quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Desvalorização da Petrobras atende demanda de países ricos

Por Pedro Bocca*

A crise econômica iniciada em 2008 alterou o cenário econômico e geopolítico mundial. Por um lado, a recessão nos países mais ricos – especialmente Estados Unidos e membros da União Europeia – propiciou condições para que países em desenvolvimento como Índia, Brasil, Rússia e, principalmente, China se consolidassem como importantes economias mundiais. Por outro lado, reaqueceu a busca por recursos naturais, sempre fundamentais para a recuperação econômica em momentos de crise. Os combustíveis fósseis, gás natural e petróleo, são ainda mais importantes neste momento.

Os conflitos internacionais gerados pelas potências nos últimos anos têm em comum duas características: envolveram países não necessariamente aliados dos EUA e União Europeia, e são parte da disputa por petróleo e gás natural. A invasão da Líbia (9ª maior reserva de petróleo do mundo), o conflito gerado na Ucrânia (envolvendo reservas de gás natural), a guerra civil forjada na Síria (país aliado da Rússia, que possui controle de gasodutos no Oriente Médio) e a crise político-econômica na Venezuela (maior reserva de petróleo do mundo, e um dos dez maiores produtores) não podem ser entendidas sem este pano de fundo.

Não é coincidência, portanto, que o grande avanço da mídia e da direita no Brasil tenha ocorrido justamente no tema do petróleo. A Petrobras, a partir das denúncias de corrupção, sofre uma intensa campanha de desmoralização que tem como alternativa sua privatização. A privatização da Petrobrás garantiria que suas ações estratégicas (como a exploração do pré-sal, que levou o Brasil a possuir uma das maiores reservas de petróleo do mundo) não dependessem mais dos interesses nacionais, mas sim dos interesses do mercado. E ninguém domina mais os interesses do mercado do que os países ricos.

Prova disto é a queda forjada no preço dos barris de petróleo. O petróleo é tratado no mercado internacional como uma commodity, ou seja, um produto natural cujo preço de exportação é o mesmo para qualquer comprador, independente de sua origem. E quem dita este preço? O mercado.

Em setembro de 2014, o preço do barril de petróleo no mercado internacional era de US$ 95,89. Em agosto de 2015, fechou o mês abaixo dos US$ 40. Uma queda de quase 60%, que afetou drasticamente a economia de países produtores de petróleo e derivados, como a Rússia, a Venezuela e, no longo prazo, o Brasil.

A questão do petróleo envolve muito mais do que a gasolina que alimenta nossos veículos diariamente. Está profundamente envolvida com a soberania nacional, com a capacidade econômica (e política) dos países e é o principal eixo de disputa geopolítica mundial. Entregar a Petrobras para o mercado causaria efeitos desastrosos. Mantê-la nas mãos do Estado e do povo brasileiro é uma das principais ferramentas que temos para melhorar a posição de nosso país no mundo.

*Pedro Bocca é graduado em Relações Internacionais pela Unesp e mestre em Ciência Política na PUC-SP.
Fonte: Brasil de fato

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