Segundo coordenador, proposta de
Temer visa a privilegiar o setor privado, num processo de desmonte
similar ao ocorrido no sistema público de ensino
São Paulo – Para o coordenador de relações sindicais do Dieese,
Fausto Augusto Júnior, a proposta de reforma da Previdência encaminhada
ao Congresso Nacional pelo governo Temer é um "absurdo" e faz parte de
um processo de desconstrução do sistema previdenciário como o
conhecemos.
"De um ponto de vista bem objetivo, estamos
falando que vamos deixar em torno de 70% da população fora do sistema
previdenciário. Mais grave do que isso é que é uma proposta para a
desconstrução do setor da Previdência pública, no Brasil", afirmou
Fastou, em entrevista nos estúdios do Seu Jornal, da TVT, na edição de ontem (14).
Segundo ele, com as dificuldades de acesso aos benefícios previdenciários criadas
pelas novas regras, a tendência é que aqueles que puderem migrar para a
previdência privada deverão fazê-lo, em especial a classe média, o que
fragiliza ainda mais o sistema.
"A aposta do governo, com essa reforma,
de fato, não é diminuir o gasto com a previdência propriamente dito,
como foi anunciado. A proposta deles é um processo acelerado de
privatização", ressalta o coordenador do Dieese.
Para ele, a tendência é que o sistema público da Previdência se
pareça, cada vez mais, como uma política social, e não um direito, e
compara ao programa Bolsa Família. "(Vai virar) um programa
social que vai dar uma renda mínima para um conjunto muito pequeno da
população mais pobre. Os demais deverão ir para previdência privada.
Essa é a proposta."
Ele compara o processo de desmonte da Previdência com o ocorrido no
sistema público de ensino, que também foi fragilizado, o que obrigou a
classe média a buscar alternativas no setor privado, colaborando para
sucateamento ainda grave do sistema público, num círculo vicioso.
Mais grave ainda, segundo Fausto Augusto, é desvincular o reajuste
das aposentadorias do salário mínimo. Ele lembra que a redução das
desigualdades sociais e regionais só foram possíveis graças, em grande
medida, à política de valorização do salário mínimo adotada nos últimos
anos que, através da Previdência, impactava em todas as regiões do
Brasil, em especial nos rincões mais pobres do interior.
FONTE: por Redação RBA
publicado
15/12/2016 09:56,
última modificação
15/12/2016 10:23
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