Levantamento preliminar do Dieese para 102 acordos fechados no período mostra uma piora nas negociações
Quase a metade das negociações salariais fechadas em todo o País no primeiro trimestre deste ano nos setores de
indústria, comércio e serviços teve reajuste abaixo da inflação. Essa piora foi detectada por um levantamento preliminar feito pelo
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Das 102 negociações fechadas entre janeiro e março, 49% obtiveram reajustes abaixo da inflação apurada pelo Índice Nacional de Preços
ao Consumidor (INPC) e a maioria registrou queda real de até 1% nos salários negociados em acordos coletivos.
Em janeiro do ano passado, observa o técnico do Dieese, Luis Ribeiro, a fatia de categorias com reajustes abaixo da inflação estava em
42%, subiu para 47,7% em janeiro deste ano, recuo para 30,8% em fevereiro e atingiu 62,5% em março.
No primeiro trimestre de 2015, a fatia de dissídios que ficou abaixo da inflação era bem menor em relação a este ano: em janeiro estava
em 1,1%; fevereiro, 9,1% e março 10%. O técnico pondera que os dados deste ano são ainda preliminares e podem mudar, pois muitas
categorias não fecharam acordos. De toda forma, a piora é nítida.
Inflação. “Esse avanço do número de negociações com queda real nos reajustes está relacionado como aumento da inflação”, explica
Ribeiro. O INPC acumulado em 12 meses até janeiro foi de 11,28%, em fevereiro atingiu 11,31% e em março desacelerou para 11,08%. Já
em abril houve um nova desaceleração do INPC, que acumulou alta de 9,91% em 12 meses.
Os 51% restantes das negociações concluídas no primeiro trimestre, 27,5% tiveram aumentos iguais à inflação e 23,5% reajustes acima da
inflação, aponta o levantamento do Dieese.
Apesar do aumento do desemprego, o técnico acredita que nos próximos meses as negociações salariais serão mais favoráveis aos
trabalhadores por causa da perda de fôlego da inflação. Segundo Ribeiro, a desaceleração da inflação conta mais do que o desemprego
elevado na hora de negociar. E a tendência é que essa fatia de dissídios com reajustes abaixo da inflação diminua nos próximos meses,
mesmo com a economia andando em marcha lenta.
49% dos dissídios tiveram reajuste
abaixo da inflação no 1º trimestre.
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