04 de novembro de 1994, o Sinpro Macaé e Região é um desmembramento do Sindicato dos Professores de Campos de Goytacazes. Desde então o Sinpro Macaé e Região representa os professores da rede particular da Educação Infantil ao Ensino Superior de Macaé, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Quissamã, Conceição de Macabu, Carapebus,  Silva Jardim e Rio Bonito .

“Nesses 22 anos, foram várias conquistas. Primeiro, conseguimos consolidar o sindicato, filiando, neste último período, mais de 15% da categoria. Além disso, conseguimos grandes avanços nas campanhas salariais”, afirma o presidente do Sinpro Macaé e Região, Cesar Gomes Araujo. O dirigente sindical explica que as negociações no setor da educação básica são realizadas com dois sindicatos patronais e com relação ao Ensino Superior, adjetiva o processo como “difícil tarefa e muita responsabilidade sobre os direitos dos professores”.

Público x privado

Apesar de ser um Sindicato de professores do ensino particular, o Sinpro Macaé e Região tem mantido sua posição firme sobre a defesa da educação pública como um principio do Bem Público e somos contra qualquer tipo de transferência de verba pública para  setor privado. “Somos a favor da escola pública e somos contra a transferência de recursos públicos para o setor privado. Por isso, defendemos no Plano Nacional de Educação a regulamentação do setor privado no Brasil”, afirma ainda o presidente do Sinpro Macaé e Região.

Apesar dos festejos de nossa história, somos sabedores da responsabilidade de continuarmos no compromisso pela defesa da educação e  temos a grata satisfação de convidar Vossa Senhoria para a SOLENIDADE DE COMEMORAÇÃO DOS 22 ANOS DE ANIVERSÁRIO deste sindicato.  Em especial, para participar do debate sobre “Conjuntura e a Política Educacional e os seus impactos na sociedade: PEC241/55 (PEC da “Maldade”), Reforma do Ensino Médio e PL da Escola sem Partido”. Contaremos com a participação na Mesa do Deputado Federal Glauber Braga (Ex-Presidente da Comissão de Educação na Câmara Federal), do Vereador de Macaé  Marcel Silvano e a Professora MS Ivânia Ribeiro (Diretora da Secretaria de Educação e Cultura do Sinpro Macaé e Região).   

Dia:  01º de dezembro de 2016 (quinta-feira)

Horário: 18 às 21 horas 

Local: Palácio Dr. Cláudio Moacyr de Azevedo - Câmara dos Vereadores de Macaé (sede antiga).  Endereço: Av. Rui Barbosa , Centro – Macaé /RJ.

SINDICATO DOS PROFESSORES DE MACAÉ E REGIÃO
www.sinpromacae-regiao.blogspot.com


Diretoria do Sinpro Macaé e Região.

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Senado compactua com crime de lesa-pátria e aprova PEC 55 em primeiro turno



Se do lado de fora do Congresso Nacional, os manifestantes foram recebidos com truculência e bombas de gás lacrimogêneo pela polícia, dentro do prédio, diante de galerias vazias, o Senado compactuou com o crime de lesa-pátria representado pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55. O texto-base da matéria foi aprovado por 61 senadores, contra apenas 14 contrários.

A proposta, que institui o Novo Regime Fiscal, foi apresentada em junho pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e se for aprovada ainda este ano como pretende o governo, terá tramitado em tempo recorde no Congresso, segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).

Os senadores da oposição utilizaram seu tempo de encaminhamento da votação para protestar contra a proibição de que manifestantes pudessem acompanhar os trabalhos no plenário.

“Parece-me que têm medo do povo. Vamos para o referendo, porque ninguém foi eleito com esse programa. Dilma não foi eleita com esse programa, muito menos Temer. Então, vamos para o referendo. Faça-se uma pesquisa isenta e vamos ver quem está a favor. Esse debate deveria se estender mais, devia não ter essa pressa toda”, disse a senadora Regina Sousa (PT-PI).

Para a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) “aprovar uma medida como essa, que mantém intacto os gastos financeiros, ou seja, pagamento de juros e serviços da dívida pública, que consome a metade do Orçamento e cortando somente recursos para a aplicação em infraestrutura e programas sociais, é dessa forma que eles pensam que estão defendendo a população brasileira? Não!”.

Adilson Araújo, presidente da CTB, afirmou que “é lamentável que esse Congresso, mais venal da história do país, esteja a legislar contra a democracia, contra o Estado democrático de direito, e queira por fim a direitos sagrados da nossa tão sofrida classe trabalhadora. Eles pretendem congelar investimentos, querem promover um profundo retrocesso e assim desconstruir a nação”.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que este é um triste dia para o Brasil. “Sou testemunha da violência contra a manifestação, em sua maioria estudantes. O impeachment, a renúncia, a saída do Temer é necessária. Estamos vivendo um estado de exceção”, afirmou Freitas.

Casa do povo

Sobre a repressão policial e as galerias vazias, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). O senador disse que a prática é “a forma de dialogar dos golpistas”. “Isso é um absurdo. Basta a gente circular pelos corredores do Senado, chegar numa das vidraças, para vermos as bombas de gás lacrimogêneo e os cassetetes lá fora. Não é desta forma que se trata o povo”, protestou.

“Retornamos à época da ditadura, em que o parlamento é vetado para o povo. Se por acaso isso é medo de que o povo saiba o que representa essa PEC, não vai adiantar. Os que estão lá fora já sabem e os que estão em suas casas, nos assistindo pela TV, eu digo agora: essa PEC é danosa para o país, vai prejudicar nossas vidas por 20 anos”, destacou a senadora Vanessa Grazziotin. “É uma matéria muito grave para ser decidida, porque vai acabar com os gastos sociais. É isso que este governo ilegítimo não quer que seja propagado.”

Não ao retrocesso!

A PEC 55 ainda precisa ser votada em segundo turno. A Contee conclama as entidades filiadas e toda a categoria que mantenham a mobilização e a denúncia sobre os enormes danos sociais provocados pela proposta.

A Confederação também reafirma o manifesto lançado pelo Comitê Nacional de Luta em Defesa da Educação Pública:

Não à PEC 241 (hoje PEC 55)!

Uma perda de R$ 377 bilhões. Esse é o montante que, segundo estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a educação brasileira teria deixado de receber como investimento caso a Proposta de Emenda à Constituição 241 — ou PEC 55, como foi rebatizada no Senado Federal — tivesse sido aplicada no orçamento público brasileiro desde 2002. E esse é apenas um exemplo do impacto dessa proposta nos investimentos públicos sociais, incluindo as políticas em prol do desenvolvimento e do fortalecimento da educação pública, laica, gratuita, de qualidade social, democrática e inclusiva para nossas crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos.

A PEC 241/16, proposta pelo governo ilegítimo de Michel Temer, quando ainda ocupava o cargo em condição interina, tem como explícito objetivo atender às exigências e expectativas do mercado financeiro, uma vez que, ao congelar despesas, exclui da lista qualquer limitação ao pagamento de juros da dívida pública (responsável por 80% do déficit
 público, conforme apontado pelo Conselho Federal de Economia). A justificativa é, supostamente, resgatar o “grau de investimento” que foi retirado do país pelas agências de risco — as mesmas que contribuíram para a crise mundial eclodida com a bolha imobiliária estadunidense e que já se arrasta há oito anos. Exigimos que seja revogada a alínea b do inciso II do §3º do art. 166 da Constituição Federal (CF), que impede o Congresso Nacional de alterar o montante destinado pelo Poder Executivo para o pagamento do serviço da dívida – um privilégio absolutamente inaceitável. Além disso, e mais gravemente, esse dispositivo espúrio foi inserido na CF de forma fraudulenta, sem que tivesse sido votado.

Em contrapartida, assegurados os juros que engordam os bolsos de banqueiros e rentistas, a PEC 55 estabelece um teto para o gasto público, que terá como limite a despesa do ano anterior corrigida apenas pela inflação (IPCA), sendo que a Constituição Federal de 1988 prevê que, no caso da educação, o investimento da União seja de 18% da arrecadação e de 25% pelos estados, Distrito Federal e municípios.

Ao se disfarçar de pretensa austeridade sob o argumento de que o país necessita dela para contornar a crise econômica, o que o texto faz é, na verdade, inviabilizar as políticas sociais em todas as áreas, incluindo saúde — provocando um desmonte completo do Sistema Único de Saúde (SUS) —, segurança pública, assistência social, valorização dos trabalhadores e trabalhadoras, Previdência e, é claro, educação.

Em outras palavras, com vigência de até 20 anos — o tempo equivalente a nada menos do que cinco governos —, a matéria, se aprovada, torna inexequível a própria atuação do Estado brasileiro nos setores públicos essenciais para garantir direitos assegurados na Constituição. Ao invés de propor a alteração do modelo tributário, o governo golpista aplica um programa não eleito e opta por traçar um falso diagnóstico e que promoverá um desmonte das políticas sociais, dentre elas as políticas educacionais, penalizando sobretudo os mais pobres e acentuando ainda mais as desigualdades no Brasil. A mudança da Constituição Federal é um golpe contra a democracia, ao impedir os brasileiros de decidir democraticamente, por duas décadas, qual deve ser a presença do Estado nas áreas sociais.

