Publicado originalmente no Jornal do Brasil
Ana Karina Brenner *, Bruno Deusdará **, Guilherme Leite Gonçalves *** e Lia Rocha ***
A universidade moderna nasceu de um projeto destinado a desenvolver
as qualidades humanas e a cultura por meio de um programa de formação,
que combinava ensino e pesquisa com base no conhecimento científico.
Esse projeto, no entanto, tinha um vício de origem: era inacessível às
classes populares; servia apenas à reprodução das elites. Sofria, assim,
de um mal-estar que, dentre outras, produziu as revoltas estudantis de
1968. A partir desse momento, as políticas universitárias se voltaram
para articular formação e inclusão social, conhecimento científico e
igualdade.
A UERJ é resultado de um amadurecimento histórico dessa nova
universidade. Criada em 1950, destaca-se pelo pioneirismo: primeira
universidade pública do Brasil a oferecer ensino superior noturno,
permitindo a qualificação dos trabalhadores; segunda instituição
universitária a possuir um hospital das clínicas voltado para o ensino;
primeira a implantar o sistema de cotas para negros, indígenas e
estudantes oriundos de escolas públicas.
Nos últimos 10 anos, o número de cursos de doutorado quase dobrou,
passando de 23 para 43. Em 2016, a UERJ possuía 26.767 estudantes
presenciais, dos quais 9.900 cotistas e ainda 7.266 alunos de Educação à
Distância. Além do Hospital Universitário Pedro Ernesto e da
Policlínica Piquet Carneiro, ela conta com 714 projetos, 253 cursos e 34
programas de extensão, que levam à sociedade conhecimento e tecnologias
de ponta, envolvendo cerca de 3 milhões de pessoas, entre
profissionais, estudantes e comunidade atendida.
Nos últimos anos, a UERJ conquistou o regime de trabalho de Dedicação
Exclusiva, assegurando um plano de carreira com capacidade de atrair os
melhores quadros acadêmicos. Tal regime é estruturante da carreira
docente, garantidor da qualidade da pesquisa, do compromisso com a
formação de estudantes e pesquisadores, e do desenvolvimento tecnológico
a partir da fixação de docentes em uma única instituição.
Hoje, no entanto, todo esse patrimônio corre risco.
Ciência, formação e igualdade social não fazem parte da agenda do
PMDB. A Universidade lhe é estranha. Em seu programa para o Brasil, “Uma
ponte para o futuro”, ela é tratada tão somente como encargo ou
despesa, desconsiderando sua importância como investimento na construção
e preservação do patrimônio científico e tecnológico de uma nação. Ao
assim concebê-la, atribui à educação superior a responsabilidade de
produzir desajuste fiscal quando é, na verdade, potencial de
desenvolvimento econômico e de geração de emprego. Mas, então, qual é o
projeto do PMDB para a Universidade?
Desde o golpe parlamentar, em 2016, o Governo Temer tem realizado
significativos cortes em políticas sociais, entre elas o ensino
superior. Só o MEC sofreu corte de R$ 4,3 bilhões. Asim, 15% dos gastos
de custeio e 40% das despesas de capital, aprovados pelo Congresso para
as universidades federais, ficaram congelados. No Rio de Janeiro ocorre
fato semelhante. Para dar apenas um exemplo, no final de 2016, o Governo
Pezão reduziu o orçamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de
Janeiro em mais de 30%.
Em agosto de 2017, professores e servidores técnico-administrativos
da UERJ encontram-se com quatro meses de salários atrasados(mesma
situação das outras universidades estaduais UEZO e UENF). Também
atrasadas estão as bolsas de estudantes e residentes. O confisco de
salários e bolsas é um confisco do orçamento da universidade, e mina as
condições de reprodução das forças necessárias ao trabalho e à
continuidade do patrimônio intelectual, científico e democrático
adquirido ao longo das décadas. Um exemplo dos efeitos nefastos dessa
crise é a saída forçada de alguns docentes do regime de dedicação
exclusiva. Obrigados a acumular atividades paralelas, muitos desses
profissionais não retornarão ao regimede DE após esse período.
O resultado da política universitária de Pezão e Temer, cujo não
pagamento dos salários da UERJ é a expressão mais vil, são vários:
evasão de estudantes, fuga de cérebros, destruição da pesquisa de ponta,
eliminação do legado intelectual, extermínio da formação e da cultura.
Em outras palavras, a depredação do resultado de décadas de investimento
material e humano.
Nós, da Universidade, entendemos todavia que docência, pesquisa,
cultura e formação se relacionam com o futuro. Nossa resistência é a
garantia de que o projeto de universidade pública, de qualidade,
gratuita, cada vez mais plural e inclusiva, permaneça. UERJ Resiste!
* Professora da Faculdade de Educação da UERJ,
** Professor do Instituto de Letras da UERJ,
*** Professor da Faculdade de Direito da UERJ,
**** Professora do Instituto de Ciências Sociais da UERJ e Presidente da ASDUERJ
Diretoria do Sinpro
Macaé e Região
SEDE MACAÉ
Endereço: Rua
Teixeira de Gouveia, nº 1169 sala110
Bairro: Centro –
Macaé - RJ - CEP: 27.910-110
Tel.: (22)
2772-3154
Horário de Funcionamento: 9h às 18h ( Intervalo 13h às 14h)
Email: contato.sinpromacaeregiao@gmail.com
Direção: sinpromacae.regiao@gmail.com
Jurídico: juridico.sinpromacae@gmail.com
Homologação:homologacao.sinpromacae@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário