Pesquisadores da Universidade Federal de Tocantins (UFT) desenvolveram um aplicativo capaz de traduzir
palavras escritas nas línguas dos povos Xerente e Apinajé para o
português. O “Traduzíndio” foi lançado esta semana durante os Jogos
Mundiais do Povos Indígenas em Palmas (TO).
A ideia surgiu quando
o professor George de Brito sentiu a dificuldade de muitos dos alunos
indígenas de se comunicarem em português. “Nós temos um número
considerável de indígenas na universidade e a ideia era criar um sistema
que auxiliasse na comunicação destes alunos. Fizemos um sistema web no começo e logo depois pensamos numa versão mobile para que outras pessoas, além dos alunos, também tivessem acesso”, explica.
O
Tocantins é território de sete etnias que falam quatro línguas
diferentes (apinajé, xerente, carajá e krahô) e duas delas (apinajé e
xerente) estão no Traduzíndio, pois têm documentação, vocabulário e
dicionário. O povo Xerente tem atualmente uma população de quase 1,8 mil
pessoas distribuídas em 33 aldeias. Os apinajé têm população de cerca
de 1.100 pessoas que habitam 14 aldeias.
Alunos
das duas etnias ajudaram a desenvolver o Traduzíndio e validaram a
tradução palavra por palavra. Eles também visitaram as aldeias para
ouvir a opinião dos indígenas sobre o aplicativo.
O aplicativo
abrange 5.504 palavras da língua apinajé e 3.692 do xerente. Além da
tradução, a ferramenta apresenta a cultura das duas etnias e uma breve
apresentação do projeto.
Uma equipe já trabalha na ampliação e
aprimoramento da ferramenta que, em breve, deve trazer ainda as línguas
carajá e krahô . “Queremos também ter os verbetes disponíveis em áudio e
acrescentar uma linha do tempo interativo sobre a chegada das etnias no
Tocantins e com informações sobre os dias atuais”, diz o professor
Brito.
O universitário Felipe Tkibumrã, da etnia Xerente, foi um
dos alunos que ajudou na validação dos verbetes do aplicativo. Ele conta
que todos na aldeia gostaram da ideia. “A tecnologia veio para nos
ajudar. A gente não pode esquecer da nossa língua e o aplicativo também
serve como conservação dela. Também é interessante para que outras
pessoas conheçam um pouco da nossa cultura”.
Fonte: portal EBC
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