A despeito de toda a argumentação enganosa do Executivo e de sua base no Legislativo, na defesa de que a PEC não afeta a saúde e a educação, o único motivo pelo qual essa suposta “contenção de gastos” por um prazo tão longo está sendo feita através de emenda constitucional, e não na própria lei orçamentária, é precisamente a suspensão das vinculações constitucionais vigentes — que determinam patamares mínimos de investimentos nesses setores —, eliminando quase irreversivelmente os avanços conquistados pela Constituinte, o que implicará a precarização e o aumento quase certo da privatização dos serviços públicos, atendendo aos interesses de vários grupos representados no Legislativo e no governo.

No caso específico das políticas educacionais, a aprovação da PEC 55 significará comprometer por completo as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) aprovado e sancionado em 2014 e que prevê a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no setor. Em se mantendo os efeitos da PEC 55, pode-se deduzir, a partir das projeções feitas pelo documento “Impactos do Novo Regime Fiscal”, produzido em agosto de 2016 pela Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, que o investimento em educação irá declinar para 5,5% do PIB em uma década; e será progressivamente reduzido até chegar a 4,5% do PIB, ao final de 20 anos. Ou seja: é não apenas a morte do PNE e de todo o esforço da sociedade civil para garantir sua aprovação, como, pior ainda, um imenso retrocesso, retornando-se aos níveis de investimento em educação praticados na década de 1990.

O que o governo golpista propõe na prática, com a PEC 55, agora no Senado Federal, é a destruição total de todas as conquistas sociais da população brasileira desde a redemocratização. Por isso, nós, entidades reunidas no Comitê Nacional de Luta em Defesa da Educação Pública, registramos nosso posicionamento contrário à PEC 55, por vermos nela uma perda imensurável para o Brasil e o povo brasileiro, que será privado de seus direitos constitucionais básicos. Pelo desmonte que essa medida acarretará na educação, na saúde e em todas as políticas sociais, dizemos NÃO a essa Proposta de Emenda à Constituição e ao governo usurpador que a impõe.

Da redação, com informações do Portal Vermelho e da Rede Brasil Atual


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[Vídeos] Ato contra a "PEC da Morte" reúne trabalhadores de todo o país em Brasília



Um vídeo sobre toda a movimentação nas Centrais Sindicais no dia da aprovação da PEC da Morte!

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Os entraves do EJA



Para a pesquisadora Maria Clara Di Pierro, as políticas para a educação de adultos sempre tiveram um papel coadjuvante no País

Dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) revelaram que a alfabetização de jovens e adultos ainda permanece um entrave: o maior índice de analfabetos no Brasil concentra-se justamente na população com 40 anos ou mais. Pesquisadora com atuação na área de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e professora da Faculdade de Educação da USP, Maria Clara Di Pierro conversou com Carta Educação sobre o assunto.


Carta Educação: O maior índice de analfabetos é o grupo de pessoas com 40 anos ou mais, 37,6%. Como a senhora analisa esse quadro?

Maria Clara Di Pierro: A queda do analfabetismo ao longo da história do Brasil republicano corresponde à expansão do sistema educacional e da alfabetização e elevação da escolaridade da população na infância e na juventude.

As políticas para a educação de adultos sempre tiveram um papel coadjuvante. Os dados apenas refletem que, aos poucos, as novas gerações mais escolarizadas vão tomando o lugar das velhas, por isso o analfabetismo cai. Então, trata-se de uma combinação de fenômenos demográficos e educativos.

CE: O que impede o Brasil avançar nessa faixa etária?

Maria Clara Di Pierro: Motivar o adulto a participar de programas formativos demanda esforço e vontade da política pública, além de uma enorme flexibilização nas formas de oferta. Como o analfabetismo e a baixa escolaridade estão associados a outros processos de exclusão social, essa política educacional é altamente dependente de políticas intersetoriais. O problema é que as políticas de EJA pecam pelos três lados.

Os governos não fazem uma ação convocatória e não se trabalha a questão cultural de quebrar os preconceitos, de incentivar as pessoas a participar e difundir a ideia de que qualquer tempo é tempo de aprender. As políticas também continuam com um modelo escolar concebido para o contexto da criança e do adolescente, que está se mostrando falido.

E as políticas de alfabetização de jovens e adultos têm uma baixíssima articulação com políticas sociais e econômicas, que poderiam engajar o sujeito em processos de mudança que gerassem a motivação.

CE: Como estão hoje os investimentos em EJA?

MP: O fator de ponderação atribuído à EJA no Fundeb é menor do que aquele realizado nas outras etapas e modalidades da Educação Básica, e os programas de alfabetização de adultos também realizam um investimento ínfimo por aluno. O investimento pedagógico é reduzido e de baixa qualidade, não há formação específica de professores e pouca oferta de material didático e de leitura.

Estamos apegados a um modelo de suplência, que é a tentativa de reproduzir a escola da criança para o adulto, um equívoco pedagógico. Temos uma escola para adultos para metrada pela Educação Infantil e que dá uma resposta curricular e administrativa equivocada para os que se motivam.


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terça-feira, 29 de novembro de 2016

A PEC 241 e as suas principais falácias



Um guia didático para entender, enfim, a PEC do limite de gastos, e nove erros embutidos no discurso de seus defensores


Falácia 1: A PEC 241 reduz os gastos com educação, saúde, salário mínimo, infraestrutura etc.

Correção 1: Ela não reduz gastos de imediato, mas limita o aumento no futuro. Deste modo, não resolve nada em curto prazo e não terá grandes efeitos sobre a crise econômica, apesar de garantir expectativas de solvência.

Como o PIB voltará a crescer em algum momento, com o limite de gastos, o Estado se contrairá necessariamente, e isso independe dos fatos e das políticas que se queira adotar.

Não se sabe quantas pessoas nascerão, quantas ficarão doentes etc. Com o aumento da expectativa de vida, certamente haverá aumento populacional e, portanto, mais gastos serão necessários. A despesa per capta com educação, que já é pequena, ficará muito menor.

A PEC engessará as políticas públicas, desacelerará o progresso socioeconômico, pois reduzirá gastos sociais e investimentos.

O Brasil precisa reformar as instituições e as políticas que pressionam o gasto, e não passar uma régua rígida sobre eles de forma açodada, que não resolverá os graves problemas do País.

Haverá descumprimento da regra da PEC ou desarrumação ainda maior das instituições e políticas para se adequarem a ela sem propostas avançadas e sem um contexto social propício. 

Falácia 2: Foram as despesas primárias que geraram o déficit fiscal.

Correção 2: Os juros nominais pagos devem girar em torno de 418 bilhões este ano. Apesar de o governo Temer vir se esforçando para aumentar o déficit fiscal, fazendo jantares milionários para convencer políticos a votarem a favor da PEC, ele não deve chegar a metade do gasto com juros. 

Se o objetivo do governo fosse reduzir despesas, não estaria aumentando o déficit de forma estrondosa mês a mês. A previsão no governo Dilma era de 97 bilhões reais e passou a 170,5 bilhões de reais com 1 mês de governo Temer, sendo que, até agosto, já haviam sido gastos 172 bilhões de reais, restando ainda 4 meses para o fechamento do ano.

O gasto de 2016 passará dos 200 bilhões de reais por conta de altos investimentos feitos para obter o impeachment e as reformas que se tenta agora realizar sem suficiente debate, como é o caso da PEC 241. 

Não há qualquer dúvida sobre ser esse o grande desequilíbrio brasileiro e uma distorção enorme em relação aos demais países.

Apenas se pode crer que a PEC é encomendada por rentistas, grandes instituições financeiras e empresários muito ricos, que fazem um lobby forte, com uso das práticas já conhecidas no Brasil.

Depois dos juros, a segunda maior despesa é com a Previdência, que precisa realmente ser reformada e não está contemplada pela PEC.

A questão sempre é: qual reforma? Não se fala numa reforma estrutural, que abarque também o péssimo financiamento da Previdência. O governo atual nem cogita de fazer os mais ricos pagarem mais, apesar de estar completamente provado que eles pagam pouquíssimos tributos no Brasil. 

Falácia 3: As despesas explodiram por conta do governo do PT.

Correção 3: As despesas primárias tiveram crescimento mais ou menos constante nos últimos 15 anos, ou seja, desde o governo FHC, mas explodiu este ano quando Temer assumiu.

As despesas cresceram de forma real na média de 4,2% ao ano nos últimos 15 anos, mas o governo Temer, que usa números distorcidos, por exemplo, pelas desonerações fiscais e pelo desfazimento das pedaladas fiscais, que não são efetivamente despesas, alega que o número seria 6,2%. 

Falácia 4: O aumento constante de despesas gerou o déficit fiscal de agora.

