sexta-feira, 1 de julho de 2016

Um sim à docência

Diferentes profissionais deixam as áreas de atuação pela vontade de lecionar


Dados do Censo da Educação Superior mostram que as matrículas em carreiras ligadas à docência no país não evoluem no mesmo ritmo que as dos demais cursos. De 2011 para 2012, o número de inscritos no conjunto das graduações cresceu 4,4% e, nas Licenciaturas, aumentou apenas 0,8%. Estudos revelam também que a profissão não está entre as mais atrativas para os jovens e que poucos querem ir para a área. Há, no entanto, um grande número de pessoas que, depois de já ter ingressado no mercado de trabalho, chega aos bancos das universidades em busca de um objetivo: ser professor. 

Ao observar uma sala de aula de Pedagogia ou Licenciatura, é comum encontrar alunos um pouco mais velhos. De acordo com o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2011, a idade média de conclusão do curso de Pedagogia é de 33,4 anos. Apenas 19% dos concluintes têm até 24 anos, 21% estão na faixa dos 25 aos 29, 19% na de 30 e 34 e 40% têm 35 ou mais. Parte dessas pessoas já leciona e está em busca de um diploma, mas muitas ainda estão iniciando a carreira. "O ingresso tardio nos cursos para a docência constitui a regra antes que a exceção", comenta Bernardete Gatti, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas (FCC), no estudo Professores do Brasil: Impasses e Desafios, da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). 


As razões que levam esses profissionais a procurar a docência já mais maduros variam. Há quem cresceu em condições menos favoráveis e começou a trabalhar cedo em empregos que exigiam só o Ensino Médio, deixando para a frente o sonho do diploma universitário. "Muitos alunos, em especial nas universidades particulares, vêm da escola pública e começaram a trabalhar cedo", comenta Juliano Custódio Sobrinho, professor de História na Universidade Nove de Julho (Uninove). Existem também pessoas que puderam escolher, optaram por outras graduações e, já no mercado de trabalho, quiseram mudar. 


Fernanda Assis Campos, 37 anos, mora em São Paulo e é um exemplo. Formada em Administração de Empresas e pós-graduada em Finanças, ela fez carreira em bancos e fundos de investimentos e tinha uma vida típica dos profissionais da área, com muitas horas de dedicação ao trabalho e reconhecimento. Quando os filhos nasceram, parou de trabalhar por um período e passou a acompanhá- los. "Comecei a me dedicar a eles e a me encantar pelo desenvolvimento humano. Foi ficando claro para mim que o país exige um olhar atento à Educação e que há muito por fazer." A administradora já se questionava sobre a profissão e decidiu arriscar. Não voltou para a área antiga, prestou vestibular e, em 2012, ingressou no Instituto Singularidades para cursar Pedagogia.

A mudança foi radical: voltar à sala de aula mais de dez anos depois de formada, sair de uma carreira consolidada e recomeçar. "O fato de gostar muito da área faz essas diferenças serem prazerosas e ajuda a ter paciência e a entender que é um recomeço", diz ela, que fez estágio desde o começo do curso, passando por escolas públicas e particulares. "As pessoas às vezes estranham minha escolha, mas depois aceitam", diz. 

Este ano, a administradora iniciou um estágio no Colégio Mão Amiga, escola gratuita mantida por uma ONG em Itapecerica da Serra, região metropolitana de São Paulo. "Hoje acompanho as aulas de crianças de 8 e 9 anos. As atividades que faço em sala estão sendo utilizadas em meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), sobre o uso de jogos no Ensino Fundamental." 


A volta à universidade trouxe experiências importantes. "Sempre gostei de estudar, e vejo no curso uma preocupação real com a formação", comenta. A relação com os colegas também tem sido bastante positiva. "Eu trago a minha experiência de vida e as meninas mais novas me dão informações do mundo de hoje, das novas tecnologias. É uma boa troca." 


Fernanda sabe que o salário não será equivalente ao anterior, mas está segura da decisão. "Tenho consciência de que vou ganhar menos, mas meu marido me ajuda e vamos tentar cortar gastos. Em contrapartida, conseguirei acompanhar meus filhos mais de perto e contribuir de verdade com a formação de muitas crianças."





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