Correção 4: Déficits são gerados por despesas superarem as receitas. Se as despesas aumentaram de forma constante, o problema maior está do outro lado, ou seja, as receitas caíram muito por conta da grave crise econômica, que derrubou a arrecadação tributária.

Se as despesas fossem menores, o déficit poderia não existir ou seria menor. Deve-se atacar as despesas maiores, sendo absurdo culpar gastos sociais, aumentos de salário mínimo e investimentos em infraestrutura, cujos valores, mesmo que somados, são menores do que os gastos com juros. 

Ao mesmo tempo, é preciso reorganizar a tributação, para que o poder de renda do mais pobre seja aumentado, gerando imediatamente aumento da demanda agregada, que está baixíssima. É preciso tributar mais os ricos e menos os pobres, o que beneficiará indiretamente os ricos, que venderão mais.

É assim que se monta um ecossistema econômico saudável que beneficie a todos. A visão “curto prazista” da elite brasileira prejudica a ela mesma.

Falácia 5: O descontrole nos gastos levou à crise econômica.

Correção 5: Um conjunto complexo de causas gerou a crise brasileira, sendo a quantidade de gastos, provavelmente, a menos importante. O problema é a qualidade.

A maioria dos países ainda não se recuperou totalmente da crise de 2007-2009, e isso é bem analisado no livro, festejado hoje no mundo, Rethinking Capitalism: Economics and Policy for Sustainable and Inclusive Growth, editado por Michael Jacobs e Mariana Mazzucato.

Segundo os textos desse livro, inclusive de Joseph Stiglitz, vencedor do Prêmio Nobel de Economia, o conhecimento da Ciência Econômica tradicional foi insuficiente para permitir que os economistas previssem a crise, assim como vem sendo insuficiente para que eles consigam recuperar os seus países.

Uma das principais críticas é direcionada à austeridade fiscal, sobretudo àquela que ataca gastos sociais e investimentos, exatamente o caso da regra da PEC, uma péssima medida, dentre as várias possíveis. 

Falácia 6: Sem a regra da PEC 241, as despesas não pararão de crescer.

Correção 6: Para as despesas pararem de crescer, é preciso reduzir os juros e reformar a previdência. A regra da PEC não é necessária e não é adequada, pois há medidas melhores do que ela, como, por exemplo, o estabelecimento de um limite vinculado à taxa média do PIB de longo prazo, algo já proposto em texto publicado aqui na CartaCapital.

Além de desnecessária e inadequada, a PEC causará mais custos do que benefícios, de modo que ela não passa em nenhum dos critérios de validade da política pública. 

Falácia 7: Sem a PEC, o déficit fiscal vai aumentar e a economia não se recuperará.

Correção 7: A redução de despesas independe da aprovação da PEC. Além disso, o endividamento privado é atualmente mais grave do que o endividamento público, como lembra o economista Felipe Rezende.

O problema do Brasil é que a desarrumação institucional (política, tributária, previdenciária, administrativa etc.) trava a economia, endividando o setor privado e fazendo despencar a arrecadação. Com receitas menores, gera-se o déficit fiscal.

Com uma redução gradual dos juros em conjunto com o fim da isenção dos dividendos, a reforma da tabela progressiva do Imposto de Renda para os mais ricos e a criação de um Imposto sobre o Valor Agregado (IVA) para substituir PIS, Cofins, IPI, ICMS, ISS e contribuição previdenciária sobre a receita da empresa, seria gerado superávit ao mesmo tempo em que se corrigiria falhas graves da economia brasileira.

Falácia 8: A redução dos juros depende da aprovação da PEC 241.

Correção 8: Não há relação. Os juros reais brasileiros são enormes e a demanda agregada está muito baixa. O investimento em títulos da dívida pública brasileira é um baita investimento e não seria a redução gradual de juros até chegar em 2% dentro de 1 ano o que tiraria muito dinheiro do Brasil.

Por sinal, o País precisa de mais capital produtivo, e não capital rentista, que nada produz e apenas quer ganhar com juros altos.

Falácia 9: A recuperação da economia depende da PEC 241.

Correção 9: A recuperação depende de corrigir os graves desequilíbrios brasileiros. É uma bobagem acreditar que, após a PEC, eles serão corrigidos para que a regra seja descumprida. 

Esses graves desequilíbrios exigem reformas profundas, que requerem muito conhecimento, debate e algum tempo. A PEC não terá qualquer efeito positivo sobre demanda e oferta, mas apenas sobre as expectativas dos rentistas.

*Marcos de Aguiar Villas-Bôas, doutor pela PUC-SP, mestre pela UFBA, é conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda e pesquisador independente na Harvard Law School e no Massachusetts Institute of Technology




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